Durante uma chuvosa e quente tarde de domingo, o segundo andar de um sobrado da Vila Mariana, bairro de classe média de São Paulo, recebe lutadores de artes marciais, acrobatas, atletas, motociclistas e indivíduos destemidos em geral para aprender e aperfeiçoar habilidades para poderem atuar cenas perigosas para cinema, vídeos publicitários e TV.
Sim, trata-se de um curso de dublês, profissão que voltou aos holofotes desde que Brad Pitt interpretou o debochado e controverso Cliff Booth, substituto do personagem de Leonardo DiCaprio, em "Era Uma Vez em? Hollywood". Pelo papel no longa de Quentin Tarantino, Pitt abocanhou os principais prêmios de ator coadjuvante da temporada, incluindo aí seu primeiro Oscar, um Globo de Ouro e um Bafta, entre (muitos) outros.
No conteúdo exposto nessa sala de aula localizada na Zona Sul de São Paulo, estão socos, cotoveladas, facadas, empurrões, tiros dos mais variados calibres, incêndios, explosivos, quedas, saltos e atropelamentos. Mas, também, pertencem ao currículo temas como ética profissional, postura, interpretação e dicas de mercado.
A reportagem do UOL se juntou à corajosa classe para assistir a um dia da programação do Centro de Treinamento Tático Dublês e Atores, que oferece desde reciclagem a profissionais que já estão no mercado, até cursos completos, do zero, para quem nunca teve contato com a atividade dar os primeiros passos (ou chutes).
Já ciente da grade programática, que envolve artes marciais, quedas, saltos de veículos em movimento, "tocha humana" e disparos cenográficos com armas de fogo, quando recebi a solicitação prévia para que eu informasse peso, altura, condicionamento físico e modelo do manequim, tive medo que estivessem encomendando meu caixão e minha mortalha.