Rock in Rio: Roberta Medina fala de playback de Anitta, protestos anti-Bolsonaro e 2021
Roberta Medina admitiu que também ficou com "a sensação" de que a funkeira Anitta havia usado playback em seu show no Rock in Rio. A vice-presidente do festival, no entanto, minimizou a situação, dizendo que muitos artistas que dançam muito nas apresentações utilizam o recurso.
"Acho que o mais importante é que a gente tem que acolher muito o talento da Anitta. Ela é uma cantora de 26 anos. O show foi brutal. Ela fez uma produção de nível internacional", comentou em entrevista ao jornal O Globo. "Todo mundo trabalha com playback, em geral os artistas que dançam muito precisam de um suporte porque, se é para ser live, é para ser livre. Não dá para pular tanto e fazer a voz perfeita, né?".
Ainda sobre o funk no festival, Medina disse que seu desgosto pelos exemplares atuais do gênero não deve impedi-lo de aparecer no Rock in Rio. "Eu, Roberta, não gosto de ouvir baixaria na minha casa com os meus filhos, não gosto de ver criança dançando na boquinha da garrafa. Mas quem quiser ouvir que ouça. Isso vale para qualquer ritmo", cravou.
"O funk já tinha estado aqui de forma mais sutil. O Buchecha já tinha estado aqui. Eu acho que, antes de falar de Anitta, temos que falar da Funk Orquestra. Foi muito emblemático. Foi o show do [palco] Sunset que lotou mais cedo. As pessoas cantaram todas as músicas. Todo tipo de público interagindo", disse ainda.
Drake e Bolsonaro
Outro show polêmico no festival foi o de Drake. O rapper canadense proibiu, de última hora, a transmissão da apresentação em canais de TV e streaming. Drake disse que a mudança foi por causa da chuva, mas o diretor da Globo, Boninho, contradisse essa explicação no Twitter.
"Estava combinado que seria transmitido. O que aconteceu é que ele ficou por algum motivo desconfortável e pediu para cancelar a transmissão", disse Medina, sem elaborar sobre o motivo do desconforto.
"A gente insiste, insiste, insiste, mas tem limite a compra da briga. E aí nesse caso o Rock in Rio cede. A gente vai acolher o talento que vai subir no nosso palco", completou.
Já sobre as manifestações políticas em cima do palco e por parte do público, Medina frisou que o Rock in Rio é um "espaço de livre expressão", que "nasceu como uma plataforma de liberdade de expressão, na saída da ditadura". No entanto, a organização do festival não se posiciona politicamente.
"A gente defende a mudança de comportamento para evitar catástrofes climáticas. A Amazônia, por exemplo, é um foco. A gente defende a diversidade pela existência do comportamento. Mas o que os artistas fazem, eles têm 100% de liberdade para fazer. Cada um que se entenda", definiu.
"Será que em algum Rock in Rio não xingaram um presidente da época? Até o [Roberto] Medina [presidente do festival] já foi xingado. Essas mesmas pessoas pedem depois para tirar foto com ele. Isso é comportamento de público. É óbvio que alguém quer mandar o cara tomar no c*, mas ainda entra o efeito da multidão", completou.
Espaço favela e 2021
A estreia do Espaço Favela, espaço dentro do Rock in Rio que simulava um ambiente de periferia e trazia artistas das comunidades, causou polêmica durante o festival. Medina, no entanto, avalia a experiência como um sucesso, e promete expansão.
"Foi um sucessão. Quem criticou porque a gente chamou de Espaço Favela é porque não é da favela. O fato de que aqui a favela está romantizada não quer dizer que não tem problema na favela", disse.
"99,9% das pessoas que vivem nas favelas são pessoas do bem. O Rio de Janeiro é favela. As pessoas que abastecem essa cidade moram na favela e são pessoas do bem. Eu fico feliz porque eles estão felizes. Para a próxima edição, o Espaço Favela vai ganhar uma dimensão maior", completou.
Por falar em 2021, Medina foi direta quando perguntada sobre o artista que quer trazer para o Brasil no próximo Rock in Rio: "Bruno Mars", disse sem pestanejar.
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