Era Uma Vez em Hollywood é carta de amor ao cinema; conheça as figuras reais do filme
A essa altura, já se tornou lugar-comum dizer que Era Uma Vez Em... Hollywood é uma carta de amor de Quentin Tarantino ao cinema. Mas não poderia haver definição melhor: O filme que chega hoje aos cinemas brasileiros é o mais contemplativo e pessoal do diretor, que aqui deixa de lado as cenas sangrentas que se tornaram sua marca registrada para privilegiar uma história que é puro amor à sétima arte.
A história se desenrola na Los Angeles de 1969, quando o brutal assassinato da atriz Sharon Tate e de quatro amigos pela Família Manson acabou, de vez, com a aura "paz e amor" do movimento hippie. O crime espetaculoso, no entanto, é mero pano de fundo para o roteiro de Tarantino, que opta por retratar a perda de inocência por meio de dois personagens fictícios: o astro em decadência Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), e seu dublê, Cliff Booth (Brad Pitt).
Protagonista de um seriado de sucesso dos anos 1950, Dalton tentou buscar novos rumos para sua carreira, mas falhou - e agora só lhe restam pequenas participações como vilões em produções do horário nobre. Inseguro e aflito com a perspectiva de uma inevitável descida ao ostracismo, ele abusa da bebida e pula de piloto em piloto em busca de uma virada.
Já Booth, que também ocupa o posto de faz-tudo de Dalton, vive praticamente à sombra do amigo e patrão. Bonito demais para ser dublê, como o filme faz questão de nos lembrar, ele é extremamente carismático - mas sua fama em Los Angeles não é das melhores, já que há uma mancha sombria em seu passado.
Interpretados de forma primorosa por DiCaprio e Pitt, Dalton e Booth são mais parecidos do que diferentes. Apesar de separados por um abismo social - um mora em uma mansão, o outro em um trailer caindo aos pedaços --, os dois são unidos por seus fracassos, representando um lado esquecido da fábrica de sonhos de Hollywood. É uma situação diametralmente oposta à dos vizinhos de Dalton, o casal formado por Roman Polanski (Rafal Zawierucha), já um diretor badalado, e Tate (Margot Robbie), uma estrela em ascensão.
A Tate de Margot Robbie é a maior representação do lado solar do filme. Claramente apaixonada pelas atrizes, a câmera de Tarantino as segue em momentos tão mundanos quanto mágicos, como a bela sequência em que Tate entra em um cinema para se ver no filme Arma Secreta Contra Martin Helm, lançado em 1968. Sem qualquer afetação ou glamour, ela acompanha a reação da plateia a suas cenas com um sorriso sincero no rosto e os pés descalços apoiados na poltrona da frente.
É uma homenagem não só à estrela de Vale das Bonecas, mas também a uma indústria cinematográfica que já não existe mais - não da mesma forma, pelo menos -, povoada por figuras fascinantes escaladas a dedo pelo diretor.
Confira abaixo as personalidades da vida real que estão no filme e quais os atores que as interpretaram:
Sharon Tate (Margot Robbie)
A atriz teve sua vida brutalmente abreviada aos 26 anos, quando esperava seu primeiro filho com Polanski, a quem havia conhecido no set do filme "A Dança dos Vampiros" (1967). Ela e mais quatro amigos foram assassinados, no dia 9 de agosto de 1969, por seguidores de Charles Manson na residência em que Tate vivia com o cineasta, na Cielo Drive.
Roman Polanski (Rafal Zawierucha)
O cineasta polonês estava em Londres no dia em que sua mulher foi assassinada. À época, ele já havia lançado um de seus trabalhos mais expressivos, O Bebê de Rosemary (1968). Polanski deixou os Estados Unidos em 1977, após ser detido e julgado por estuprar uma garota de 13 anos, e nunca mais retornou ao país, já que pode ser preso. Ele ganhou o Oscar de melhor diretor em 2005, por O Pianista, mas foi expulso da Academia no ano passado, por violar os códigos de conduta da organização.
Jay Sebring (Emile Hirsch)
Sebring era cabeleireiro de astros como Paul Newman e Frank Sinatra. Ele namorou brevemente com Sharon Tate antes de ela se envolver com Polanski, mas a amizade dos dois permaneceu. Ele foi uma das vítimas que morreu ao lado da atriz.
Steve McQueen (Damian Lewis)
Apelidado de "King of Cool", McQueen é considerado um dos maiores astros de cinema de todos os tempos, acumulando no currículo filmes como Sete Homens e Um Destino (1960) e Crown, o Magnífico. Segundo sua ex-mulher, o ator chegou a ser convidado para ir à casa de Tate no dia dos assassinatos, mas "esbarrou em uma garota e decidiu ir embora com ela".
Bruce Lee (Mike Moh)
Ícone das artes marciais e do cinema, Lee era amigo de Tate, a quem havia treinado para o filme Arma Secreta Contra Martin Helm. Em Era Uma Vez... Em Hollywood, ele luta com o perosnagem de Brad Pitt, em uma cena que causou controvérsia.
George Spahn (Bruce Dern)
Spahn era dono de um rancho em Los Angeles que serviu de locação para vários westerns. Aos 80 anos, cego, ele deixou Charles Manson e seus seguidores viverem no local, em troca de trabalho.
Charles Manson (Damon Herriman)
O infame mentor do crime que tirou a vida de Sharon Tate e seus amigos era um músico frustrado, que acumulava passagens pela prisão. Os assassinatos foram uma espécie de resposta à rejeição de Manson pelo produtor musical Terry Melcher, que havia morado na casa de Tate antes de a atriz e Polanski se mudarem para lá. Condenado à morte em 1971, com sua pena transformada em prisão perpétua, ele morreu em 2017, aos 83 anos.
Lynette "Squeaky" Fromme (Dakota Fanning)
Membro da Família Manson que mais aparece em cena, Squeaky não foi julgada por envolvimento no assassinato de Tate e seus amigos. Em 1975, porém, ela tentou assassinar o presidente norte-americano Gerald Ford e foi condenada á prisão perpétua. Ela está livre, em condicional, desde 2009.
Wayne Maunder (Luke Perry)
Ele era uma das estrelas da série Lancer, que foi ao ar nos EUA entre 1968 e 1970. No filme, Rick Dalton, personagem de DiCaprio, se torna um dos vilões da atração.
James Stacy (Timothy Olyphant)
Stacy também era protagonista da série Lancer.
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