Produtor de Walking Dead vê semelhanças entre série e crise do coronavírus
Um vírus novo e de rápida disseminação. Pânico. Rumores. Poderíamos estar falando tanto do surto de covid-19, a nova variedade do coronavírus, ou do começo de "The Walking Dead", que há dez anos conta a história de sobreviventes em meio a um verdadeiro apocalipse zumbi. A semelhança entre vida real e ficção não passou despercebida nas redes sociais —onde as piadinhas com a comparação têm corrido soltas— e nem pelo produtor executivo da série, Greg Nicotero.
Em uma conversa por telefone com a reportagem do UOL, Nicotero traçou paralelos entre a série e o vírus que vem se espalhando por vários países, Brasil incluso. "A série sempre foi sobre o que as pessoas estão dispostas a fazer para sobreviver. É uma história muito humana, pois todos nós já imaginamos o que faríamos em situações desafiadoras. É muito interessante ler as manchetes sobre o coronavírus e tudo o que está acontecendo porque você sempre nota como as pessoas reagem a certas coisas e a certas situações, seja politicamente ou em seu trato com os outros".
Para ele, muito do clima de terror que se instaurou em torno do vírus está ligado à forma como a mídia trata o assunto. "Mesmo quando você volta para o começo de 'The Walking Dead', o noticiário é como todos os personagens se informam", explica. "Ninguém sabe o que está acontecendo, eles dependem das notícias sobre o fato de que as pessoas estão voltando da morte. Mesmo no início do apocalipse zumbi, a mídia teve grande culpa na forma como a informação foi transmitida."
Aos 56 anos, Nicotero tem uma grande experiência com terror: antes de produzir "Walking Dead" e criar as elaboradas maquiagens dos zumbis, ele trabalhou em produções como "Dia dos Mortos", clássico de George A. Romero, e filmes das franquias "Halloween" e "A Hora do Pesadelo". Para o produtor executivo da série, essas produções causam terror porque mexem com nossos medos primitivos, como o medo da morte -assim como as notícias da vida real.
"As pessoas não entravam no mar depois de 'Tubarão' porque tinham medo", lembra.
Esses medos primitivos fazem parte do nosso inconsciente coletivo. O que está debaixo da cama? Quem está atrás da porta? Todas essas situações brincam com esses medos sobre aquilo que não controlamos. O medo é algo que faz com que percebamos quão frágil nosso sistema é e como, realmente, não temos controle.
E "The Walking Dead", na visão de Nicotero, sempre refletiu questões sociais. "Quando o apocalipse zumbi ocorre, ele realmente deixa para as pessoas apenas o básico em termos de humanidade, e esse sempre foi o foco da série. Essa temporada teve um clima de Guerra Fria, questionando em que você pode confiar, trazendo cenas de paranoia, enquanto as outras eram sobre o que faríamos para sobreviver. Em relação ao que está acontecendo hoje, você tem as pessoas em atrito com seus líderes. Coisas como essa são universais, e acho que isso é o que torna a série ótima".
"The Walking Dead" vai ao ar todos os domingos, às 23h, no FOX Channel e, logo depois, à 00h30 (madrugada de segunda) no FOX Premium 2. Os novos episódios também estarão disponíveis no aplicativo da FOX para assinantes Premium.
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