1965

Em 1965, um ano e meio após o golpe de Estado promovido pelos militares, a Bienal realizou a sua oitava edição. Curiosamente, enquanto a vida política brasileira entrava em um de seus períodos mais obscuros, a Bienal de São Paulo apresentou traços de ruptura e renovação em relação a alguns dos suportes tradicionais na arte.

Divulgação
O dramaturgo Plínio Marcos vende seus livros durante a 8ª Bienal

Ao dividir o Grande Prêmio de Pintura com o francês Victor Vasarely, o italiano Alberto Burri conseguiu ruir conceitos que regiam as premiações nas bienais. Usando materiais como plásticos, madeiras mofadas e queimadas e celofane, Burri gerou desconforto no público desavisado, e mesmo no júri, ao apresentar suas "pinturas". Outro traço de uma radical mudança que se aproximava foi a cortina de madeira apresentada pelo inglês Victor Pasmore também apresentada como uma pintura.

Entre os brasileiros, os destaques foram as obras escultóricas. Sérgio Camargo, premiado como melhor escultor, Amílcar de Castro, Caciporé Torres e Francisco Stockinger apresentaram peças inovadoras.

Divulgação
"Roda de Bicicleta", obra de Marcel Duchamp

Equilibrada, a oitava Bienal trouxe outros destaques importantes. A sala "Do Surrealismo à Arte Fantástica" abrigou mais de 200 obras de 60 artistas de grande importância, entre eles, Max Ernst, Joan Miró, Marcel Duchamp, René Magritte, Yves Tanguy, Man Ray, Paul Klee, Paul Delvaux, Juan Ponç e Francis Picabia.

Anunciando a predominância da pop art dos anos seguintes, a 8ª Bienal trouxe uma grande mostra de comics com originais de Mandrake e Flash Gordon e trabalhos dos brasileiros Maurício de Souza, Jaime Cortez, E.T. Coelho e Manoel Vitor.

Também foi nessa edição que os comics ocuparam o Teatro Municipal. O compositor Willy Corrêa de Oliveira regeu a performance "Ouviver a Música", em que os instrumentistas recebiam partituras com desenhos de personagens de histórias em quadrinhos. A partir do comando do maestro Willy Corrêa, o instrumentista era instado a improvisar inspirado nos desenhos de sua partitura.

Autor do cartaz

- Dersio Bassani

Prêmios Nacionais

- Danilo Di Preti - Pintura
- Sérgio Camargo - Escultura
- Maria Bonomi - Gravura
- Fernando Odriozola - Desenho
- Dersio Bassani - Cartaz

Prêmios Internacionais

- Victor Vasarely (França) e Alberto Burri (Itália) - Grande Prêmio
- Kumi Sugai (Japão) - Pintura
- Marta Colvin (Chile) - Escultura
- Janez Bernik (Iuguslávia) - Gravura
- Juan Ponç (Espanha) - Desenho

Fontes

- Arquivos Folha de S. Paulo
- "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante
- "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias
- Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Fundação Bienal de São Paulo.

EDIÇÕES ANTERIORES

GUIA DE RESTAURANTES

Mais Guias