'Walking Dead': Conheça Greg Nicotero, o mago por trás dos zumbis da série
Em dez temporadas, "The Walking Dead" trocou de showrunners, viu altos e baixos de audiência e deu a adeus a muitos personagens (Rick e Michonne que o digam). Seus zumbis, no entanto, seguem aterrorizando gente dentro e fora da série, uma obra de Greg Nicotero.
Supervisor de efeitos especiais de maquiagem, produtor executivo e ocasionalmente diretor, Nicotero é o "pai" dos mortos-vivos no universo "TWD" e tem uma ligação de longa data com zumbis e outras criaturas monstruosas.
Em entrevista ao UOL, Nicotero relembra sua carreira ao lado de ícones do horror como George A. Romero, elege seu zumbi preferido de "Walking Dead" e ainda fala sobre o possível fim da série, que encerra hoje seu décimo ano, na Fox.
Começo com zumbis
Hoje com 57 anos, Nicotero começou sua carreira em 1985, aos 22, quando foi assistente do lendário maquiador Tom Savini —conhecido como "o padrinho do gore"— em "Dia dos Mortos", clássico de Romero. Dali em diante, ele trabalhou em algumas das maiores franquias de horror ("Evil Dead", "A Hora do Pesadelo", "Halloween", "O Massacre da Serra Elétrica") e caiu nas graças de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, com quem colaborou em produções como "Pulp Fiction", "Kill Bill" e no recente "Era Uma Vez Em... Hollywood".
De seu extenso currículo, dois filmes, em particular, foram mais determinantes para levá-lo a "Walking Dead": "À Espera de Um Milagre" (1993), em que colaborou com o diretor Frank Darabont, que depois viria a criar a série, e "Terra dos Mortos" (2005), de Romero, que lhe deu uma base para os zumbis da TV.
"Ao fazer a série, nós tínhamos ideias muito específicas sobre lentes de contato, dentes, a pele ao redor da boca, as paletas de cores", explica. "Muito disso foi algo que comecei a fazer em 'Terra dos Mortos'. Sentia que os zumbis não se pareceriam com o que compreendemos como zumbis se eles tivessem olhos humanos, então colocamos lentes de contato em todo mundo. Também ajustamos o tamanho do nariz, o caimento do cabelo e a cor dos dentes".
"Sinto que daqui cinco, dez anos, as pessoas vão falar sobre como zumbis seriam e vão olhar para nosso trabalho em 'Walking Dead', o que considero um grande elogio".
A zumbi preferida
Quatro vezes premiado com o Emmy por seu trabalho em "The Walking Dead", Nicotero não esconde o ânimo com a série —especialmente pelo fato de ela abraçar de vez os efeitos práticos e de maquiagens e não se limitar apenas àqueles gerados digitalmente, algo que vinha se tornando prática corrente na indústria.
"Não poderia estar mais orgulhoso da minha equipe; sinto que 'Walking Dead' fez muito para colocar os efeitos de maquiagem sob o holofote de novo", diz. "Quando eu era jovem, havia Rick Baker, Stan Winston, Tom Savini e Rob Bottin, todos esses artistas que fizeram um trabalho revolucionário. Se você ver 'Um Lobisomem Americano em Londres', 'O Enigma de Outro Mundo' ou 'Madrugada dos Mortos', são filmes que realmente mudaram a forma como vemos o horror e os efeitos especiais. E nos anos 1990 veio um grande boom dos efeitos especiais digitais. 'Walking Dead', que realmente abraça os efeitos práticos, fez muito pela área".
Em mais de uma década trabalhando na série, Nicotero e sua equipe já criaram todo tipo de zumbi, incluindo um "pelado" e os mortos-vivos "de estimação" de Michonne, que foram recriados para o último episódio dela. Sua favorita, no entanto, é a "garota da bicicleta", a primeira zumbi que Rick Grimes encontra após acordar de seu coma e deixar o hospital. "Foi o nosso cartão de visitas, a primeira imagem divulgada da série. Foi a primeira vez em que o mundo pôde ver como os nossos zumbis seriam."
A rotina
O trabalho nos bastidores da série é intenso, e não há uma fórmula pronta para dar vida aos mortos-vivos (sem qualquer intenção de trocadilho). "Nossos maquiadores, escultores e pintores têm a oportunidade de criar e uma tela em branco todos os dias. Criamos centenas de novas esculturas a cada dia, e os maquiadores podem escolher seus modelos e as próteses. É como ter uma banda e ver os músicos criando algo diferente sempre."
Ao longo dos anos, porém, tornou-se necessário atualizar certos aspectos do visual dos zumbis, especialmente porque a série teve vários saltos temporais. "Conforme a série progride, os zumbis ficam mais e mais decompostos, mais podres, então começamos a explorar o corpo inteiro, com a pele decomposta até o músculo e até o osso", nota.
Nicotero sabe, aliás, que a série tem que se reinventar —algo essencial em um momento no qual ela vê sua audiência patinar. "Nessa temporada houve muitos ataques zumbis e sequências que envolveram milhares de figurantes", diz, referindo-se às batalhas contra os Sussurradores, os vilões que usam máscaras feitas com peles de zumbis e se camuflam em meio às hordas. "Foi maior do que qualquer coisa que fizemos antes. Temos consciência de que precisamos manter nosso público engajado na forma como lidamos como zumbis, e acho que criamos algumas sequências incríveis. Estamos sempre tentando ir além dos limites".
E o fim?
Com sua 11ª temporada confirmada (uma leva de spin-offs em produção), "The Walking Dead" não parece nem próxima do fim, e isso tampouco é algo discutido entre Nicotero e os outros produtores. "Quando os quadrinhos acabaram no ano passado, todos nós começamos a pensar onde iríamos parar. Mas sinto que quando entrarmos na nova temporada, vamos estar nos aproximando mais rápido das HQs e precisaremos ver se continuamos e vamos além".
Seu filho e sua filha tinham 7 e 4 anos, respectivamente, quando a série começou. "Agora meu filho vai se formar no ensino médio, e eles passaram os últimos dez anos sendo parte da série", diz. "Há um número infinito de histórias a contar, mas eu adoraria saber que há um fim à vista, para podermos trabalhar na história. Tenho certeza de que quando a série eventualmente acabar, tudo será cuidadosamente construído".
Até lá, porém, sua vida não vai girar apenas em torno de zumbis. "Estou desenvolvendo duas outras séries. Uma é sobre bruxaria e se chama 'Rachel Rising', baseada em uma graphic novel, e outra se chama 'Shock Theatre', que é uma homenagem aos filmes de ficção científica dos anos 1950", conta. Nicotero ainda é showrunner da série "Creepshow", uma antologia de histórias de terror. "Como escrevo, dirijo e produzo, é um escape quando quero fugir um pouco dos zumbis", brinca.
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