"Architecture Parallax: Scopic Frame" (Divulgação)
Nasceu em 1954 no Rio de Janeiro.
Vive e trabalha em Barcelona.
Alexander Pilis fala com sotaque carioca, vive em Barcelona, mas uma rápida busca na Internet vai acusá-lo como sendo um artista canadense. "Explicitamente, sou uma alma perdida indisciplinada e redisciplinada por si mesmo", se auto-define. Ele se ressente de trocar as palavras em português, o que não é estranho, já que Pilis estudou, lecionou e viveu no Canadá por 38 anos. Mesmo assim se sente ligado ao país natal, que volta e meia visita. Diz adorar São Paulo e considera a cidade um laboratório para suas pesquisas, inclusive para o trabalho que apresenta na Bienal.
Na edição em que a Bienal discute a si própria, Pilis quer mirar a instituição a partir de vários pontos de vista. No projeto chamado "Paralax", o artista vai promover uma série de debates e conferências com acadêmicos, artistas, críticos, físicos, filósofos e semióticos a partir de uma instalação móvel. Serão dez cavaletes, mesas, rodinhas, tudo feito com madeirite, material emblemático nos canteiros de obra da capital de São Paulo. "Um dia vira um paredão, outro dia vira algo circular", conta.
A transformação, aliás, é algo típico da metrópole paulistana. A cidade possui milhares de referências e nunca pode ser lida a partir um único referencial. "O caos também é organizado", explica Pilis. Na sua obra, as peças são móveis justamente porque o artista propõe a subversão do conceito clássico da perspectiva, resgatado nos séculos 15 e 16 pelos renascentistas e, desde então, elemento fundamental da história da arte ocidental. O que foi revolucionário no passado tornou-se reacionário e até mesmo autoritário depois, já que, para Pilis, o mundo é muito complexo para ser visto e construído a partir um ponto único, elemento fundamental da técnica da perspectiva.
A obra de Pilis faz referência ao conceito matemático do Paralax , desenvolvido pelos antigos gregos que foi e base do sistema de localização usado pelos antigos navegadores portugueses na era dos descobrimentos. "Se você tomar uma estrela como referência e traçar uma reta até determinado ponto da terra, terá um resultado irreal, já que tanto os astros quanto o planeta estão em constante movimento", explica. O Paralax é justamente o uso de vários referenciais ligados entre si, fornecendo equações mais precisas e complexas.
"É o sistema mais democrático possível. Imagine que você esteja sentado, com um vaso à sua frente. Com a perspectiva, o vaso será a face que você vê. Com o Paralax, o vaso será a face que você vê mas também a face que está oculta a você mas que está visível a um outro observador, disposto numa outra posição", explica.
O artista também participou da Bienal de 1987 e da Bienal de Arquitetura de 2002. Pilis já expôs na Pinacoteca do Estado e no MAC (Museu de Arte Contemporânea), em São Paulo. Passou ainda por galerias da Alemanha, Inglaterra, México e Canadá e participou de uma coletiva na Fundação Tapiès, em Barcelona.
Professor da Escola de Arquitetura da Universidade de Toronto, Pilis atualmente desenvolve o projeto "Metropolis", ligado ao Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, da Universidade Politécnica da Catalunha. Pilis chama a si mesmo Blind Architect (Arquiteto Cego), título de um projeto que celebrou os 25 anos de pesquisa pessoal do artista em torno de temas ligados ao conceito Paralax, que Pilis desenvolve na 28ª Bienal de São Paulo.
"Architecture Parallax: The Blind Architect In The Blink of an Eye", Alexander Pillis
"Architecture Parallax: The Blind Architect", Alexander Pillis
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