Em 1989, a 20ª Bienal retomou a montagem por salas nacionais, ironicamente criticada como "feira de nações". Após quatro edições seguidas sob o critério da analogia de linguagens, coordenadas pelos curadores Walter Zanini e Sheila Leirner, a Bienal também mudou a estrutura curatorial. Em vez de apenas um curador responsável, foi adotado um triunvirato. Carlos Von Schimidt ficou responsável pela parte internacional, Stella Teixeira de Barros, apoiada pela Comissão de Arte e Cultura (CAC), cuidou da representação brasileira, e João Candido Galvão organizou os eventos especiais.
Ao contrário do que se esperava, o formato "feira de nações" não trouxe uma queda qualitativa à exposição. Prestigiada, a Bienal contou com o empenho dos curadores responsáveis pelo envio das obras da maioria dos países participantes. Sob a curadoria de Catherine Millet, editora da revista Art Press, a Franca trouxe uma exposição calcada em 28 trabalhos de Yves Klein. As obras, que incluíam seus "monocromos" e as pinturas com fogo, puderam mostrar ao público uma significativa parcela do trabalho de Klein, artista que foi bastante influente na segunda metade do século 20.
A representação francesa também mostrou trabalhos do pintor abstrato Antonio Semeraro, as imagens processadas em computador de Alain Jacquet e as fotografias de Phillippe Thomas, que assinava seu trabalho como "Ready-mades Belong to Everyone" (Ready-mades pertencem a todos).
O espaço dedicado à Alemanha destacou-se mesmo contando com apenas duas obras. Um pentágono formado por 11 partes de 40 centímetros de granito, do artista Ulrich Ruckriem, e uma imponente instalação de Joseph Beuys, "Veado com Raio em seu Clarão". Suspensa no vão central do prédio da Bienal, a obra foi produzida em edição limitada, com apenas cinco exemplares, quando Beuys trabalhou na fundição de Herman Noack.
Stella Teixeira deu à representação brasileira uma de suas mais importantes mostras desde a recuperação do prestígio da Bienal, a partir de 1981. Mesclando artistas consagrados a jovens, ela montou uma mostra bastante consistente. Sérgio Camargo, Amílcar de Castro, Eduardo Sued, Anna Bella Geiger, Flávio Shiró, José Resende, Cildo Meireles, Marcos Coelho Benjamin, Carlos Vergara, Marco do Vale, Nuno Ramos, Jac Leirner, Flávia Ribeiro e Daniel Senise compuseram um consistente panorama da produção brasileira.
Responsável pelos Eventos Especiais, João Cândido Galvão apresentou uma seleção da produção cenográfica que artistas brasileiros realizaram para o Teatro. Compuseram a mostra Lasar Segall, Flávio Império, Romero de Andrade Lima, Daniela Thomas e outros artistas. Como destaques internacionais, Cândido Galvão mostrou trabalhos do norte-americano Bob Wilson e do tcheco Josef Svoboda.
- Rodolfo Vanni
- Flávia Ribeiro - Pintura - Prêmio Aquisição
- Flávio Shiró - Pintura - Prêmio Aquisição
- Marcos Coelho Benjamin - Prêmio Aquisição
- Siron Franco - Menção Honrosa
- Grupo Boi Voador - Menção Honrosa
- Robert Wilson - EUA - Grande Prêmio Fundação Bienal
- Alain Jacquet - França - Melhor Conjunto
- Antonio Semeraro - França - Melhor Conjunto
- Marin Puryear - EUA - Participação Individual
- Phillippe Thomas - França - Melhor Conjunto
- Yves Klein - França - Melhor Conjunto
- Arquivos Folha de S. Paulo
- "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante
- "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias
- Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Fundação Bienal de São Paulo.
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