Artistas

Ver índice de artistas

Divulgação

Instalação "Ergo Sum", no Museo El Eco, no México (Divulgação)

Erick Beltrán

Nasceu em 1974, na Cidade do México.
Vive e trabalha em Barcelona.

Analfabeto. Foi desta maneira que o artista mexicano Erick Beltrán se sentiu em 2001, na Síria. A viagem ao país do Oriente Médio, mais que uma imersão num mundo de sons incompreensíveis, foi o contato com signos estranhos. O desconhecimento do significado que as letras do alfabeto árabe carregavam fez Beltrán olhar mais atentamente à forma dos diagramas. O artista logo exploraria sua condição analfabeta em relação ao chinês e ao cirílico russo. Nascia o projeto "ANALPHABET", que Beltrán desenvolveria mais tarde no Stedelijk Museum de Amsterdã, na Holanda.

Beltrán participou de projetos e mostras em vários países, como Estados Unidos, França e República Tcheca. Já produziu para a Fundació Antoni Tapiès, em Barcelona, e expôs no Malba, em Buenos Aires, e no Centro Galego de Arte Contemporáneo, de Santiago de Compostela, na Espanha. O artista é formado em artes pela Universidade Nacional do México.

Pintor, desenhista e interventor, Beltrán dispensa este e outros rótulos: "A pintura me seduz, mas eu vejo a pintura ou a gravura como meios de um processo quase científico", afirma. Para ele, a obra não é o suporte, mas o projeto final, o resultado, que pode ser composto por várias linguagens.

Para a 28ª Bienal de São Paulo, Beltrán resgatou uma utopia dos antigos iluministas franceses –-colocar todo o conhecimento do mundo num livro, numa enciclopédia. "O Mundo Explicado" é o título do projeto, que organiza em verbetes "o conhecimento não especializado" sobre animais, arquitetura, comida e sexo. Leia-se neste caso aquilo que achamos que é e que por isso pode vir a ser. "Creio que há duas maneiras para se explicar o mundo: a científica e a empírica. Esse projeto quer explicar por uma terceira via. Se você perguntar a alguém o que há no sangue, vão responder: oxigênio. Agora se eu perguntar como esse oxigênio é carregado, as pessoas nem sempre vão saber com certeza e vão responder a partir do conhecimento e da prática que têm", explica Beltrán. Esse é o conhecimento não especializado. "É como se fosse um manual para um extraterrestre entender a Terra", simplifica.

Instalado por alguns meses no Edifício Lutetia, na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, Beltrán comanda a equipe de entrevistadores que coleta o conhecimento não especializado do mundo. Eles vão às ruas e não dispensam entrevistados, sejam lixeiros ou doutores, afinal todos são ignorantes em algum aspecto do conhecimento, assegura o artista. A enciclopédia está sempre aberta. Na Bienal, os visitantes podem eles também contribuir. Em troca, recebem um impresso com seu verbete, devidamente desenhado, no melhor estilo enciclopédico.

"Quero mostrar que o processo de criação da verdade é um processo praticamente industrial. A verdade é um conceito social que implica a idéia de estruturas industriais. É tudo um grande cenário e um maquinário para validar as coisas. No momento em que uma pessoa vê sua informação ser tomada por uma indústria, existe aí uma construção da verdade", diz Beltrán. "O real é sempre uma negociação."

Questionado sobre o papel que a palavra ocupa em sua arte, Beltrán responde: "Alguém me disse que eu utilizo as palavras como imagens e as imagens como palavras. Eu acho que é isso".

Divulgação

Instalação "Ergo Sum", no Museo El Eco, no México

Divulgação

"Expanding Universe", exposto na Luisa Strina Gallery em 2007

EDIÇÕES ANTERIORES

GUIA DE RESTAURANTES

Mais Guias