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Aretha Franklin morre aos 76 anos: o mundo perde a rainha da soul music

Renata Nogueira e Osmar Portilho

Do UOL, em São Paulo

16/08/2018 11h03

Aretha Franklin, uma das artistas mais influentes da história e intérprete de sucessos como "Respect" (1967) ou "I Say a Little Prayer" (1968), morreu às 10h50 (de Brasília) desta quinta-feira (16), aos 76 anos, após uma longa batalha contra um câncer no pâncreas. De acordo com a agente da cantora, ela estava em sua casa, em Detroit, nos Estados Unidos, ao lado da família e de amigos.

"Em um dos momentos mais sombrios das nossas vidas, nós não encontramos palavras para expressar a dor nos nossos corações. Nós perdemos a matriarca e a rocha da nossa família. O amor que ela tinha pelos filhos, netos, sobrinhos, sobrinhas e primos não tinha paralelo", disse a família em um comunicado oficial. Os detalhes sobre o funeral serão divulgados nos próximos dias.

"Nós estamos profundamente tocados com a incrível demonstração de amor e apoio que recebemos dos amigos mais próximos e dos fãs de todo o mundo. Obrigado pela compaixão e pelas preces. Nós sentimos o amor de vocês pela Aretha e isso nos trouxe o conforto de saber que o seu legado sobreviverá. Nesse luto, pedimos respeito e privacidade nesse momento difícil", concluiu o comunicado. 

Em uma de suas últimas apresentações, em novembro de 2017 em Nova York, ela já aparentava estar frágil e debilitada. Uma fonte próxima da cantora informou ao site "TMZ" que, nos últimos dias, ela estava pesando menos de 40 kg. 

Logo após o anúncio da morte de Aretha, artistas de todo o mundo lamentaram a notícia e contaram como foram influenciados pela cantora. O brasileiro Gilberto Gil usou um dos maiores sucessos de Aretha para homenageá-la, postando no Twitter a frase "I say a little prayer for you". Já Cristina Aguilera agradeceu a cantora por sua "voz, música e alma".

"Queen of soul"

Cantora, compositora e dona de um timbre inconfundível, Aretha é considerada a rainha da soul music. Em mais de 60 anos de carreira, acumulou 18 prêmios Grammy, que a tornaram a segunda cantora com o maior número de estatuetas. Ela também fez história como a primeira mulher a entrar no Hall da Fama do Rock em 3 de janeiro de 1987.

Considerada uma das maiores vozes de todos os tempos, Aretha Louise Franklin nasceu em Memphis, nos Estados Unidos, no dia 25 de março de 1942. Filha de Barbara Siggers e Clarence LaVaughn Franklin, Aretha passou parte de sua infância mudando de cidade diversas vezes até se estabelecer em Detroit. Foi lá que seu pai, um pregador itinerante da Igreja Batista, estabeleceu sua própria congregação.

Com a proximidade da igreja, começou a cantar aos dez anos de idade. A congregação recebia a visita de vários artistas que se tornaram referência para Aretha, como Sam Cooke e Mahalia Jackson. Apoiada pelo pai, ela fez sua primeira aposta na indústria fonográfica em 1956 ao gravar o álbum gospel "Songs of Faith", aos 14 anos. Em pouco tempo, sua voz se destacou nos corredores de gravadoras e, se afastando da temática religiosa nas canções, recebeu diversas propostas.

Contratada pela Columbia Records em 1961, começou a trabalhar com o produtor John Hammond, que já acompanhava estrelas como Billie Holliday e Count Basie. Mesmo com muita expectativa em torno de Aretha, seu sucesso nos primeiros nove discos ficaram aquém do esperado pela gravadora, que não renovou seu contrato após seis anos.

Já em janeiro de 1967, Aretha foi contratada pela Atlantic Records, onde passou a interpretar outros gêneros musicais. E o sucesso veio rápido. "I Never Loved a Man the Way I Love You" se tornou a canção mais tocada das paradas R&B e a nona posição geral da Billboard Hot 100. Em abril daquele ano, Aretha lançou "Respect", canção de Otis Redding que se tornou um hino feminista e o maior sucesso de sua carreira. A música rendeu ainda o primeiro Grammy da carreira dela.

Os anos seguintes, na década de 1970, estabeleceram a cantora com um dos ícones da música mundial.

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Hits no topo

A lista de singles de Aretha Franklin que estiveram no topo das paradas de R&B é extensa. Só em 1967, quatro canções lideraram o ranking: "I Never Loved a Man the Way I Love You", "Respect", "Baby I Love You" e "Chain of Fools". Até 1977, com exceção de 1975, a cantora sempre emplacou pelo menos uma canção no lugar mais alto da lista do gênero.

Foi naquele período que Aretha eternizou sucessos como "Call Me", "I Say a Little Prayer", "Son of a Preacher Man", "Spanish Harlem", "Angel", "I'm in Love" e outras.

Prêmios e homenagens

Aretha Franklin tem um dos nomes mais lembrados no Grammy com 44 indicações e 18 prêmios, além de três homenagens especiais por sua carreira. Em 1979, foi homenageada com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood e, em 1987, se tornou a primeira mulher a entrar no Hall da Fama do Rock.

Família e problemas de saúde

Aretha Franklin se apresenta em um evento da Fundação Elton John contra a Aids, em novembro de 2017, em Nova York - Dimitrios Kambouris/Getty Images - Dimitrios Kambouris/Getty Images
Bem mais magra, Aretha Franklin canta em um evento da Fundação Elton John contra a Aids em novembro de 2017
Imagem: Dimitrios Kambouris/Getty Images

Aretha Franklin teve quatro filhos --Clarence, Edward, Ted e Kecalf-- e foi casada duas vezes. O primeiro relacionamento foi com Ted White, entre 1961 e 1969, e depois com Glyn Turman, entre 1978 e 1984.

Durante a década de 1980, Aretha admitiu ter problemas com o cigarro e álcool. Em 1992, parou de fumar porque estava "estragando sua voz".

Os problemas de saúde da cantora se intensificaram em 2010, quando cancelou uma série de shows e foi submetida a uma cirurgia. Na época, rumores já afirmavam que ela sofria de câncer no pâncreas. Nos anos seguintes, Aretha voltou ao noticiário depois de cancelar apresentações por causa de internações de emergência.

A cantora seguiu com apresentações esporádicas. Em 2017, reapareceu bem mais magra e, durante um show em Detroit, pediu para a plateia: "Orem por mim". Seu último show foi em 7 de novembro de 2017, durante evento promovido pela fundação de Elton John contra a Aids, na Cathedral of Saint John the Divine, em Nova York.