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Longe da TV, Lima Duarte prepara recital com conversa entre padre, índio e jagunço

Mirella Nascimento

Do UOL, em Paraty (RJ)

05/07/2013 19h19

Longe das novelas desde "Araguaia" (2010) e vivendo sozinho em um sítio no interior de São Paulo, o ator Lima Duarte tem se dedicado, sem pressa, à construção de um recital que reúne vozes de um padre, um índio e um jagunço, ainda sem data para estreia.

"Ainda não está totalmente pronto, mas só vou lançar quando eu quiser", disse o ator em entrevista exclusiva ao UOL em Paraty, onde participou de um debate sobre a obra de Dias Gomes em evento paralelo à 11ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), nesta sexta-feira (5).

O ponto de partida para o projeto foram os textos do padre Antônio Vieira, interpretado por Lima Duarte no longa "Palavra e Utopia" (2000), de Manoel de Oliveira. Ele busca ainda o personagem Riobaldo Tatarana, de "Grande Sertões: Veredas", de Guimarães Rosa, e um velho índio tupi que, nos primórdios da colonização, cria um subterfúgio linguístico para não louvar uma santa da qual não era devoto ao se ver obrigado a rezar uma versão de uma oração católica traduzida para o tupi. "Ao final de cada verso, ele dizia algo como 'Isso é ele quem está dizendo'", contou o ator.

Mesmo não finalizado, o espetáculo já ganhou o nome de "Um Padre, um Índio, um Ator e um Jagunço Mostram a Língua". "A língua, no caso, que eles se comunicam com Deus", explicou Lima Duarte.

Uma primeira versão do recital, ainda em processo de criação, foi apresentado no 6º Festival Ibero-Americano de Teatro, em março, com o nome de "Língua de Deus".

Apesar de ter recebido diversos convites de patrocínio, Lima Duarte não promete prazos para levar o projeto aos palcos do país. Assim como não tem nenhuma novela à vista. Por enquanto, ainda prefere gastar a maior parte do seu tempo lendo, ouvindo música e cuidando dos cachorros e cavalos do seu sítio.