Montada pela segunda vez consecutiva pelo critério da "analogia de linguagens", a 17ª Bienal confirmou o compromisso do curador Walter Zanini com a experimentação. E o destaque foi o "Grupo Fluxus". Apesar de não ter contado com alguns dos seus mais importantes artistas, o "Concerto Fluxus" causou um forte impacto nos visitantes da Bienal.

Entre diversas instalações e uma exposição de documentos sobre o grupo, podia-se ver Ben Vautier dormindo em uma cama, Dick Higgins tocando uma música "cacofônica" ao piano, e a instalação de Wolf Vostell, mostrada 10 anos antes em Nova York. Ao redor de um Cadillac branco, Vostell amarrou mil pães embrulhados com um jornal impresso por ele, que trazia na manchete a frase "São coisas que vocês não conhecem que transformam suas vidas".

Com o mesmo espírito de experimentação do Fluxus, a sala especial dedicada a Flávio de Carvalho procurava recuperar a genialidade do artista, cuja obra tornou-se referência para a arte performática brasileira.

O trabalho de Regina Silveira chamou a atenção do público. A artista pintou a silhueta de dois ready mades de Marcel Duchamp: Roda de Bicicleta e Porta-Garrafas. As sombras pintadas no chão invadiam as paredes e formavam uma instalação gráfica que a artista explicou no catálogo da exposição como "simulacros de sombras".

Destacaram-se também os trabalhos em grafite dos norte-americanos Keith Haring e Kenny Scharf; a argentina Marta Minujin, com uma escultura que formava uma visão fragmentada da obra clássica Vênus de Milo; o holandês Bram Van Velde; o inglês Tony Cragg; a sala dedicada à Arte e Tecnologia coordenada por Júlio Plaza, que foi composta por 35 artistas; e uma excepcional mostra sobre a arte plumária dos povos indígenas brasileiros.