The Witcher não é Game of Thrones, mas quer ocupar seu lugar; será que dá?
Game of Thrones se encerrou em 2019 como um verdadeiro fenômeno da TV (sim, apesar daquele final). A série da HBO foi, provavelmente, a última capaz de fazer o mundo parar em um mesmo horário para acompanhar seu universo repleto de intrigas políticas, violência e criaturas fantásticas. Símbolo máximo da segunda onda da Era de Ouro da TV americana, a trama ajudou a consolidar o gênero de fantasia no mainstream e conseguiu aclamação quase universal entre crítica e público (pela maior parte de seus anos, pelo menos). Agora, está aberta a disputa pelo seu lugar - e The Witcher, da Netflix, surge como a mais forte candidata ao posto de sucessora.
A superprodução estrelada por Henry Cavill guarda muitos paralelos com a trama de David Benioff e D.B. Weiss, e já sai à frente da concorrência, representada por Carnival Row, fantasia da Amazon estrelada por Orlando Bloom e Cara Delevigne, e His Dark Materials, também da HBO, baseada nos livros da trilogia Fronteiras do Universo. Nenhuma delas alcançou a repercussão esperada - ao passo que The Witcher conseguiu emplacar vários termos na lista de assuntos mais comentados do Twitter logo em sua estreia, na última sexta.
Mas será que a trama da Netflix tem o que é preciso para ocupar o lugar de Game of Thrones nos corações do público? Analisamos semelhanças e diferenças abaixo:
Fandom já existente
Assim como Game of Thrones era baseado nos livros da saga As Crônicas de Gelo e Fogo, escritos por George R.R. Martin, The Witcher também tem uma história pregressa: a série é uma adaptação dos livros do polonês Andrzej Sapkowski, que depois ganharam uma continuação bem-sucedida em uma série de games que vendeu mais de 40 milhões de cópias ao redor do mundo. Dessa forma, The Witcher já chega com a vantagem de ter um fandom pré-estabelecido, o que será decisivo para o boca a boca em torno da série.
Fantasia e politicagem
Ambas as histórias têm ambientações semelhantes, situando-se em universos análogos à nossa era medieval: Game of Thrones se passa em Westeros e The Witcher, no Continente. As duas tramas, no entanto, lidam de formas distintas com seus lados fantásticos. Na primeira, a magia (e tudo ligado a ela) era tangencial, deixando o espaço central para as disputas políticas em torno do cobiçado Trono de Ferro - e foi com elas, inclusive, que a série conseguiu cativar a atenção não necessariamente afeitos ao gênero.
The Witcher, por sua vez, é o oposto. A jornada de Geralt de Rívia desenrola-se em paralelo a um grande confronto entre os reinos de Nilfgaard e Cintra, mas o foco está nas criaturas que o bruxo tem de enfrentar pelo caminho enquanto não se une a Ciri (Freya Allan), uma princesa com poderes especiais, e Yennefer (Anya Chalotra), uma poderosa feiticeira. Portais, feitiços, dragões e outras criaturas mágicas são muito mais comuns aqui. Fica ao gosto do freguês.
Sexo e sangue
Nisto, as duas séries são bem, bem parecidas. Há muita nudez (feminina) em The Witcher, embora ela demore mais para aparecer e não seja completamente frontal como em Thrones.
A série da Netflix também não tem pudor algum com a violência. As lutas com espadas são intensas e bem coreografadas, e ela chega, em alguns momentos, a ser mais sangrenta do que a produção da HBO, com decapitações e outras barbaridades sendo retratadas explicitamente.
Roteiro
Neste quesito, não tem como: o roteiro de GoT em sua primeira temporada (vamos falar só dela para ser justos) é mais bem amarrado e complexo do que o de The Witcher - como precisa ser, inclusive, para amarrar todas as tramoias e politicagens que fizeram a fama da série. A trama é costurada cuidadosamente entre reviravoltas e revelações que aprofundam nosso conhecimento dos personagens e suas motivações.
O roteiro de Lauren Schmidt Hissrich em The Witcher, por sua vez, não chega a esse patamar e ainda esbarra, ocasionalmente, em problemas de tom e ritmo, com algumas passagens soando longas demais e momentos de alívio cômico fora de hora. Dito isso, a história é interessante e divertida o suficiente para te manter fisgado, e consegue se sair bem no malabarismo entre as histórias de Geralt, Yennefer e Ciri.
Orçamento e aspectos técnicos
The Witcher teve, em sua primeira temporada, um orçamento estimado em US$ 80 milhões. São US$ 10 milhões por episódio - o mesmo que custaram os capítulos da sexta e da sétima temporadas de GoT. Dá para ver que o dinheiro foi bem gasto nos figurinos e nos cenários da série, embora eles não sejam tão inventivos e únicos quanto os de GoT.
É nas criaturas, no entanto, que The Witcher é mais irregular, o que salta aos olhos justamente porque seu universo é muito mais populado por seres fantásticos do que o de GoT. Há, na composição de algumas, um exagero no uso de efeitos digitais quando os práticos seriam mais apropriados. Outras, como o dragão que aparece no sexto episódio e às vezes lembra uma galinha, deveriam ser mais polidas, especialmente considerando o alto orçamento da série. Nada é tão perturbador, no entanto, que te faça largar a série.
Conclusão
The Witcher não é uma cópia de Game of Thrones, mas tem potencial para se transformar no próximo fenômeno de fantasia das séries, principalmente se corrigir alguns dos problemas técnicos para sua já confirmada segunda temporada.
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