Como então secretário do Conselho Nacional de Cultura do governo Jânio Quadros, o crítico Mário Pedrosa foi autorizado pelo presidente, em junho de 1961, a fazer um projeto de lei que tornava a Bienal uma instituição pública. Com a medida, a Bienal passou a receber recursos da Prefeitura da cuidade e do governo do Estado.
Independente no papel, mas com Ciccillo no comando, a 6ª Bienal teve a curadoria do próprio Mário Pedrosa. Com a renúncia de Jânio Quadros, quem abriu a sexta edição foi o presidente João Goulart. No ano em que a Bienal completou 10 anos, foram criadas várias salas especiais de artistas brasileiros premiados em certames anteriores.
Como afirmou o curador," todas as tendências que assinalam a arte contemporânea estão aqui representadas: desde os primitivos e figurativos até as últimas manifestações abstracionistas, de geométricos, concretistas, neoconcretistas, tachistas, informais e signográficos, até os neofigurativos e neodadaístas".
A 6ª Bienal também apresentou mostras marcadamente de cunho museológico, o que, segundo o livro "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias, decepcionou os críticos, que esperavam uma exposição mais afeita às experimentações da arte contemporânea.
Por outro lado, o prêmio de melhor escultura concedido à Lygia Clark, pelo trabalho "Bichos" evidenciou a importância do neoconcretismo no evento. Em seu artigo "A Bienal de cá pra lá", de 1970, Pedrosa afirma que "esse prêmio representa uma ruptura com os cânones tradicionais da arte moderna. Ela traz a apreciação internacional à invenção revolucionária dos "Bichos", ou uma construção de planos articulados no espaço por dobradiças e que se armam e se combinam pela ação do espectador".
Os principais destaques ficaram por conta da mostra Iugoslava de cópias de afrescos medievais de estilo bizantino, presentes em igrejas e mosteiros; a arte aborígene australiana; a arte barroca paraguaia dos ateliês criados pelas missões jesuítas, curada pelo gravador Lívio Abramo; e a sala japonesa que traçou um histórico de sua caligrafia. Pedrosa conseguiu trazer pela primeira vez obras da União Soviética e de três países do Leste Europeu (Romênia, Hungria e Bulgária).
Outra atração foi a retrospectiva do alemão Kurt Schwitters, o dadaísta que antecipou a linguagem que predominaria na arte pop a partir dos anos 1960. Nas palavras de Pedrosa, "Schwitters foi um revolucionário nas apropriações polimaterialistas e nas assemblages, reconhecido tardiamente na década de 1950".
- Arnaldo Grostein
- Iberê Camargo - Pintura
- Lygia Clark - Escultura
- Isabel Pons - Gravura
- Anatol Wladslaw - Desenho
- Luiz Oswaldo Vanni - Cartaz
- Maria Helena Vieira da Silva (França) - Grande Prêmio
- Yoshishige Saito (Japão) - Pintura
- Alicia Peñalba (Argentina) - Escultura
- Leonard Baskin (EUA) - Gravura
- Tadeusz Kulisiewicz (Polônia) - Desenho
- Arquivos Folha de S. Paulo
- "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante
- "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias
- Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Fundação Bienal de São Paulo.
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