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De Netflix a Grammy: por que Demi Lovato pode dar volta por cima em 2020

Demi Lovato anuncia que cantará no Grammy - reprodução/Instagram
Demi Lovato anuncia que cantará no Grammy Imagem: reprodução/Instagram

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

16/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • No Grammy 2020, em 26 de janeiro, Demi fará sua 1ª apresentação desde a overdose
  • O simples anúncio da apresentação no Grammy levou o nome de Demi ao topo dos assuntos mais comentados das redes sociais no mundo inteiro
  • O perfil da cantora no Twitter foi reativado, agora sob o nome de "Team Demi". A mudança parece ser sinal de uma gestão de carreira mais profissional
  • O novo empresário, Scooter Braun, tem dado passos calculados para recolocá-la sob os holofotes. Agora, cabe a Demi se apresentar bem no Grammy
  • Ela também será uma das estrelas do filme "Eurovision", da Netflix, que terá Will Ferrell, Rachel McAdams e Pierce Brosnan

Demi Lovato anunciou que vai cantar no Grammy 2020 e em poucos minutos se tornou o assunto mais comentado das redes no mundo inteiro. De volta aos holofotes pela primeira vez desde julho de 2018, quando sofreu overdose e foi internada às pressas, ela foi escalada para cantar o hino dos Estados Unidos no Super Bowl e também estará no elenco do filme Eurovision, da Netflix, ao lado dos astros Will Ferrell, Rachel McAdams e Pierce Brosnan. Mas o maior indício de que sua carreira pode dar a volta por cima está no Twitter.

O Twitter de Demi, que passou quase um ano oculto, foi reativado anteontem para divulgar o anúncio do Grammy e acabou apresentando outra novidade aos fãs mais atentos: o perfil agora se chama "Team Demi" ("Time Demi"). Estas duas palavras são simples e nada reveladoras para quem não a acompanha, mas dizem mais do que um "textão" para quem a conhece. Agora, tudo indica que a página será administrada de forma estratégica por uma equipe profissional.

Esta sequência de acontecimentos se repetiu muitas vezes ao longo dos últimos anos: um famoso (de Taylor Swift a Mariah Carey) publicava algo polêmico sobre qualquer tema, que não precisava ter relação direta com Demi, e a cantora comprava a briga impulsivamente. Era comum encontrar tuítes de fãs que tentavam acalmá-la para não piorar a situação; eles sabiam o que poderia acontecer se ela não soltasse o celular.

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Demi Lovato faz show em março de 2018, poucos meses antes de sofrer overdose
Imagem: Paul Morigi/Getty Images for March For Our Lives

No submundo tóxico da internet, muitos fãs da celebridade em questão e haters de Lovato aproveitavam a oportunidade para ofendê-la com emojis de "baleia", criticando seu corpo e sua luta contra transtornos alimentares, e mensagens como "espero que você se mate". Demi demonstrava dificuldade para se desconectar das redes sociais nestes momentos.

Muitas vezes, enquanto sofria com o bullying, ela compartilhava as ofensas que recebia e parecia perder o sono com cada uma delas. Consequentemente, este ciclo se retroalimentava, agravava a depressão e os transtornos alimentares, impedia seu foco na música e abria espaço para uma possível recaída na dependência química, que realmente se concretizou em 2018.

Scooter Braun, seu novo agente, é um empresário criticado pela polêmica que envolve Taylor Swift, mas costuma manter Ariana Grande longe de "encrenca" e já tem vasta experiência em minimizar os danos de erros cometidos por artistas impulsivos —este é um talento desenvolvido em seus anos de trabalho ao lado do conturbado Justin Bieber. Para evitar que Demi viva se retratando ou adoecendo, a saída parece ser colocar uma equipe para cuidar de sua imagem na internet e afastá-la do que a machucava.

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Demi Lovato posa para foto ao lado do empresário Scooter Braun
Imagem: reprodução/Instagram

Os primeiros meses da "era Scooter" vão além desta decisão: sob a tutela dele, Demi participou da famosa série de comédia Will & Grace, que está em sua última temporada, e também estará no filme Eurovision, que será lançado neste ano —talvez não haja retorno mais seguro à carreira de atriz do que com um filme de streaming, sem correr o risco de virar piada global com um eventual fracasso de bilheteria.

De todo modo, estes trabalhos fora da música estavam cada vez mais distantes da realidade de Demi enquanto dependiam da ajuda de seu antigo agente, Phil McIntyre. Para além das decisões ruins tomadas pela cantora e da luta contra o vício, este empresário é apontado por ela própria e pelos fãs como um dos responsáveis pelos períodos em que sua carreira não foi destaque.

Com estilo mais "paternalista", Phil teve importância e a ajudou a lidar com a dependência química no passado (como ela reconhece no documentário Simply Complicated, disponível no YouTube), mas, com exceção da versão de divulgação da música Let It Go, que aparece nos créditos do filme Frozen, ele pouco fez para valorizar a imagem de Demi como uma artista à altura do potencial de sua voz.

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Demi Lovato em evento da Vogue em novembro de 2019
Imagem: Sarah Morris/Getty Images