Cats: o filme que tinha tudo para dar certo, mas deu muito, muito errado
Cats tinha todos os elementos para dar certo em sua adaptação que chega aos cinemas no dia de Natal. A popularidade das vozes de Jennifer Hudson e Taylor Swift, um elenco estrelado com nomes como Judi Dench, Ian McKellen e Idris Elba e uma bela história de quase 40 anos de sucesso no teatro —Cats é o quarto musical que mais ficou tempo em cartaz na Broadway. O que ninguém esperava era que gatos assustadores surgissem pelo caminho.
A opção de misturar os traços dos atores com o dos bichanos foi desastrosa. Em julho, quando o primeiro trailer de Cats foi divulgado, o público já havia estranhado a aparência do elenco. O diretor Tom Hooper ouviu as críticas e tentou salvar o filme com alterações até os 45 minutos do segundo tempo. Não foi o suficiente. Nas cópias assistidas por jornalistas antes da estreia, o visual final dos gatos ainda é estranho e fica difícil prestar atenção em outra coisa a não ser nos corpos humanos cobertos de pelos.
Tom Hooper, diretor ganhador do Oscar por O Discurso do Rei, fez um último movimento e segue aprimorando os efeitos especiais que criaram o visual dos personagens de Cats. Segundo documento obtido pela Hollywood Reporter, alguns cinemas receberiam cópias com alterações até terça-feira, ou seja, dois dias antes da estreia. A tentativa de salvar o filme acontece depois de uma enxurrada de avaliações negativas da crítica especializada.
Mas o que tem de errado com Cats? O UOL assistiu ao longa e lista tudo para você.
Estrelas prejudicadas
Jennifer Hudson, a Grizabella, é uma das mais prejudicadas. Toda a beleza e o talento da atriz e cantora que levou um Oscar por Dreamgirls ficam escondidos sob pelos desgrenhados e um nariz escorrendo que incomoda no momento que deveria ser o ápice do filme: a interpretação de Memory. O clássico, automaticamente associado ao musical, perde toda sua magia.
Idris Elba também está assustador na pele de Macavity. Bom sinal para um vilão? Não nesse caso. As lentes de contato verdes fluorescentes e o corpo musculoso também tiram a atenção para a entrega do ator que já foi até Nelson Mandela no cinema. O visual antropomórfico não agrega em nada além do susto de ver no que o transformaram.
Cadê a Taylor?
Taylor Swift, divulgada como a grande estrela de Cats, aparece apenas por alguns minutos no filme. Sua participação cantando o tema do vilão Macavity e dopando os gatinhos com erva de gato poderia ser facilmente transformada em um videoclipe - seja pelo tempo, seja pelo visual.
O destaque do filme mesmo é Francesca Hayward como Victoria. Uma pena que o provável fiasco de Cats por causa do visual dos personagens vá tirar a atenção da estreia da primeira bailarina do Royal Ballet no cinema.
Gatinhos ou gatões?
Há sim pontos positivos em Cats, como a escolha de colocar uma mulher no papel de líder dos gatos. Judi Dench é Old Deuteronomy, papel que no teatro sempre ficou a cargo de atores do sexo masculino. Mas, por mais repetitivo que pareça, quem vai parar para pensar nisso quando vemos aquele rosto tão familiar da atriz de 85 anos coberta de pelos e com um casaco de pele por cima de tudo?
Outro ponto que gera muito incômodo é a proporção. Ora o cenário parece adequado aos gatos, ora eles parecem ratos de tão pequenos. Quando os gatos estão em uma balsa flutuando no rio Tâmisa, eles parecem ter o tamanho de uma pessoa. Quando fuçam nas latas de lixo, eles encolhem, mas continuam com as formas humanas. Sim, é confuso mesmo.
Pés, mãos e pelos
Se nos palcos os atores surgem fantasiados de gatos, o que vemos nas telas é um híbrido de fantasia e realidade. O formato das mãos dos atores foi mantido, mas os pelos só começam na altura dos punhos. Nada de patinhas fofas. Os dedões dos pés também são notáveis, embora alguns atores usem sapatos.
Enquanto parte do elenco aparece coberto por pelagem, outros usam calças, casacos, chapéus. A falta de um padrão entre os gatos chama ainda mais atenção para as esquisitices do CGI. Não sobra tempo nem para reparar se o tamanho do pênis de Jason Derulo realmente foi alterado digitalmente, como o próprio afirmou.
Sobre o que é?
Bem, a história. O filme é fiel ao espetáculo que estreou no West-End, em Londres em 1981 (e ficou em cartaz por 21 anos) e reproduz algumas cenas famosas, como a apresentação da tribo dos Jellicle Cats. Criado por Andrew Lloyd Webber, Cats é inspirado em poemas do livro Old Possum's Book of Practical Cats, do americano T.S. Eliot.
No filme, cada personagem tem sua respectiva canção e eles se apresentam um a um para Old Deuteronomy, a líder dos Jellicle Cats, que todo ano escolhe um dos integrantes do grupo para ascender e ter uma vida melhor no Paraíso. A história se passa em Londres e a maior parte das cenas acontece entre o beco dos gatos e o teatro onde eles tentam a chance de mudar de vida.
Tem salvação
Cats, o musical, já passou por mais de 30 países e foi adaptado para 15 idiomas diferentes. No Brasil, ganhou uma montagem em 2010 com Paula Lima no mesmo papel que Jennifer Hudson assume agora no cinema. As canções em português foram assinadas por Toquinho e o musical ficou em cartaz com temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Atualmente, Cats segue em cartaz nos Estados Unidos, no Canadá, em Singapura e no Japão. Tamanho sucesso fora das telas é o que pode ajudar o filme a fazer uma boa bilheteria mesmo após receber críticas tão negativas.
Outro fator que pode contribuir é a curiosidade do público para ver estrelas da música e do cinema transformadas em bichanos. O fator Natal também pode dar uma ajuda extra a Cats, já que a estreia é em 25 de dezembro.
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