Se a primeira edição fincou a bandeira brasileira no calendário internacional dos grandes eventos de arte, a 2ª Bienal de São Paulo conferiu importância ao evento. Inaugurada em dezembro de 1953, estendeu-se até fevereiro 1954 para integrar os festejos do quarto centenário da cidade de São Paulo, também presididos por Ciccillo Matarazzo. Conhecida como a "Bienal da Guernica", foi considerada a exposição mais importante da década.
De proporções gigantescas, ao todo foram 24.000 m2 de exposição com representação de 33 países e 3.374 obras, a Bienal foi montada em dois pavilhões no conjunto de prédios projetados por Oscar Niemeyer para o parque do Ibirapuera.
A 2ª Bienal de São Paulo trouxe salas especiais sobre o cubismo francês, o futurismo italiano, Paul Klee, Oskar Kokoschka, Piet Mondrian e De Stijl, Alexander Calder, Henry Moore, James Ensor e Giorgio Morandi.
O evento também apresentou ao público brasileiro a escola alemã Bauhaus com uma sala dedicada aos principais trabalhos de Walter Gropius, um dos fundadores da Bauhaus. A sala da Noruega trouxe 19 pinturas e 50 gravuras de Edward Munch.
O grande destaque da edição foi Pablo Picasso, que teve uma sala com 51 telas de todas as suas fases. Com impacto internacional, a sala de Picasso acabou tornando a exposição de 1953 conhecida como a "Bienal da Guernica", em referência ao mais importante trabalho do espanhol que esteve presente na mostra.
Até então pouco conhecido fora do circuito das artes plásticas no Brasil, Picasso impressionou o público brasileiro.
"Houve quem debochasse de algumas obras. Mas normalmente esse deboche partia de pessoas da burguesia, aquelas que se consideravam entendidas em arte, e que, pretensiosamente, queriam julgar a produção contemporânea movidas pelo mesmo entusiasmo com que compravam arte acadêmica. Vi moços bem-nascidos fazerem chacotas diante da "Guernica", de Picasso, e gente simples do interior, trazida de ônibus, a convite do governo, deslumbrar-se diante da tela", revelou o crítico argentino Wolfgang Pfeiffer, presente à mostra, conforme relata Leonor Amarante em seu livro "As Bienais de São Paulo"..
Sob a direção artística de Sérgio Milliet, o júri da 2ª Bienal contou com nomes importantes da crítica internacional, superando o caráter improvisado da primeira edição, quando foi composto também por diplomatas. Tudo terminaria perfeitamente bem não fosse a polêmica em torno da premiação para a melhor pintura. Pensado para corrigir um suposto "desequilíbrio" na premiação da edição anterior, a distinção de melhor pintura estava prometida para Di Cavalcanti, conforme relato de Décio Pignatari, publicado na Folha de S. Paulo em 20/05/2001.
Segundo Pignatari, Herbert Read, grande nome da crítica internacional, se dispôs a denunciar a tramóia a todos os jornais e vaticinou: "Se há alguém aqui que deva ser premiado, este se chama Alfredo Volpi". E o grande prêmio então foi dividido entre Volpi e Di Cavalcanti.
- Antônio Bandeira
- Paul Klee
- Oskar Kokoschka
- Piet Mondrian
- De Stijl
- Alexander Calder
- Edvard Munch
- Henry Moore
- James Ensor
- Giorgio Morandi
- Walter Gropius
- Picasso
- Volpi
- Aldemir Martins
- Flávio de Carvalho
- Manabu Mabe
- Alfredo Volpi e Di Cavalcanti - Pintura
- Bruno Giorgi - Escultura
- Lívio Abramo - Gravura
- Arnaldo Pedroso d´Horta - Desenho
- Antônio Bandeira - Cartaz
- Grande Prêmio: Henri Laurens (França) - Escultura
- Rufino Tamayo (México) e Alfred Manessier (França) - Pintura
- Henri Moore (Grã-Bretanha) - Escultura
- Giorgio Morandi (Itália) - Gravura
- Bem Shahn (EUA) - Desenho
- Arquivos Folha de S. Paulo
- "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante
- "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias
- Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Fundação Bienal de São Paulo.
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