Colunistas e redação do UOL elegem os melhores filmes e séries do Amazon
Contos de amor, a rotina em um escritório de advocacia, comédias de humor ácido, Al Pacino caçando nazistas, séries de animação japonesas e até Rihanna: se depender do catálogo do Amazon Prime Video, ninguém morre de tédio nesta quarentena.
Para ajudá-lo na árdua tarefa de separar o joio do trigo, nossos repórteres, editores e colunistas selecionaram os melhores filmes e séries disponíveis no serviço de streaming. Aproveite.
Aline Diniz, colunista
'The Good Fight'
Derivada da aclamada "The Good Wife", a temática da série é basicamente a mesma da originária: um escritório de advocacia, seus funcionários, casos e vidas pessoais. A diferença aqui é que o elenco principal é formado quase que majoritariamente por mulheres e negros. É uma das séries mais atuais e ácidas do momento, extremamente politizada e debochada, além de muito bem escrita. Dá para assistir sem ter visto "The Good Wife" (que é muito boa também, recomendo demais, tem na Netflix), mas algumas referências vão acabar passando batidas.
'Community'
"Community" é um caso sério. É uma das melhores comédias já feitas para a televisão, com alguns poréns. A série realmente se encontra para metade da primeira temporada, mas aí deslancha e vai embora. Tem Joe e Anthony Russo (os diretores de "Vingadores: Ultimato") na produção, Donald Glover e John Oliver no elenco, foi desenvolvida por Dan Harmon (um dos cocriadores de "Rick and Morty")... "Community" tem um humor extremamente ácido e metalinguístico, trazendo episódios inovadores e imersivos, com piadas internas incríveis. No entanto, passou por um cancelamento e foi resgatada —mas não voltou igual. Minha recomendação, então, é "Community", mas só até a quinta temporada. E olhe lá, Harmon saiu na quarta depois de "diferenças criativas" —que geralmente significam "brigou com tudo e todos, não seguiu as regras da emissora". Agora, a sexta... a sexta é ruim demais.
Beatriz Amendola, repórter
'Fleabag'
A série de Phoebe Waller-Bridge levou um monte de prêmios —todos merecidos. Como criadora e protagonista da série, ela ri das desgraças e confusões do dia a dia (incluindo aquelas capazes de nos inspirar a vergonha alheia) e entrega, com textos curtos afiados, boas reflexões sobre amor, família e luto. O "padre gato" vivido por Andrew Scott ("Sherlock") na segunda temporada é um bônus daqueles. Aliás, outro bônus: a série é curtinha, com seis episódios de meia hora em cada temporada.
'Hunters'
Al Pacino caçando nazistas nos anos 1970. Precisa de mais? O grande lançamento da Amazon neste ano é uma série que bebe na fonte dos filmes trash da década (e dos de Tarantino, que também se inspira neles) para contar a história de um grupo improvável que tenta dar fim aos planos sinistros de criminosos da Segunda Guerra Mundial que se esconderam nos Estados Unidos. É uma série violenta, debochada e, sim, imperfeita, mas que diverte e traz muitas provocações.
'As Golpistas'
É uma injustiça que Jennifer Lopez tenha sido esnobada ao Oscar por seu trabalho neste filme, que traz uma de suas melhores atuações. Ela é incrível na pele de Ramona, uma stripper que se vê tendo de recorrer a soluções, digamos, inusitadas quando a crise de 2008 bate à porta e some com sua clientela composta por ricaços de Wall Street. É tudo baseado em uma história real. Bônus: a direção de Lorene Scafaria não objetifica as personagens, dando espaço para que cada uma construa seu arco.
Débora Miranda, editora
'The Marvelous Mrs. Maisel'
A série volta aos anos 1950 para contar a história de uma personagem bastante inusitada: Mrs. Maisel, uma mulher criada para se casar, cuidar do marido, estar sempre linda e impecável, mas que precisa mudar de perspectivas quando o amado sai de casa para viver com a secretária. Joel sempre sonhou em se tornar humorista, mas depois de ir mal em uma apresentação, sem conseguir lidar com o próprio vexame, inicia uma crise no relacionamento com a mulher. Sofrendo, após uma bebedeira, ela volta ao clube de comédia onde tudo aconteceu e descobre que tem um grande talento: o de fazer as pessoas rirem —justamente o que seu marido não tinha. A série foi criada por Amy Sherman-Palladino, a mesma de "Gilmore Girls", e é protagonizada pela deslumbrante Rachel Brosnahan, já premiada com dois Globos de Ouro por sua atuação.
Fefito, colunista
Séries japonesas
Quem curte uma sessão nostalgia encontra na Amazon séries japonesas que fizeram história nos anos 80 da TV Manchete, como "Jaspion", "Changeman", "Jirayia" e "Flashman". É uma ótima oportunidade para ver como eram toscos os efeitos especiais da época e como todos os episódios seguiam a mesma fórmula —em boa parte deles, com monstros gigantes lutando com um robô no final. "Jiraya" e "Flashman" acompanham heróis vindos do espaço, com direito a robôs como coadjuvantes. No caso de "Flashman", a trama é incrivelmente triste: levados para outros planetas ainda crianças, eles voltam à Terra em busca de seus pais, mas descobrem que o planeta está matando-os aos poucos (!!). Já "Changeman" acompanha um grupo militar lutando contra uma invasão alienígena. E "Jiraya" está recheado de coreografias de luta e temática ninja.
Lígia Nogueira, editora interina
Em tempos de quarentena e isolamento, amor é tudo o que precisamos. Os Beatles já tinham cantado essa bola, e, só para continuar na pegada musical, é justamente o nome de uma canção de David Bowie que dá título a uma das séries mais fofas do Amazon Prime no momento. Agridoce em proporções equilibradas, a produção teve origem em uma coluna do jornal "The New York Times" e, na tela, o "amor moderno" é esquadrinhado em oito episódios com meia hora cada. Um deles, "Quando o Cupido é uma Jornalista Curiosa", traz Catherine Keener e Dev Patel como protagonistas. A trama bem amarrada mostra como alguns detalhes podem mudar o rumo de uma história. Assim como na vida, mesmo quando tudo faz a gente querer desistir, sempre é tempo para uma segunda chance. Afinal, como diz a experiente Keener ao jovem Patel, você nunca vai ter paz se não tentar.
Liv Brandão, editora
'Lorena'
Eu ouvi falar muito dessa história quando era criança: "Lorena" é uma série documental sobre o caso de Lorena Bobbitt que, cansada dos abusos físicos, psicológicos e sexuais cometidos pelo marido, John, cortou o pênis dele fora, lá em 1993. Produzida por Jordan Peele e dividida em quatro episódios, "Lorena" mostra o espetáculo midiático em que seu julgamento foi transformado, o preconceito por ela ter origem latina e por ele ser ex-Marinha-caucasiano-padrãozinho. O documentário traz entrevistas com os envolvidos, médicos, advogados e tem de tudo —até piadas de duplo sentido.
'Guava Island'
Enquanto Rihanna não nos brinda com o ar da graça de um novo disco, nós, os admiradores da cantora, nos viramos como dá. E "Guava Island" é um baita prêmio de consolação. Estrelado pela rainha de Barbados e por Donald "Childish Gambino" Glover, o "suspense tropical" de Hiro Murai (diretor do excelente clipe de "This is America") tem menos de 1h e uma vibe "Footlose". Vale muito.
'Mozart in the Jungle'
Procurando uma série gostosa para ver? Então dê uma chance para "Mozart in the Jungle". Uma das primeiras produções originais da Amazon, a série estrelada por Gael García Bernal (e pela qual ele ganhou um Globo de Ouro de melhor ator de comédia) teve quatro temporadas, todas deliciosas. Gael interpreta Rodrigo de Sousa, o excêntrico maestro da Orquestra Sinfônica de Nova York, e acompanhamos sua trajetória ao lado de Hailey (Lola Kirke, irmã da Jemina, de Girls), uma oboísta que sonha em entrar para um grande grupo, além de muitos outros personagens encantadores. Se você acha que ambiente de música (clássica) é ambiente careta, pode ir desfazendo essa má impressão.
Renata Nogueira, repórter
"Midsommar: O Mal Não Espera a Noite"
Apavorante, perturbador, desconfortável e sangrento. "Midsommar" tem todas as características que se espera um filme de terror, mas vai muito além disso. No streaming, só está disponível no Amazon Prime Video. Dirigido por Ari Aster, que já tinha se destacado com "Hereditário", o filme não é para todo mundo. Só assista se tiver estômago forte. A trama não é nada bobinha e tem um peso enorme para justificar as cenas pesadas. Bem resumidamente, o filme conta a história de uma universitária traumatizada por questões pessoais. Tudo muda —não disse se para pior ou melhor— quando ela resolve tentar desanuviar e salvar o seu relacionamento em uma viagem com o namorado e os amigos dele para explorar as tradições de um vilarejo na Suécia. O filme cumpre seu papel por fazer refletir para além das cenas que vão desgraçar sua cabeça.
"Toy Story 4"
Um dos melhores filmes de 2019 na minha sincera opinião, "Toy Story 4" concluiu as aventuras de Woody e Buzz Lightyear de forma emocionante e não muito óbvia. Teve quem amou, teve quem odiou. Estou totalmente com o primeiro grupo. Com uma história empolgante e que faz sentido tanto na mente das crianças como na dos adultos, o Oscar de melhor animação foi super merecido. Se você ainda não viu, não perca tempo e veja logo. É o filme doce que faltava para fazer sua mente se distanciar dos problemas na quarentena. Se já viu, repita e ainda aproveite para assistir de novo aos três primeiros, que também estão disponíveis no Amazon Prime Video.
Ricardo Feltrin, colunista
"Pocoyo"
Adorável animação hispano-britânica dedicada às crianças em idade pré-escolar. Mas os pais não vão se arrepender de ficar juntos aos pequenos e acompanhar as aventuras de Pocoyo, Ellie, Pato, Sonequita, Lolla e o narrador, que faz parte também das histórias. A série é de uma doçura e um didatismo enormes. No Amazon Prime há três temporadas completas, além de outros desenhos avulsos para alegria das crianças.
Roberto Sadovski, colunista
"O Expresso do Amanhã"
Não é de hoje que Bong Joon Ho, diretor de "Parasita", voltava seu olhar para o comentário social e a luta de classes. "O Expresso do Amanhã" adapta uma graphic novel francesa e usa a ficção científica para escancarar privilégios dos mais ricos, conquistados no suor da classe trabalhadora. Em um futuro distópico, a Terra tornou-se inabitável com a chegada de uma nova era glacial. O que sobrou da raça humana espreme-se em um trem em constante movimento pelo planeta. Os mais abastados ocupam os vagões principais, enquanto os pobres assombram os últimos, mantendo tudo funcionando. Esse equilíbrio torto será quebrado quando os desassistidos dão um basta, começando um conflito capaz de mudar o mundo. Chris Evans encabeça o elenco multinacional nessa pérola que merece ser (re)descoberta.
"Madrugada dos Mortos"
Antes de ser "o diretor visionário", Zack Snyder estreou com esta refilmagem de "Despertar dos Mortos", de George Romero. A premissa é a mesma: sobreviventes do apocalipse zumbi encontram-se presos em um shopping center, em uma metáfora nada sutil sobre a sociedade de consumo. Snyder cria um survival horror tenso, com zumbis acelerados e imagens de impacto. Afinal, quem diria que um bebê morto-vivo seria tão fofo?
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