'La Casa de Papel - El Fenómeno': Vale a pena assistir ao documentário?
"La Casa de Papel: El Fenómeno" chegou junto com a parte 4 da série na Netflix. O documentário mostra os bastidores das gravações das partes 3 e 4 e tenta explicar o motivo que fez com que "La Casa de Papel" passasse de fracasso na Espanha ao conteúdo mais visto da plataforma de streaming em diversos países, inclusive no Brasil.
Vale frisar que, se você ainda não assistiu a todas as temporadas completas, faça isso antes de partir para o documentário. Inevitavelmente ele traz spoilers até mesmo da parte 4, assim como esse texto. Portanto, se você evita spoiler, pare sua leitura por aqui também.
Entre momentos de descontração, depoimentos inéditos e até participações "made in Brazil", selecionamos cinco motivos pelos quais vale muito a pena dar uma chance para o documentário.
Renascimento
O documentário começa mostrando como "La Casa de Papel" foi ressuscitado pela Netflix. A história é interessante: feita originalmente para a TV aberta da Espanha, no canal Antena 3, a série experimentou um certo sucesso em sua primeira temporada, com 4,5 milhões de espectadores. Mas os produtores viram essa audiência cair pela metade na segunda temporada, e encerraram a série com um ar de pessimismo.
Tempos depois, a Netflix comprou os direitos da Vancouver Media, a empresa que produziu as duas primeiras temporadas, e incluiu despretensiosamente "La Casa de Papel" em seu catálogo. O resultado foi surpreendente. Os atores viram suas redes sociais explodirem com novos seguidores pelo mundo, enquanto os executivos receberam uma proposta da própria Netflix para dar continuidade ao projeto.
A proposta não veio à toa. Segundo o documentário, "La Casa de Papel" é a produção mais vista da Netflix não só no Brasil, como também na França, na Itália, na Argentina, no Chile e em Portugal. A disputa não é só com as séries, mas inclui o catálogo de filmes e todo o conteúdo em inglês. Em outros países, está no top 10 dos conteúdos mais consumidos.
Viagem pelo mundo
Como o documentário foca na produção das partes 3 e 4 da série, ele traz cenas até então inéditas das gravações pelo mundo. Com um orçamento triplicado e uma imaginação proporcionalmente afetada pelo fenômeno, a produção levou seu elenco para mais de 50 locações e não poupou esforços para surpreender os fãs internacionais.
O documentário mostra bastidores das gravações em Florença, na Itália, onde o público se rendeu a Pedro Alonso e Álvaro Morte. Os intérpretes de Berlim e Professor tiveram até que se esconder em um prédio histórico para evitar um tumulto com mais de 4.000 curiosos.
Numa ilha no Panamá, Tóquio e Rio se esforçam para uma cena de beijo apaixonado que precisou de vários takes para sair. Na Tailândia, os 20 minutos antes do pôr do sol são mais um desafio para a equipe, que trabalhou muito em cenários paradisíacos, algo impensável um ano depois, em meio à pandemia do coronavírus.
Tem Brasil na jogada
Ainda que bem brevemente, o documentário dedica uma parte ao Brasil. Neymar, grande fã da série, dá um depoimento sobre sua participação na parte 3. O jogador virou o monge João e falou até sobre futebol.
Quando a trama aborda o viral que o uniforme e as máscaras de Dalí se tornaram em defesa de várias causas, o Carnaval do Rio é lembrado pelas fantasias, e grandes assaltos são destacados como "inspirados pela série".
A apresentadora da Globo Glória Vanique dá as caras em uma chamada do jornal "SPTV" sobre um roubo de ouro no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), em um assalto que foi comparado ao do bando do Professor.
Cenas inéditas
Você viu o fim emocionante de Nairóbi na quarta parte, mas não viu a real despedida dela. O documentário mostra a atriz Alba Flores gravando sua última cena e, emocionada, se despedindo dos colegas. Ela chorou, ganhou flores, e deixou a série pela porta da frente com sensação de dever cumprido.
Outra cena muito interessante é a da fuga dos bandidos em um barco. Se na parte 3 da série os vimos em águas internacionais no inverno europeu, a verdade é que tiveram de gravar sob um sol de 42 graus na Tailândia. Os atores suaram, deram trabalho para a equipe de maquiagem e Darko Peric, o Helsinki, chegou a cambalear e passar mal.
Já a chuva de notas de dinheiro sobre Madri realmente parou o centro da capital espanhola, e foi uma das cenas mais trabalhosas para a equipe. Mais um vez o tempo não ajudou e a chuva fez com que milhares de euros grudassem no chão. Os ventiladores sugaram parte das notas e um funcionário desavisado triturou 3 milhões de euros em um aspirador. Sorte que o dinheiro era de mentirinha.
Erros de gravação
O Banco da Espanha foi todo reproduzido em um estúdio nos arredores de Madri. Exceto o cofre submerso. Atores e produção tiveram que ir até Londres para usar o único estúdio com tecnologia para se fazer as cenas aquáticas. Todo o cenário do cofre foi transportado de Madri a Londres, em uma logística complicada.
Superados os primeiros obstáculos, o cenário foi mergulhado no gigantesco tanque de água. Após as primeiras filmagens, as estantes que abrigavam as barras de ouro começaram a enferrujar e as barrinhas de espuma perderam seu formato original devido a pressão da água. Em um esforço coletivo, a equipe conseguiu tirar a ferrugem, mas não havia o que fazer com as barras.
Serviço extra para a equipe de efeitos especiais: desamassar digitalmente as mais de mil barrinhas de ouro, uma a uma, na cena em que os bandidos coletam o material no cofre submerso. Um trabalho extra não previsto, mas que —pelo resultado estético e de audiência— valeu muito à pena.
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