1981

Ex-dirigente do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e crítico reconhecido internacionalmente, Walter Zanini assumiu a curadoria geral da 16ª Bienal, em 1981. Prestigiado, Zanini apostou em artistas e idéias ousadas e, com a abertura política, procurou trazer de volta para a Bienal artistas contemporâneos brasileiros que haviam se afastado.

Diferentemente de todas as edições anteriores, a 16ª Bienal aboliu a montagem com espaços reservados por países. Zanini optou por montar a exposição com três núcleos distintos. No Núcleo I usou o critério da "analogia de linguagem" (pintura com pintura, vídeo com vídeo, escultura com escultura etc.). A forma, ousada para a época, dividiu opiniões, mas foi considerada modernizadora.

No Núcleo II ficaram as obras que tinham vários enfoques e "valor histórico" para a arte contemporânea internacional. E o núcleo III abrigou as obras latino-americanas, como foi deliberado no ano anterior pela "Reunião de Consulta aos Críticos", organizada pela Bienal.

Zanini criou uma "Comissão Internacional" para acelerar a adesão estrangeira, após a mudança do ambiente político. A estratégia surtiu resultado e os artistas convidados passaram a ser "embaixadores" que trabalhavam para a revitalização da Bienal Internacional de São Paulo.

A 16ª edição contou com salas especiais do italiano Alberto Burri, do belga Paul Delvaux e do norte-americano Philip Guston. Os ingleses Gilbert e George mostraram grandes painéis que mesclavam pintura, fotografia e desenho. E destacou-se também a dupla performática Ulay e Marina Abramovic.

Com critérios mais rigorosos, o público viu menos artistas brasileiros e trabalhos de grande qualidade. Entre os destaques estavam Carlos Fajardo, Cildo Meireles, Antônio Dias, Tunga e Anna Bella Geiger, que voltou à Bienal com a instalação "Vídeo, Mesa, Frisa, Macias".

Outro destaque da décima sexta edição foi a mostra de "Arte Postal", com curadoria do artista Júlio Plaza e que contou com obras de mais de duzentos artistas.

A sala dedicada à vídeo-arte, linguagem que já se consolidara internacionalmente, salientou a importância que Zanini conferiu a esse suporte. Mesmo assim público e crítica apresentaram dificuldades em assimilá-la. Em geral, os trabalhos eram considerados muito lentos e enfadonhos.

Inspirada no termo "Art Brut", foi realizada a exposição paralela "Arte Incomum", que abrangeu obras realizadas de forma espontânea, por artistas que transitam entre os limites da loucura e da lucidez. A mostra trouxe grande parte do acervo do Museu do Inconsciente, criado pela dra. Nise da Silveira. Contou ainda com reproduções da obra "Palácio dos Sonhos", uma construção de pedras que o carteiro francês Facteur Cheval levou mais de 30 anos para concluir.

Autor do cartaz

- Claudio Moschella

Fontes

- Arquivos Folha de S. Paulo
- "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante
- "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias
- Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Fundação Bienal de São Paulo.

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