Coincidência transformou Chay Suede em Erasmo Carlos em "Minha Fama de Mau"
27 de março de 2015. O dia em que Chay Suede conheceu Erasmo Carlos e teve a ideia de interpretá-lo no cinema. A história, já contada detalhadamente pelo ator em seu Instagram, ganha outro lado, também cheio de coincidências.
"Eu não tinha um ator para fazer o Erasmo. Um dia eu vi uma foto dos dois e percebi que eles tinham uma energia semelhante. E me caiu a ficha de que era isso que eu precisava. Pedi pra falar com o Chay, que já chegou falando: 'Bicho, eu ontem estive com Erasmo e queria fazer um filme da vida dele quando fui convidado para conversar contigo'," relembra Lui Farias, o diretor de "Minha Fama de Mau", sobre o primeiro encontro com seu protagonista.
Quatro anos depois, o filme que reconta um importante trecho da vida do Tremendão chega hoje aos cinemas. "Aquele garoto de repente apareceu e já se tornou aquilo, o próprio Erasmo. Depois veio a Malu (Rodrigues), que eu conhecia de garota e sempre foi a Wanderléa que eu quis. Ela também chegou com aquele entusiasmo e um outro olhar que o roteiro não tinha, me obrigando a voltar e fazer o roteiro novamente. E a Bianca (Comparato), que sugeriu fazer todas as personagens femininas que representam o amor", continua o diretor, destacando a importância do elenco na construção de "Minha Fama de Mau".
Completa o elenco principal Gabriel Leone, o Roberto Carlos, que ao lado de Erasmo formou uma das duplas mais importantes da música brasileira. O ator também surpreendeu Lui Farias. "O Gabriel entrou no estúdio para fazer uma cena com o Chay e os dois começaram a cantar. Era tão rápido e espontâneo, que eu achei inclusive que eles já fossem amigos e tinham ensaiado aquilo pra mim. Depois soube que eles nem se conheciam."
Parceria de cinco décadas
A história já estava prometida ao diretor desde que Erasmo Carlos anunciou sua biografia homônima ao filme, lançada em 2009. Lui Farias conhece o cantor desde a época dos bastidores dos filmes de Roberto Carlos dirigidos pelo pai dele, o cineasta Roberto Farias (1932-2018), entre 1968 e 1972.
"Eu ia fazer um filme de memórias do Erasmo, ponto. Durante o processo, eu fui percebendo que eu estava fazendo um filme que estava falando da minha vida. Meu pai pediu a Roberto Carlos uma música que fosse tema do filme "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" (1968). Ele pegou o pedido e reatou a amizade com o Erasmo, que fez a música do filme ("Eu Sou Terrível"). Então foi uma tecitura louca de vida com o filme que eu estava fazendo. E os filmes têm um jeito parecido: solto, pop, nonsense...", explica Lui sobre o ponto que liga o trabalho dele com o do pai.
O lado bom e ruim da época
"Minha Fama de Mau" se passa desde a transformação do Erasmo Esteves da Tijuca na estrela Erasmo Carlos, retratando o auge do cantor na Jovem Guarda e o abismo artístico após o fim daquele período. Apesar do tom leve que conduz a maior parte do filme, que usa até mesmo de recursos de quadrinhos, os reflexos de cinco décadas atrás não ficam de fora. Como, por exemplo, o comportamento de Erasmo e Roberto em relação a Wanderléa, algumas vezes machista, como o próprio Erasmo já admitiu.
"Você tirar isso da época que era, descaracteriza um pouco. É claro que a gente evoluiu muito, estamos vivendo um outro momento, mas não era assim antigamente. E o filme é antigo. Estamos trazendo ele para a atualidade, mas não pode descaracterizar", diz Malu Rodrigues sobre cenas marcantes, como a que Wanderléa é espiada pelos amigos enquanto se troca no camarim. Curiosamente, essa foi a última cena que a atriz gravou para o filme.
"É um filme sobre uma época diferente da época de hoje. Em que nem se discutia politicamente correto, muito menos feminismo da maneira abrangente com que a gente discute hoje. É um filme sobre uma época com os pontos positivos e negativos dela", resume Chay, que também faz uma sugestão aos seus fãs. "É um bom momento para você chamar seu avô para ir ao cinema."
"É uma alegria homenageá-lo vivo"
Seguro de sua experiência como cantor, e admirador da obra de Erasmo Carlos - "sempre achei ele um dos maiores letristas do Brasil" - Chay Suede assumiu o protagonismo de "Minha Fama de Mau" sabendo que honraria o ídolo.
"Foi uma alegria muito grande de homenageá-lo enquanto vivo, e poder dar de presente pra ele essa biografia. Que apesar de não ser uma biografia completa sobre a vida do Erasmo, é sim um conjunto de memórias carinhosas sobre um momento da vida dele, muito mais do que essa pressão e medo de ele não gostar", conta o ator.
Gabriel Leone, o Roberto Carlos, diz que a preocupação da dupla era outra. "Nosso processo foi muito semelhante no sentido de estudá-los, principalmente as referências que os caras tinham na época. Mas acima de tudo, queríamos construir os personagens com a nossa verdade e, principalmente, essa relação de amizade entre os dois, isso é o que a gente sempre quis que gritasse na tela, que as pessoas assistissem e tivesse lá a dupla de maior sucesso da história do Brasil."
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