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Com "A Amiga Genial" e "Baby", Itália vive boom de séries

Cenas de "My Brilliant Friend" e "Baby" - Divulgação
Cenas de "My Brilliant Friend" e "Baby"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

22/12/2018 04h00

As séries espanholas foram as grandes estrelas de 2018 (que o diga "La Casa de Papel"). Mas o final do ano mostrou que outro país europeu veio entrar com força no mercado extremamente competitivo das séries: a Itália, que viu as produções locais "My Brilliant Friend" (ou "A Amiga Genial", da HBO) e "Baby" (Netflix) viajarem o mundo entre novembro e dezembro.

Ambas conseguiram, a sua própria maneira, colocar o país de Federico Fellini, Marcello Mastroianni e Sophia Loren no mapa dos viciados em séries - muito por causa de suas respectivas emissoras, que conseguiram levá-las para além da Europa a passos largos. Mas as bagagens bem particulares de cada uma também deram um empurrão.

"My Brilliant Friend" é uma adaptação de "A Amiga Genial", primeiro volume da celebrada tetralogia napolitana da escritora Elena Ferrante, que vendeu mais de 10 milhões de cópias em 40 países. Já "Baby", inspirada em um escândalo real de prostituição de adolescentes, foi criticada antes mesmo de estrear por grupos que enxergaram nela a glamorização de um problema grave.

Cena da série "My Brilliant Friend", baseada no livro "A Amiga Genial" - Divulgação - Divulgação
Eilsa del Genio e Ludovica Nasti são as atrizes mirins de "My Brilliant Friend"
Imagem: Divulgação

As duas séries não poderiam ser mais diferentes. "My Brilliant Friend", já renovada para sua segunda temporada, é um retrato cativante e brutal da amizade de duas garotas, Lenu e Lila, na Nápoles dos anos 1950. É uma produção de detalhes, em que pequenos acontecimentos costuram a infância e a adolescência das garotas, permeadas pela violência e pelos resquícios de um país recém-saído de uma guerra mundial.

Fiel ao livro original sem jamais ser sufocada por ele, a série é uma obra de arte completa. A cenografia faz uma reconstituição de época de encher os olhos, assim como o figurino, e as atuações são excepcionais - o que vale inclusive para as das atrizes Eilsa del Genio e Ludovica Nasti, que vivem Lenu e Lila ainda crianças. "My Brilliant Friend" é um drama do mais alto nível.

A proposta de "Baby" é outra. Mais voltada aos adolescentes e aos jovens adultos, a série evoca "Gossip Girl" e a recente "Elite", também da Netflix, com seu retrato dos jovens endinheirados que frequentam um colégio exclusivo em Parioli, bairro de classe alta em Roma, na Itália. Intrigas, triângulos amorosos e festas estão na trama, que gira em torno de Chiara (Benedetta Porcaroli) e Ludovica (Alice Pagani), duas garotas que acabam se envolvendo com o mundo da prostituição.

A série vem dividindo opiniões e ainda não foi renovada para uma nova temporada. Pouco original, ela não tem um mistério que avance os acontecimentos, o que faz a história sofrer, principalmente no começo. "Baby", no entanto, tem a vantagem de ter um público-alvo certeiro que deve devorar a produção, que conta com apenas seis episódios.

Para fazer justiça, é necessário dizer que "Baby" tem algo em comum com "My Brilliant Friend" além de sua origem: a dupla de protagonistas. Ambas as produções têm como estrelas uma loira de olhos claros, mais certinha (Chiara/Lenu), e uma morena rebelde, avessa às regras (Ludovica/Lila). Na série da Netflix, porém, a amizade entre as duas é trabalhada de forma infinitamente mais superficial do que na da HBO.

Mais séries italianas

Cena da série "Gomorra" - Divulgação - Divulgação
"Gomorra" fez sucesso em vários países ao estrear, em 2014
Imagem: Divulgação

Notória por seu cinema, a Itália pouco era reconhecida internacionalmente por suas séries. Quem começou a mudar o jogo, ainda em 2014, foi "Gomorra", baseada no livro homônimo do jornalista Roberto Saviano sobre a Camorra, a máfia napolitana. No mesmo ano, ela foi vendida a vários países - e chegou ao Brasil pela HBO.

Três anos mais tarde, a Netflix viria a lançar sua primeira série original italiana: "Suburra", também centrada no crime organizado e na corrupção. Desta vez, porém, em um novo endereço: a cidade de Roma. Ainda em 2017, a Itália entrou em primeiro plano com a série "The Young Pope", que traz Jude Law como um Papa nada comum. Apesar de ser falada em inglês e contar com atores britânicos e americanos em seu elenco, a atração foi comandada pelo diretor italiano Paolo Sorrentino, de "A Grande Beleza". O sucesso foi tamanho que já foi encomendada uma nova temporada da série, exibida aqui pelo Fox Premium.

Para 2019, uma nova série italiana deve dar o que falar: "Luna Nera" (Lua negra, em português). Da Netflix, a produção vai contar a história de duas mulheres acusadas de bruxaria na Itália do século 17.