'Era Uma Vez em... Hollywood': o que é verdade e o que é ficção no filme
Vencedor de duas estatuetas do Oscar, "Era Uma Vez em Hollywood" estreia neste sábado na HBO Go e é tudo que você precisa assistir neste fim semana. Estrelado por Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, o filme de 2019 é um dos pontos altos da carreira de Quentin Tarantino, que constrói uma narrativa de ficção com pano de fundo verídico —uma de suas atividades favoritas, por sinal.
Ciente disso, você, que assistiu ou pretende assistir ao longa, deve estar se perguntando: afinal, o que é mentira e o que é verdade no roteiro escrito pelo diretor de "Pulp Fiction"? Justo. Nós explicamos abaixo na nova série do UOL, Real vs. Ficção, que irá esquadrinhar a veracidade de filmes e séries históricas.
Rick Dalton e Cliff Booth existiram?
Não. Mas os personagens interpretados por DiCaprio e Brad Pitt, um ator e seu fiel dublê escudeiro, não surgiram do nada. O relacionamento foi inspirado principalmente, no do ator Burt Reynolds com o dublê Hal Needham. Diversos personagens da trama, no entanto, são reais.

Manson e sua "família" planejaram o assassinato de Shaton Tate?
Sim. Em 1969, Sharon Tate (Margot Robbie) e quatro amigos foram alvo da família Manson, uma seita de jovens seguidores de Charles Manson, um músico frustrado que entrou para a história após o crime. Na época, ela tinha 26 anos e estava grávida de oito meses do diretor Roman Polanski.

Linda Kasabian desistiu do crime?
Não. Interpretada pela atriz Maya Hawke (filha de Uma Thurman, uma das atrizes-assinatura de Tarantino, e Ethan Hawke), a personagem desiste de cometer o assassinato e foge com o carro do grupo de Manson. Na vida real, ela ficou do lado de fora, esperando para auxiliar na fuga. No julgamento, Linda foi usada como principal peça de acusação em troca de imunidade.

Os Beach Boys têm conexão com os assassinatos?
Surpreendentemente, sim. Na cena em que Manson vai à futura casa de Polanski, onde aconteceriam os assassinatos, ele pergunta se Dennis Wilson, baterista da banda Beach Boys, e o produtor Terry Melcher estão no local. Filho de Doris Day, Melcher havia morado lá. Já Wilson era amigo de Manson, mas rompeu relação após perceber sua personalidade violenta.

Bruce Lee treinou Sharon Tate?
Sim. A segunda cena de Bruce Lee (Mike Moh) acontece em um flashback em que ator, anos antes de se tornar lenda do cinema, treina Sharon Tate. Segundo fontes, isso de fato ocorreu quando ela se preparava para estrelar a comédia de espionagem "The Wrecking Crew", lançada em 1968.

Bruce Lee lutou com um dublê e levou uma surra?
Não há registro. Em "Era Uma Vez em Hollywood...", Lee, especialista em artes marciais, sai no braço com o personagem de Brad Pitt e se dá mal. A personalidade arrogante de Bruce no filme, inclusive, chegou a revoltar a família do ator, que dizia ter perdido só uma luta na vida, quando adolescente.

É verdade que Charles Manson não fez o 'trabalho sujo'?
É verdade. Charles enviou membros da chamada Família Manson para matar a facadas os moradores da mansão da rua Cielo Drive. Tarantino é preciso ao mostrar que o crime teria sido cometido pelos seguidores Tex Watson, Susan Atkins e Patricia Krenwinkel.

Sharon Tate e Roman Polanski eram um casal tão apaixonado?
Não exatamente. O relacionamento que desperta inveja no vizinho Rick Dalton (DiCaprio) estava longe de ser um mar de rosas. Anos antes de se envolver em um escândalo de pedofilia, ele era conhecido pela personalidade possessiva e controladora, chegando a pressionar Sharon a usar drogas e participar de atividades sexuais humilhantes.

A Família Manson vivia em comunidade no Rancho Spahn?
Sim. Charles e seus asseclas se apossaram do local, um antigo estúdio de faroeste a céu aberto, e ali passaram a viver em acordo com o dono, o fazendeiro George Spahn (Bruce Dern), que na época já estava quase cego. Ele continuou morando no rancho até a morte, cinco anos depois, aos 85.

Eles foram mesmo mortos no fim?
Não. No fim do filme, os assassinos invadem a casa de Rick Dalton e acabam sendo pegos por Cliff Booth, pelo cachorro dele e pelo lança-chamas de Rick. Todos os criminosos são mortos —não Sharon e quatro amigos dela, como ocorreu na vida real—, mas isso é uma fantasia de vingança de Tarantino, que em "Bastardos Inglórios" (2008) já havia exterminado Adolf Hitler em uma sala de cinema.

23 Comentários
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todos os filmes deveriam ter essa vingança saindo do que foi verdade.até , quem sabe um filme sobre a paixão de cristo que ele não morra.
Filmaço! Uma viagem no tempo. Faz vc se sentir na Los Angeles dos anos 60. Não é como assistir um filme de época, é como estar lá! Adorei o final. Pra mim o segundo melhor trabalho de Tarantino, perdendo apenas para Bastardos Inglórios.