No Oscar, Petra diz que cura do Brasil depende de cada um e lembra Marielle
A diretora do documentário "Democracia em Vertigem", Petra Costa, chegou na noite de hoje à cerimônia do Oscar, em Los Angeles (EUA), onde concorre na categoria de melhor documentário, usando um vestido vermelho. Acompanhe a premiação ao vivo pelo UOL.
Em entrevista ao canal TNT, Petra falou sobre as diferenças e ressaltou que a "cura do Brasil depende do voto de cada um". "Eu acredito que isso não é da alma brasileira, a gente consegue lidar com as diferenças, mas esse ódio não faz parte da nossa natureza. A cura do Brasil depende do voto de cada um. Não aguento mais gente falando que política é tudo igual. Esse é o segredo para continuarmos perpetuando desigualdades. O voto de cada um importa. A gente tem que barrar esse avanço do fundamentalismo", afirmou.
A cineasta disse ainda que tem "algumas ideias" sobre como será seu discurso caso ganhe o prêmio e falou sobre o processo de fazer o documentário: "O filme é uma carta de amor ao Brasil, ao país que seu sonhava que eu ia viver. Eu cresci acreditando que a democracia era uma coisa certa. É muito triste perceber o que estava acontecendo, o fascismo que estava brotando nas ruas em alguns momentos e se alastrando".
Em "Democracia em Vertigem", Costa faz um retrato pessoal do processo que tirou Dilma da presidência do Brasil, em 2016, a partir de um ponto de vista pessoal, misturando sua história familiar com a trajetória política do país. A história começa a ser contada a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e segue analisando a posterior crise política no Brasil. (Assista ao trailer do documentário abaixo)
"Democracia em Vertigem", dirigido por Petra Costa e distribuído pela Netflix, concorre com Indústria Americana (produzido pelo casal Barack e Michelle Obama), The Cave, For Sama e Honeyland.
Em entrevista ao UOL, por telefone, Petra disse que não esperava a indicação, e comemorou a surpresa. A diretora mineira ainda se diz honrada por concorrer em uma categoria que traz mais diretoras mulheres (dos cinco títulos indicados, quatro são dirigidos ou codirigidos por mulheres e quatro são de fora dos Estados Unidos) e mais diversa.
"A categoria de documentários está representando o feminino de uma forma impressionante e também representando o cinema estrangeiro. Isso reflete um passo muito importante que a Academia tem dado para incluir mais membros estrangeiros e mais mulheres entre os votantes", diz ela. "Estou feliz pelo Brasil e pela América Latina em um ano que não tem nenhum latino-americano indicado como melhor filme estrangeiro e nenhuma mulher indicada como melhor diretora. É muito importante estar representando nessa categoria", completa.
Protesto por Marielle Franco
Em sua chegada ao Teatro Dolby, onde é realizada a cerimônia do Oscar, Petra Costa também protestou pela morte da vereadora do PSOL, Marielle Franco.
A diretora segurou um papel com o nome da ativista assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro, e a pergunta: "Quem mandou matar Marielle Franco?". Quase dois anos depois, o crime ainda não foi solucionado.
Ao seu lado, a líder indígena Sonia Guajajara protestou contra o desmatamento ilegal na Amazônia.
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