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Marcello Cassetari, do Virgulóides, morre após acidente saindo do banho

Marcello Cassetari tocava guitarra e cavaquinho no Virgulóides - Reprodução/Facebook
Marcello Cassetari tocava guitarra e cavaquinho no Virgulóides Imagem: Reprodução/Facebook

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/08/2018 11h22

Um dos músicos que fez fama na década de 1990 com os Virgulóides – banda do hit “Bagulho no Bumba” -, o guitarrista Marcello Cassetari, conhecido como Marcello Fumaça, morreu na última segunda-feira (20), em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Ele sofreu um acidente ao sair do banho e cerca de 24 horas depois morreu, com suspeita de uma hemorragia interna.

Cassetari, nascido em 1967, foi enterrado na presença de familiares e amigos em Praia Grande, na quarta-feira (22).

O acidente que lesionou o músico aconteceu no domingo, segundo Paulo Jiraya, baterista do Virgulóides quando a banda estava ativa e amigo de Cassetari.

“Ele teve um acidente dentro de casa, no dia 19. Estava saindo do banho, pisou em falso, escorregou e bateu com as costas no vaso sanitário”, relatou Jiraya ao UOL. “Ele estava sentindo muita dor. Foi ao hospital e lá pediram um raio-X e exame de sangue, que detectaram uma costela quebrada.”

Marcello - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Marcello Cassetari, que tocava guitarra e cavaquinho no Virgulóides, em foto antiga com Bezerra da Silva
Imagem: Reprodução/Facebook
Para amigos e familiares, o tratamento dado a Marcello foi negligente. Marcello buscou cuidados no pronto-socorro do Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, e, ao ser diagnosticado com a costela quebrada, recebeu alta.

“Mais tarde, ele ainda estava com muita dor, não estava suportando, então foi pela segunda vez ao hospital. E tudo isso andando. Detectaram então que eram duas costelas quebradas, mas ele recebeu alta de novo”, contou o baterista, sobre os relatos dados pelos familiares do músico, abalados pelo caso.

Jiraya conta que Cassetari voltou para casa, sentiu mais dores e chamou o Samu. O atendimento teria demorado 40 minutos, e os socorristas chegaram quando o músico já havia morrido – tentativas de reanimação acabaram não surtindo efeito.

Henrique Lima, vocalista e guitarrista do Virgulóides, também soube do caso pela mulher de Cassetari e confirmou o relato, com pequenas diferenças - segundo afirmou ao UOL, a perfuração pode ter sido no pulmão, e a queda teria sido sobre um bidê.

Informações preliminares passadas aos familiares indicam que as fraturas nas costelas levaram a uma perfuração no baço, e a hemorragia interna teria causado a morte de Cassetari. Um laudo conclusivo deve demorar 30 dias a ser finalizado.

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Paulo expressa a revolta dos amigos e familiares com o caso. “Se uma pessoa tem uma queda e depois de 24 horas morre, tem alguma coisa errada. O que se fala é sobre negligência médica, é o que acredito que aconteceu”, opinou ele.

O Hospital Irmã Dulce foi procurado pela reportagem, mas ainda não se pronunciou sobre o ocorrido e as acusações.

Marcello e os Virgulóides

Paulo Jiraya conta que foi ele quem levou Marcello Cassetari para os Virgulóides. A banda tinha três integrantes fixos – um deles o baterista – e Marcello entrou como um dos outros três músicos contratados.

“Ele era meu amigo antes do Virgulóides, eu que indiquei ele pra banda. Sabia o talento dele e sugeri pros outros dois integrantes para ele tocar com a gente na época. Foi uma relação de mais de 20 anos”, diz Jiraya, que mantinha contato virtual com Marcello, já que eles se distanciaram por morarem em cidades diferentes.

“Ele era muito bacana, tinha senso de humor, a gente dava muita risada com ele. Todo mundo tinha admiração e carinho por ele. Ele não ficou com a gente até o final. Saiu, voltou, mas sempre manteve amizade. Fiquei muito chateado e indignado com o que aconteceu”, finalizou baterista.

Henrique também lembrou do amigo com saudades. “Depois que o Virgulóides parou tive várias bandas com o Marcello, foram mais três bandas em que trabalhamos juntos. A gente se falava toda semana. Ele era um cara extremamente engraçado, que a gente vai contar pra vida inteira, um cara gente finíssima".

"Bagulho no Bumba", que levou os Virgulóides à fama, foi lançada junto ao primeiro álbum da banda, "Virgulóides?", de 1997, uma aposta do produtor musical Carlos Miranda, que morreu em março. O grupo ainda gravou mais dois discos, "Só Pra quem Tem Dinheiro?" (1998) e "As Aventuras dos Virgulóides" (2000).

As últimas atividades do Virgulóides foram os shows em 2012, na Virada Cultural, e em 2013, no “Som Brasil”, da Globo.