Gabriel o Pensador mistura política, festa e fim de semana em Maresias no Lolla
Com 27 anos de carreira e 45 de idade, o Gabriel o Pensador ainda tem muito o que dizer. O rapper subiu ao palco do palco Onix do Lollapalooza às 15h e e realizou um dos shows mais políticos de um festival já bastante politizado.
Acompanhado de banda e DJ, com auxílio de dois MCs, Gabriel rejeita o partidarismo e apenas tangencia temas e bandeiras ligadas à esquerda e a direita do Brasil do ano de 2019. Seu recado pode ser mais genérico, mais festeiro, mas ainda é atual. O que realmente mudou no país nas últimas décadas?
Presidente morto
A nova versão de "Tô Feliz (Matei o Presidente)", que Gabriel compôs para o ex-presidente Fernando Collor e que relançou em 2017 como "Tô Feliz (Matei o Presidente) 2" para criticar Michel Temer, abriu a apresentação.
A letra não foi alterada para fazer alusão ao presidente Jair Bolsonaro, mas o trecho que diz "chamando políticos ridículos de mito" ganhou aplausos e gritos da plateia. Em seguida, o rapper emendou "FDP", em que pergunta: "Todo político é filho da p***?". A plateia não teve dúvidas.
Homenagem ao Charlie Brown Jr.
Outro destaque do show: a overdose de anos 1990 com a versão de "Zóio de Lula", do Charlie Brown Jr., que trouxe área de dub ao show de rap, com participação de Ude Fagundes. Gabriel ainda convidou a cantora Tais Alvarenga para outro cover da banda, "Dias de Luta, Dias de Glória", em mais uma homenagem a Chorão.
Luauzinho
Antes de emendar sua tradicional levada de improviso, o momento "Gabriel convida" continuou com a participação de Amanda Coronha, que também subiu ao palco, para mandar "Deixa Queimar".
O show então perdeu em beats e vibe rap, ganhando ar de fim de tarde em Maresias, com direito a luau e água de coco. Com mais de 30 graus no autódromo de Interlagos, até que cairia bem.
Jogando pra galera
"Palavras Repetidas", com refrão emprestado de "Pais e Filhos", da Legião Urbana, e "Solitário Surfista", louvor a Jorge Ben Jor, mostraram que Gabriel nunca deixou o lado festeiro pra trás, que afinal tem tudo a ver com o início do rap nos anos 1970, antes do discurso social dominar o estilo.
E ainda vieram os hits "Cachimbo da Paz", "Retrato de um Playboy", em que ele denunciou a violência contra a mulher, e "2345meia78", que teve de ser adiantada devido a um pequeno atraso no show. No fim, Gabriel ainda se emocionou ao lembrar do pai, que está hospitalizado. "Fiquei pensando nele durante durante o show. Obrigado, Lollapalooza."
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