04/11/2008 - 12h19
Artista começa performance nu na Bienal e recebe camisetas e comida do público
GUSTAVO MARTINS
Da Redação

"A BONDADE DE ESTRANHOS"
Chris Von Ameln/UOL
O artista Maurício Ianês faz sua performance "A Bondade de Estranhos" até dia 16 na Bienal
FOTOS DA PERFORMANCE DE IANÊS
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PERFIL DE MAURÍCIO IANÊS
OUTRAS PERFORMANCES DE MAURÍCIO IANÊS
Completamente nu, Maurício Ianês começou às 10h desta terça-feira (4) a performance "A Bondade de Estranhos", no terceiro andar da 28ª Bienal de São Paulo. Parte da programação do evento, o artista se propõe a viver no pavilhão da Bienal até domingo, dia 16, sustentado apenas por doações que receber do público.

:: Veja fotos da perfomance ::

Causando curiosidade em quem chegava à exposição na manhã de hoje e acompanhado por um pequeno grupo repórteres e fotógrafos, Ianês iniciou sua performance em pé, de costas para uma das paredes próximas à rampa que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde está reunida a maioria das obras desta edição da Bienal.

Por volta das 10h35 o artista recebeu a primeira doação, uma garrafa de água que lhe foi entregue pelo visitante Mateus Furlanetto. "Quis dar a água porque ela é vital", explicou Furlanetto, que disse já esperar pela performance e ter gostado muito da atitude, "por provocar o envolvimento do público". Mais tarde, outro visitante entregou a Ianês uma caixinha de balas "Tic Tac".

Pouco depois, por volta das 10h40, o artista recebeu uma outra doação, desta vez uma camiseta, entregue pelo estudante de artes visuais e cobrador de ônibus Marcus Cristian. "Gostei muito da performance, mas não pensei que me chocaria tanto ao ver o artista pelado", explicou o visitante, que deu sua própria roupa ao performer. "Acho que o ser humano tem que propor atos de bontade", completou Cristian.

Às 11h45, um jovem que não quis se identificar deixou ao lado de Maurício Ianês uma sacola com uma torta de palmito, outra camiseta e um "amigo imaginário" feito de papel. O boneco representa um coletivo artístico do qual o jovem faz parte.

Em silêncio
A performance de Ianês seguirá até o dia 16, domingo, e estabelece algumas regras. Ao longo desse período, o artista não vai se comunicar com ninguém e não poderá aceitar doações de conhecidos ou de funcionários da Bienal. O artista deverá também dormir durante esse tempo no próprio prédio da exposição e tomar banho no vestiário do pavilhão.

Como não é permitido aos visitantes entrarem na Bienal com alimentos, quem quiser levar alguma comida para Ianês terá de passar pela chapelaria da exposição, onde a organização poderá autorizar a sua entrada.

Divulgação
Maurício Ianês durante a performance "Zona Morta", na galeria Vermelho, em SP
VEJA OUTRAS OBRAS DO ARTISTA
Outras performances
A performance da 28ª Bienal não é a primeira em que Maurício Ianês se utiliza da própria nudez ou da interação do público. Em julho de 2007, durante o festival "Verbo" da galeria Vermelho, em São Paulo, o artista permaneceu deitado no chão, nu e coberto de purpurina, durante duas horas, na performance "Zona Morta". Em abril de 2006, na mesma galeria Vermelho, Ianês apresentou a performance "Mensageiro", na qual atravessava uma trave de madeira de olhos vendados, com uma carta em branco na boca. Nesta ocasião, ele chegou a ser ajudado por visitantes para não cair no trajeto.

Além de performer, Maurício Ianês também atua como videoartista (em um de seus vídeos, "Come/Cry", ele filma seu próprio rosto coberto de sêmen) e como stylist, o profissional responsável pelo conceito de coleções de moda. Nessa função, ele trabalha com freqüência ao lado do estilista Alexandre Herchcovich (veja entrevista dos dois no São Paulo Fashion Week 2008). Em abril deste ano, Ianês desligou-se da grife Zapping, na qual atuava como diretor criativo.

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