"Se vocês ainda não sabem, cadeia ou morte, infelizmente, são as melhores estratégias de marketing para um rapper"
Pode parecer uma frase antiga, mas, em 2018, a máxima ainda está valendo para o rap norte-americano. Foi com ela que o DJ Akademiks, amigo próximo do rapper Tekashi 6ix9ine (foto), explicou por que o disco "Dummy Boy", um dos mais polêmicos do momento, teve seu lançamento adiado. Era de se esperar, afinal, 6ix9ine está mais uma vez atrás das grades e pode pegar de 32 anos a prisão perpétua por extorsão e ligação com uma gangue criminosa.
A conexão entre os mundos da música e das gangues, que remete aos primórdios do estilo, tem seus momentos de ebulição. O maior deles foi na época das mortes de Tupac Shakur e Notorius B.I.G., nos anos 1990 --casos que nunca foram resolvidos e recentemente levaram a mais uma leva de séries e documentários retratando suas histórias.
Agora, um ano depois de o hip-hop passar o rock como gênero mais consumido da música dos EUA pela primeira vez, novas mortes e prisões reacendem o debate sobre como ambiente determina a criação cultural e o real impacto entre as duas partes. E o resultado é que sim, rap e gangues seguem tendo ligação íntima, um se beneficiando do outro às margens da sociedade, algumas vezes subliminarmente, em outras, virando arma para se ganhar exposição --até que em casos como o de 6ix9ine, as coisas tomam proporções inesperadas.