13/11/2008 - 01h28
Marisa Orth participa de performance bem-humorada na Bienal
GUSTAVO MARTINS
Da Redação

Roberto Setton
O artista plástico Javier Peñafiel e a atriz Marisa Orth durante a performance "Agenda do Fim dos Tempos Drásticos"
VEJA IMAGENS DA "CONFERÊNCIA DRAMATIZADA"
A atriz e comediante Marisa Orth protagonizou uma "conferência dramatizada" na noite de quarta-feira (12), dentro programação da Bienal de Arte de São Paulo. Ao lado do artista espanhol Javier Peñafiel, ela leu trechos da "Agenda do Fim dos Tempos Drásticos", obra criada por Peñafiel após uma residência artística de mais de dois meses na cidade.

:: Veja fotos da performance ::

Na "Agenda...", um libreto distribuído aos visitantes da Bienal, Peñafiel (que diz ter-se inspirado na capacidade dos paulistanos enfrentarem o caos da cidade) propõe cinco novos "tipos" de dias pelos quais as pessoas deveriam organizar seu tempo: comuns, próprios, impróprios, similares e plurais, cada um com suas características.

Porém, ao contrário da sisudez que normalmente se relaciona à arte conceitual, o que se viu no auditório foi uma performance bastante descontraída. Com sua interpretação de texto dramatizada (ou "desdramatizada", dependendo do momento) e fazendo o artista "elaborar" conceitos como "narcisismo suave que faz com que os tempos sejam líquidos", Marisa Orth arrancou diversos risos da platéia.

"Eu acho que esse tipo de coisa deveria acontecer mais", disse a atriz ao UOL após o fim da performance, enquanto encorajava seu filho João Antônio a experimentar o tobogã do artista belga Carsten Höller (sem sucesso). "Com a minha primeira banda, o Luni, nos anos 80, a gente misturava muita coisa de performance, música, artes plásticas. Hoje voltou a ser tudo muito estanque, ou você faz teatro, ou você faz música, ou você faz arte." A atriz foi apresentada para Javier Peñafiel por um amigo em comum, o artista plástico Pazé, que protagoniza a versão em vídeo da "Agenda..." em exibição no terceiro pavilhão da Bienal.

O artista espanhol aprovou o resultado da performance, mesmo que os conceitos bastante abstratos ("cadeia de descontinuidades", "réplicas da multiplicidade") tenham intimidado a platéia na hora das perguntas - em vários momentos, quem teve que "quebrar o gelo" foi a curadora da Bienal Ana Paula Cohen, que também é responsável pela dublagem em castelhano do vídeo de "Agenda...". "Trabalhar com a Marisa é ótimo", afirmou Peñafiel. "Essa generosidade do humor dela deixa a performance muito mais próxima, minha idéia é fazer algo bem-humorado, sem perder o foco da proposta."

A dupla ensaiou durante dois meses para a performance, em um dos lofts do edifício Lutétia, mantido pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) para abrigar residências artísticas. Ambos vestiam uniformes de estudantes e sentaram-se na arquibancada, mantendo a bancada da "conferência" vazia. "Eu demorei um tempo para entender a proposta", diz Marisa Orth, "mas acabei sacando a veia poética que brinca de ser científica, que é o grande barato do Peñafiel".

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