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Esvaziada, Comic-Con deixou a desejar nas novidades em 2018

"Deadpool 2" ganhou painel na SDCC, mas novos filmes do universo X-Men foram ignorados - Chris Pizzello/Invision/AP
"Deadpool 2" ganhou painel na SDCC, mas novos filmes do universo X-Men foram ignorados
Imagem: Chris Pizzello/Invision/AP

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

23/07/2018 16h13

Para quem acompanha quase que religiosamente a San Diego Comic-Con, que há décadas ocupa o posto de maior convenção de cultura pop do mundo, a edição de 2018 deixou um gosto amargo. Ao contrário de outros anos, o evento teve dificuldades de monopolizar as atenções – e sofreu de forma irremediável com as ausências de grandes produções como “Vingadores 4” e “Game of Thrones”.

Não leve a mal: é fato que a Comic-Con é uma força incontestável no universo do entretenimento, capaz de mobilizar de forma única tanto fãs espalhados pelos mundo quanto os 150 mil afortunados que se deslocam anualmente para curtir quatro dias intensos no sul da Califórnia. Ela é o desejo máximo de muitos aficionados por filmes, séries e afins – um posto que nem a Comic-Con de Nova York nem a brasileiríssima Comic-Con Experience conseguem, apesar de serem maiores quando se fala em números absolutos de público.

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Quando se pensa na San Diego Comic-Con como palco das maiores novidades do cinema e da TV, porém, 2018 deixou – e muito – a desejar. A feira que em anos passados foi chacoalhada pelos anúncios de “Vingadores“ e de “Batman vs Superman” estava nitidamente esvaziada, e não teve nada que chegasse à altura neste ano. Isso se refletiu nos relatos, publicados por fãs e jornalistas, de que estava mais fácil entrar e sair do Hall H, o principal auditório do evento. 

Parece que dessa vez, em particular, todos os astros resolveram conspirar contra a convenção de San Diego. Com “Capitã Marvel” e “Vingadores 4” previstos para chegar só em 2019, os estúdios Marvel resolveram pular o evento – o que, de certa forma, se mostrou providencial para seus executivos e suas estrelas, que não tiveram que encarar fãs e imprensa em meio ao turbilhão da demissão do diretor James Gunn.

A Fox, ainda em processo de aquisição pela Disney, tinha a oportunidade perfeita para promover “X-Men: Fênix Negra“ e “Novos Mutantes”, ambos empurrados para 2019. Mas o estúdio optou, inexplicavelmente, por dedicar um painel inteiro a “Deadpool 2”. Obviamente, não houve grandes novidades, visto que o filme estreou em maio. O estúdio ainda deixou para debutar o trailer de seu próximo blockbuster, “Alita – Anjo de Combate”, nesta segunda-feira pós-SDCC, em um evento próprio global que envolveu um bate-papo ao vivo com o diretor Robert Rodriguez, o produtor James Cameron e a protagonista Rosa Salazar. 

Entre as séries, as coisas não foram muito melhores. Tendo acabado de filmar a oitava e derradeira temporada de “Game of Thrones”, a HBO resolveu segurar o mistério em torno dela e não trouxe seu elenco a San Diego, quebrando uma tradição que já durava sete anos. Já a Netflix, depois de se jogar na Comic-Con em 2017 com dois grandes painéis dedicados a “Os Defensores” e “Stranger Things”, resolveu vir mais discreta esse ano. Sua maior apresentação foi dedicada a “Punho de Ferro”, série mais criticada entre as da parceria com a Marvel.

Acabou que os grandes destaques da Comic-Con neste ano foram de duas figurinhas recorrentes da feira: o universo cinematográfico da DC e a série de zumbis “The Walking Dead”. Mas eles também deixaram uma sensação de “poderia ser melhor”. A DC, apesar de estrear os aguardados trailers de “Aquaman” e “Shazam!” e de exibir cenas inéditas do novo “Mulher Maravilha”, não fez qualquer menção a outros projetos como “The Batman” e “Flash” – talvez justamente para evitar se comprometer enquanto coloca a casa em ordem após o fracasso de “Liga da Justiça”.

“Walking Dead”, por outro lado, finalmente oficializou a saída do ator Andrew Lincoln, que encerrará sua participação como Rick Grimes na nona temporada, que estreia em outubro. O impacto emocional, porém, ficou bem longe da catarse coletiva que poderia ser. A série já vinha em um mau momento, lidando há dois anos com a debandada sistemática do público, e não ajudou em nada o fato de que a saída de Lincoln já era dada como certa desde maio, o que foi confirmado por entrevistas da equipe antes do painel.

Houve bons momentos entre os painéis menores, como a reunião do elenco de “Breaking Bad” para celebrar os dez anos da série e a première do trailer de “Vidro”, projeto de M. Night Shyamalan que dará sequência a “Corpo Fechado” e “Fragmentado”. Mas, no fim das contas, a SDCC 2018 não trouxe nenhuma novidade de peso, com capacidade para explodir (metaforicamente, claro) a cabeça dos fãs e criar expectativas. Fica a torcida para que 2019 (e os estúdios) seja mais generoso com o evento e com os fãs.