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"True Detective" fecha 3ª temporada com fim melancólico e de volta à boa forma

Cena de "Now Am Found", episódio final da 3ª temporada de "True Detective" - Divulgação/IMDb
Cena de "Now Am Found", episódio final da 3ª temporada de "True Detective" Imagem: Divulgação/IMDb

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

26/02/2019 04h00

ATENÇÃO: Este texto contém spoilers do final da terceira temporada de "True Detective". Não leia se não quiser saber o que acontece.

A terceira temporada de "True Detective", da HBO, chegou ao fim no último domingo, e a resolução do mistério apresentada pelo criador e roteirista Nic Pizzolatto não decepcionou. Apesar de a série já ter entregado parte das respostas no penúltimo episódio, Pizzolatto tinha algumas cartas na manga para este final.

Nós já sabíamos, por exemplo, que a família de empresários Hoyt estava por trás do sequestro dos irmãos Julie e Will Purcell. O capítulo final revelou, no entanto, que a trama foi pensada especificamente por Isabel Hoyt (Lauren Sweetser), que ficou traumatizada após perder sua filha, Mary, em um acidente.

Isabel se encontrou por acaso com a pequena Julie Purcell e achou que ela lembrava muito a sua Mary. Com a ajuda do seu funcionário, Sr. Watts (Steven Williams), ela fez um trato com a mãe da menina, Lucy (Mamie Gummer), para que pudesse passar algum tempo com ela -- com a condição que seu irmão, Will, fosse junto.

Certo dia, enquanto o trio brincava na floresta, Isabel tentou sequestrar Julie. Will reagiu, e foi empurrado pela herdeira da família Hoyt, batendo a cabeça em uma pedra e morrendo. O Sr. Watts ajudou a posicionar o corpo do menino da forma como Wayne (Mahershala Ali) o encontrou em 1980.

Julie viveu por anos com Isabel, que a drogava e fez com que ela acreditasse que era na verdade sua filha Mary. Só em meados dos anos 1990 que o Sr. Watts a ajudou a fugir, e Julie viveu (o que os detetives acham ser) seus últimos dias em um convento.

A série tem uma reviravolta final, no entanto: na verdade, as freiras ajudaram Julie a fingir sua morte, e ela fugiu com um namoradinho de infância. De volta a 2015, Wayne e seu parceiro Roland (Stephen Dorff) chegam a encontrar-se com ela, mas o Alzheimer de Wayne impede que ele se lembre de quem ela é. 

Carmen Ejogo em cena da 3ª temporada de "True Detective" - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Carmen Ejogo em cena da 3ª temporada de "True Detective"
Imagem: Divulgação/IMDb

De volta à boa forma

O final melancólico e cheio de reviravoltas marcou uma temporada em que "True Detective" voltou ao topo do seu jogo. Após o fiasco do segundo ano, exibido em 2015 e quase universalmente odiado por fãs e críticos, Pizzolatto tentou corrigir o curso com muitas referências, temáticas e literais, às origens da série.

Assim como o primeiro ano, a nova "True Detective" examinou de forma tocante a forma como um homem (o Wayne de Ali) foi transformado e definido por um evento singular em sua vida (o caso das crianças Purcell). Pizzolatto adicionou um tempero adicional a esta história ao mergulhar mais fundo na relação entre Wayne e sua mulher, Amelia (Carmen Ejogo).

Ali e Ejogo foram uma dupla formidável em cena, um casal em que o equilíbrio de poder era claro. Ele não teve medo de trazer à tela os aspectos mais sombrios de Wayne, um homem por vezes intolerante, emocionalmente fechado e severo. Ela vibrou em inteligência e ambição, dando vida à mulher ousada que já existia no roteiro de Pizzolatto.

É especialmente saboroso ver Ejogo conseguindo outro grande papel, depois de ser revelada ao mundo com "Selma: Uma Luta Pela Igualdade" (2014). Desde então, a atriz esteve confinada a aparições pequenas e apagadas em franquias como "Animais Fantásticos" (ela é a Presidente Piquery) e "Alien" (a Karine de "Covenant").

Cena de "Now Am Found", episódio final da terceira temporada de "True Detective" - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Cena de "Now Am Found", episódio final da terceira temporada de "True Detective"
Imagem: Divulgação/IMDb

E agora?

Com o fim da terceira temporada, alguns fãs estão preocupados com o futuro da série --afinal, o intervalo entre o segundo e o terceiro ciclos de "True Detective" foi de quatro anos. O criador Nic Pizzolatto, no entanto, garante que a próxima temporada não vai demorar tanto assim.

"Depois de fazer uma temporada de 'True Detective', me sinto exausto. Mas preciso dizer: tenho uma ideia", comentou o roteirista à revista "Entertainment Weekly". "É uma ideia louca. Eu me perguntei: 'Para onde posso ir após essa temporada?'. Eu acho que minha ideia ainda precisa amadurecer. Eu estou pensando em fazer uma outra série, talvez até um filme, no meio tempo. Mesmo assim, a ideia está aqui".

Pizzolatto admitiu que a má recepção da segunda temporada foi parte do motivo pela demora da terceira. "Eu coloquei 'True Detective' na prateleira e fiz outras coisas", comentou. "Agora, é diferente. Eu estou me sentindo em um momento muito criativo, e quero continuar nisso, se a HBO me permitir".