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Sem provas, filme de Eastwood mostra repórter trocando informação por sexo

Clint Eastwood dirige Paul Walter Hauser em Richard Jewell - Divulgação/IMDb
Clint Eastwood dirige Paul Walter Hauser em Richard Jewell Imagem: Divulgação/IMDb

Do UOL, em São Paulo

21/11/2019 08h56

Resumo da notícia

  • O novo filme de Clint Eastwood, Richard Jewell, traz a jornalista real Kathy Scruggs como uma de suas personagens
  • Em uma cena, ela (vivida por Olivia Wilde), oferece sexo a um agente do FBI (Jon Hamm) em troca de informação
  • Não há evidências que esta troca tenha de fato acontecido
  • "Em uma época na qual o jornalismo está sendo atacado por todos os lados, é lamentável", diz editor do jornal onde Scruggs trabalhava

O filme Richard Jewell, nova obra de Clint Eastwood, teve sua première ontem em Los Angeles (EUA), mas já começou a enfrentar críticas por conta de uma cena envolvendo a personagem real Kathy Scruggs, uma jornalista vivida por Olivia Wilde.

Como relata o The Hollywood Reporter, uma cena do longa de Eastwood mostra Scruggs prometendo sexo para o agente do FBI Tom Shaw (Jon Hamm) em troca de informações sobre uma ameaça de bomba no Centennial Olympic Park, em Atlanta (EUA).

Não há nenhum indício que uma troca deste tipo aconteceu entre os dois personagens na vida real. Scruggs de fato foi a repórter responsável por identificar Richard Jewell (Paul Walter Hauser) como um dos suspeitos do atentado em matéria para o Atlanta Journal-Constitution.

Mais tarde, a acusação contra Jewell, um segurança do parque que foi o responsável por encontrar a bomba e organizar a evacuação do público que estava no local, se provou falsa.

Ouvido pelo THR, o atual editor do Atlanta Journal-Contitution, Kevin Riley, confirmou que leu uma versão do roteiro de Richard Jewell que incluía a cena, e fez objeções a ela para os produtores.

"Roteiros passam por muitas revisões. Eu só esperei, de boa fé, que eles seguissem um caminho diferente. Esta é uma história dramática naturalmente. Não entendi o porquê de acrescentar um detalhe que não é só insultante, como também desnecessário", comentou.

O editor também apontou que a caracterização de Scruggs é injusta especialmente porque ela não está aqui para se defender. A jornalista morreu em 2001, vítima de uma overdose de remédios.

"Em uma época na qual o jornalismo está sendo atacado por todos os lados, é lamentável que um filme caia nesse tipo de clichê, que reforça um estereótipo falso [de que jornalistas trocam informações por sexo]", continuou Riley.