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OPINIÃO

Escolha da Redação: o que ver, ler, ouvir durante a quarentena

Dicas para você aproveitar sua quarentena - Getty Images/iStockphoto
Dicas para você aproveitar sua quarentena Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

18/03/2020 04h00

Jornalista, você sabe, adora dar pitaco. Pois nós, da redação do UOL Entretê, aproveitamos a pandemia de coronavírus que está obrigando (quase) todo mundo a ficar quietinho em casa —não vamos piorar as coisas, né?— para te ajudar a escolher o que ler, assistir, jogar neste período de quarentena e isolamento. Afinal, a oferta é enorme e não custa nada compartilharmos nossos queridinhos.

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Mark Wiens (youtuber)

Osmar Portilho, editor

Nem só de banheira de Nutella é feito o YouTube. Como sou alucinado pela plataforma, vou indicar um canal que nunca sai da minha fila: Mark Wiens. O americano de 34 anos é um viajante apaixonado por gastronomia que viaja pelo mundo em busca das comidas mais diferentes que puder encontrar. Tipo um Anthony Bourdain millennial. No ano passado ele passou pelo Brasil e fez dez vídeos por aqui: comeu dogão em Curitiba, feijoada no Rio, torresmo em Belo Horizonte e açaí no Pará.

Além de ser carismático, Mark faz roteiros que também fogem da obviedade e se propõe a ir nos lugares mais 'raiz' que encontrar.


'O Segredo da Dinamarca' (livro)

Renata Nogueira, repórter

O best-seller de Helen Russell (lançado no Brasil pela Leya) foi uma deliciosa descoberta antes mesmo de eu sequer imaginar que nós, brasileiros, enfrentaríamos um período de quarentena. Em primeira pessoa, a jornalista britânica narra a experiência de deixar a agitada Londres para viver na pacata Billund, na Dinamarca, onde fica a sede da Lego. Enquanto o marido celebra o novo emprego na gigante dos bloquinhos, ela tenta descobrir o que faz o povo dinamarquês o mais feliz do mundo. Nessa jornada, fica confusa ao notar que em determinado período do ano eles mal saem de casa e que a cidadezinha parece estar sempre às moscas.

É aí que ela descobre e disseca o conceito "hygge" (a pronúncia é algo como hu-gui), um estilo de vida que consiste em transformar sua casa no ambiente mais aconchegante possível para passar longas horas, dias e até meses quase sem contato com o mundo exterior.

Uma estratégia que faz sentido no frio de temperaturas muito negativas, mas que também pode ser adaptada para culturas tropicais como a nossa. Uma leitura leve, divertida e ao mesmo tempo cheia de informações relevantes que, se não te despertar a vontade de mudar de vida, vai fazer você adaptar o que tem para viver da forma mais "hygge" possível. Viva os dinamarqueses!

'A Música da Minha Vida' (filme)

Leonardo Rodrigues, repórter

Quando o filme foi lançado, em setembro de 2019, perdi a chance de assisti-lo, e o pouco tempo em cartaz nos cinemas também não ajudou. Um pecado. Homenagem à obra de Bruce Springsteen, "A Música da Minha Vida" é mais uma história a tratar de um artista sem biografá-lo, depois do divertido —e excessivamente açucarado— "Yesterday", sobre os Beatles. Dica valiosa: se você não viu nenhum dos dois, corra para o primeiro.

Apesar de contar com elenco inferior, o longa dirigido por Gurinder Chadha brilha em todos os quesitos que "Yesterday" derrapa, especialmente de roteiro e por responder melhor a pergunta:

Como uma música (ou artista) consegue ser tão forte e especial a ponto de transformar completamente a vida de uma pessoa e, por consequência, a do mundo que a cerca?

A trama familiar emociona ao falar de preconceito, ao tocar com sensibilidade em política, identidade e xenofobia e, principalmente, por transmitir uma necessária mensagem de união em tempos cinzentos —mas sem ser piegas. E você não precisa ser fã de Bruce para gostar do filme ou compreendê-lo. Está disponível no Google Play, Apple iTunes, Looke e Microsoft Store.

'Máquinas Como Eu' (livro)

Alexandre Gimenez, Gerente Geral de Notícias e Entretenimento

Alan Turing não foi castrado quimicamente, não se matou e fez da Inglaterra na década de 1980 um lugar beeeem diferente do que você conhece. Além dos integrantes do Joy Division, carros autônomos e androides que podem passar perfeitamente por seres humanos circulam pelo SoHo. O gancho é ótimo e daria uma baita série de ficção científica.

Mas, como o autor é Ian McEwan, o maior escritor vivo, "Máquinas Como Eu" (Companhia das Letras) é uma pequena obra-prima. Como é, de uma hora para outra, virar "deus"? Como "deus" reage quando sua criação dá as costas para ele? Enfim, é uma baita leitura.

'The Wire' (série)

Liv Brandão, editora

Ok, é muita série para ver, eu sei, eu entendo. Mas acredite em mim: o tédio do isolamento imposto pela pandemia de coronavírus vai passar rapidinho se você apostar nesta, que é uma das melhores produções da história da TV americana.

Criada por David Simon (que acaba de estrear a ótima minissérie "The Plot Against America" na HBO) e exibida pela HBO entre 2002 e 2008, "The Wire" disseca os meandros por trás do tráfico de drogas na cidade de Baltimore. Com cinco temporadas temáticas —traficantes de rua, contrabando, política, educação e jornalismo—, a série é uma aula sobre o funcionamento de uma sociedade muito parecida com a nossa e mostra como a situação chega ao ponto que chegou. Se isso não te convenceu, só te dou um dado: a série revelou Idris Elba e Michael B. Jordan, dois dos maiores astros da atualidade (e você precisa ouvir o Idris com sotaque americano e o Michael noviiiiiiiinho como um aviãozinho do tráfico). Imperdível (e disponível no HBOGo).


'Weekend League' (jogo)

Leandro Carneiro, editor-assistente

Bom, você já tomou bronca do seu companheiro, dos seus pais e provavelmente até do seu cachorro por tentar encarar maratona de "Weekend League" no fim de semana. Até Tiago Leifert te zoa na narração sobre ser fim de semana e você não sair de casa.

Bom, agora você pode jogar "Fifa 20" o fim de semana inteiro sem ninguém te dar bronca, sem ninguém falar que você precisa sair de casa. O momento de ser livre chegou.

Dá para você jogar as 30 partidas tranquilamente. Fora o tempo para treinar antes da competição começar na próxima sexta.

'Jane the Virgin' (série)

Beatriz Amendola, repórter

A série estrelada por Gina Rodriguez começa quando a jovem Jane (virgem, como diz o título), fica grávida após ser inseminada artificialmente por engano, com o "material" de Rafael, que não só é dono do hotel onde ela trabalha como também uma antiga paixão platônica sua.

Daí para frente, a série segue um rumo deliciosamente novelesco, brincando com clichês como gêmeos perdidos, pais que não sabiam dos filhos, doenças misteriosas e o bom e velho "quem matou?".

Tudo, claro, com reviravoltas espetaculares, em um dos textos mais divertidos que a TV produziu nos últimos anos. Você vai maratonar e nem vai sentir que o tempo passou. Tem quatro temporadas na Netflix, com a quinta —e última— ainda a ser disponibilizada.

'O Amor nos Tempos do Cólera' (livro)

Mariana Soldi, Chefe de Entretenimento

A indicação parece óbvia, mas igualmente necessária: "O Amor nos Tempos do Cólera" (Record), lançado por Gabriel García Márquez em 1998, é uma história baseada na vida e no amor nada fictícios dos pais do autor, durante um ano em que estiveram separados um do outro a mando do Coronel Nicolas (pai da personagem Luiza Márquez). Substituindo o coronel pelo corona, para mim a releitura da obra é um lembrete de como manter a inspiração e insistência em ser criativa e presente com aqueles que amo durante o período de solidão compulsória que se inicia.

Lembrando que, ao contrário dos personagens do livro, não será necessário criar uma rede do zero para demonstrar cuidado, interesse e amor. É só usar (e quem sabe abusar) de todos os meios que já temos em celulares e computadores, e quem sabe de alguns sinais de fumaça.

'Anos Rebeldes' (minissérie)

Débora Miranda, editora

Disponível na GloboPlay, a série escrita por Gilberto Braga e lançada originalmente em 1992 é uma pérola na produção da TV aberta e, ainda hoje, bastante atual. Inspirada nos livros "1968 - O Ano que Não Terminou", de Zuenir Ventura, e "Os Carbonários", de Alfredo Sirkis, conta sobre como o regime militar dominou o Brasil e a resistência dos movimentos estudantis. Como pano de fundo, a classe média carioca dos anos 1960 e o romance entre Maria Lucia (Malu Mader), uma jovem sonhadora e individualista, e João Alfredo (Cassio Gabus Mendes), idealista que acaba se envolvendo na luta armada.

Com um elenco que conta ainda com Claudia Abreu —em um dos papéis mais marcantes de sua carreira—, Marcelo Serrado, José Wilker e Pedro Cardoso, a série mostra muito da cultura —e da contracultura— da época.

Fala também da censura, da falta de liberdade e de livre expressão, da violência e da perseguição. Lembrar sempre para que jamais se repita.

'Grey's Anatomy' (série)

Felipe Pinheiro, repórter

"Grey's Anatomy" já está na 16ª temporada e é preciso tempo e mesmo disposição para ver tudo desde o início. Mas vale a pena dar uma chance.

Nesse período de reclusão pelo coronavírus, nada como se distrair com esse drama médico, que não à toa possui uma legião de fãs. São histórias comoventes e ao mesmo tempo com momentos cômicos, além de muito romance.

Para se ter uma ideia, a criadora da série, Shonda Rhimes, também é responsável por outras produções que conquistaram o público como "How to Get Away with Murder" e "Scandal". As 15 primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix e o 16º ano é exibido pelo Sony Channel toda terça-feira, às 21h.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL