Atriz surda, diretora asiática, herói LGBTQ+: Eternos é o filme da Marvel com mais diversidade
O painel da Marvel na San Diego Comic-Con 2019, que rolou no último sábado, deixou o mundo nerd em polvorosa. Uma das grandes novidades foi a oficialização de Eternos, filme do grupo de super-heróis criado por Jack Kirby em 1976. Com data marcada para 6 de novembro de 2020 nos EUA (sem confirmação no Brasil), a produção merece desde já o título de um dos blockbusters com mais diversidade dos últimos anos.
O filme logo se destaca na lista de projetos da Marvel por seu elenco cheio de astros: Angelina Jolie (Malévola), Salma Hayek (Frida), Richard Madden (Game of Thrones), Kumail Nanjiani (Doentes de Amor), Brian Tyree Henry (Brinquedo Assassino), Lauren Ridloff (The Walking Dead), Lia McHugh (American Woman) e Don Lee (Invasão Zumbi) foram os nomes anunciados na Comic-Con.
É um rol de atores impressionante para qualquer filme, mas é também uma das listas mais incrivelmente diversas que a Marvel já ofereceu, incluindo uma das maiores estrelas latinas de Hollywood (Hayek), um ator negro em franca ascensão (Henry), um ator nascido na Coreia do Sul (Lee) e uma atriz negra e surda (Ridloff) que não só esteve em The Walking Dead como foi indicada ao Tony, o Oscar do teatro, por uma montagem do clássico Filhos do Silêncio.
Por trás das câmeras (e no roteiro)
Toda essa diversidade não fica só no elenco. Eternos também será o terceiro filme da Marvel dirigido por uma mulher, depois de Capitã Marvel (de Anna Boden, que dividiu crédito com o marido Ryan Fleck) e Viúva Negra (de Cate Shortland, que sairá alguns meses antes em 2020). A cineasta em questão é a chinesa Chloé Zhao (do ótimo Domando o Destino), que se tornará também a primeira pessoa asiática a dirigir um filme da franquia.
A Marvel também nos deu um gostinho do enredo do filme ao revelar alguns detalhes dos personagens que serão interpretados pelo elenco principal. A deficiência auditiva de Ridloff, por exemplo, será carregada para Makkari, a sua personagem. Trata-se de uma adaptação radical: nas HQs, Makkari é um homem branco, e não é surdo.
Enquanto isso, o produtor Kevin Feige indicou que o filme também vai incluir um herói LGBTQ+, o que marcaria mais um pioneirismo para a Marvel. A editora cortou cenas em Pantera Negra e Thor: Ragnarok que revelavam personagens LGBTQ+, e incluiu um breve momento em Vingadores: Ultimato em que o diretor Joe Russo interpretou um homem gay, embora ele não tivesse nenhum tipo de superpoder.
Uma fase de diversidade
A explosão de diversidade concentrada em Eternos sublinha uma tendência geral da Fase 4 da Marvel, anunciada em sua totalidade durante o painel na Comic-Con. O pontapé inicial da nova fase, por exemplo, é Viúva Negra, um filme dirigido e encabeçado por mulheres poderosas -- não só Scarlett Johansson, como também Rachel Weisz e Florence Pugh, que estão no elenco.
Depois de Eternos, o começo de 2021 será marcado por Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, o primeiro filme com um herói asiático da Marvel. Já no fim do ano, o manto de Thor será passado de Chris Hemsworth para Natalie Portman, que retornará como Jane Foster para receber os poderes do deus do trovão em Thor: Love and Thunder.
Por muitos anos, alguns dos fãs da Marvel se viram frustrados enquanto a editora prometia diversidade sem efetivamente entregar. Não é exagero dizer que o filme solo da Viúva Negra deveria ter vindo antes, e que mulheres deveriam fazer parte da equipe de diretores do estúdio há muito tempo.
Agora, mais estabelecido do que nunca como a força dominante no cinema nerd global, o estúdio parece finalmente disposto a representar, nas telas, todos os tipos de pessoas que prestigiam os seus filmes no cinema.
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