Bárbara Labres e Gabily defendem mulheres no funk putaria: 'Era necessário'
Funks que cheiram a sexo e falam abertamente de prazer são uma realidade e já foram parar até entre as músicas mais tocadas do país. De "Baile de Favela" passando por "Deu Onda" até "Na Raba Toma Tapão", atual número 1 das músicas mais tocadas do Brasil no Spotify, elas têm em comum homens cantando sobre mulheres. Mas e quando o jogo vira?
Com mais um boom do funk putaria, vozes femininas voltam a enfrentar o preconceito já encarado por veteranas como Tati Quebra-Barraco, Valesca Popozuda e Deize Tigrona. Cantando abertamente o prazer sexual feminino, as mulheres do funk ainda sofrem com as reações a cada faixa lançada. E, se o homem sai do jogo até na hora da cama, a polêmica só aumenta.
Voz, violão e putaria
Gabily tem apostado cada vez mais no gênero. E, de quebra, achou uma forma criativa de responder àqueles que não viam valor no que ela canta. Só neste ano já lançou dois EP's: "Putaria Clássica" e "Putaria Clássica 2".
Peguei o violão e pensei em fazer algo diferente do que as pessoas sempre cantam em voz e violão. Quis limar a ideia de que o funk não tem musicalidade, não tem técnica vocal, não tem instrumento, que é uma coisa muito 'sujona', sempre no beat e na voz. Eu quis mostrar um outro lado do funk
"Vem Me Satisfazer"e "Abre a Firma" estão entre as músicas dos discos. "É uma luta constante que a gente tem de posicionamento. A galera interpreta como baixaria quando na real o meu som é empoderamento, é um grito de liberdade", resume a cantora, que é evangélica e diz ter tido a sorte de nunca ter sofrido preconceito nem dentro da igreja.
Eu tenho o mesmo direito de um homem de cantar o que eu quiser cantar
'Quem nunca gozou, agora vai gozar...'
Mas se os discos clássicos de Gabily foram super bem aceitos, tudo mudaria com a música nova de Bárbara Labres. A DJ, que convidou a funkeira mais MC Rebecca para interpretar "Quer Saber Por Quê?" foi detonada no Twitter ao insinuar sexo oral entre mulheres no clipe, que apesar de todo falatório já tem 1,5 milhão de visualizações.
Causou até mais do que eu imaginei. A imaginação da galera foi além. Fui julgada pra caralh*. As pessoas não estão acostumadas com uma mulher falando a palavra 'gozar'. Eu sabia que ia assustar um pouco, até porque eu sou muito discreta em relação à minha sexualidade. Mas ao mesmo tempo eu pensei que isso era necessário.
A música, que leva a assinatura dela e de Umberto Tavares, surgiu da falta de representatividade que a DJ estava sentindo no funk putaria. "Comecei a olhar os hits e era só homem cantando putaria, tipo 'Vai Luan', 'Tudo no Sigilo'. Kevin O Chris só lança música pesada e eu acho foda. E não tinha muita mulher fazendo isso", explica.
Bárbara, que não gosta de se rotular, mas diz ficar com homens e mulheres, sentiu falta de uma música 100% feminina.
Não tinha um funk pesadão falando que a mulher goza
Apesar de as ofensas terem a afetado a ponto de deixar a DJ dois dias afastada do smartphone, o balanço é positivo.
"Julgamento sempre tem. Se eu lançasse uma música gospel também teria gente julgando. Quebrei um tabu, então agora já estou mais preparada para as críticas. Só que a maioria das ofensas veio de mulheres. Isso que me deixou triste. 80% eram mulheres me criticando sendo que eu fiz a música para elas se sentirem fodas. Foi uma música de mulher, feita para a mulher."
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