Patti Smith faz sarau roqueiro e encanta mesmo quando erra no Popload
Poetisa do rock, matriarca do punk, ícone de jornalistas e profissionais liberais, a lenda Patti Smith não permitiu que seu primeiro show em São Paulo, no Popload Festival, fosse transmitido pela internet. Só mesmo para quem pagou ingresso e foi, na noite de hoje, ao Memorial da América Latina.
A apresentação exclusiva lavou o espírito dos fãs e fez de Patti a rainha da noite, uma musa elegante, há mais de quatro décadas empoderada na música e que conduziu a apresentação como se estivesse em um grande sarau aberto.
Som baixo
A comparação com o barulhento show anterior, dos Raconteurs, ou com o estridente Hot Chip, saltou aos ouvidos. A guitarra e a distorção não têm papel preponderante no número de Patti Smith, que deixa o peso para momentos estratégicos de refrãos e epifanias. Seu estilo é mais silencioso, delicado, com vocal concentrado e alguns arranjos de piano e violão. A fúria do som ficou com os jovens. Não fez falta.
Clássicos
Um festival deles, com vários covers. Dancing Barefoot ganhou coro e vários baseados sendo acesos no meio do público. Beds Are Burning, do Midnight Oil, foi dedicada em caos do mundo. Após uma homenagem a Lou Reed, uma belíssima versão de After the Gold Rush, de Neil Young, com Patti acompanhada de piano elétrico. Because the Night, uma canção de amor endereçada a quem foi ao show, emocionou, assim como o hino Gloria. Assistir Patti Smith é mergulhar num Jukebox.
Patti no palco
Ela arranha o violão, é cirúrgica nos vocais que não foram pensados para serem cirúrgicos e gosta de conversar com o público e contar a origem e o contexto de suas canções, como boa contadora de histórias que é. Também é espontânea, chama palmas. Erra a entrada de música e é largamente aplaudida por isso. Gesticulando ou de braços abertos, Patti Smith é uma entidade no palco. Carisma level hard.
Recado político
Em Beneath the Southern Cross, Patti Smith deu um de seus contundentes recados políticos, contra aqueles que considera autoritários. "Não vamos ser oprimidos", clamou, pedindo liberdade aos povos sem citar nomes. Em seus discursos em tom de união, ela ainda falou sobre entes queridos estão entre nós e também alertou sobre problemas ambientais. "Temos que ser visionários, mas temos que ser ativos. Precisamos cuidar da nossa Terra."
O pessoal
Quem ama Patti Smith geralmente tem mais de 30, é descolado e também ama Bowie, Lou Reed e toda a cena underground nova-iorquina dos anos 1960 e 1970. Muitos jornalistas e pessoas ligadas à arte assistiram à apresentação vidrados. Esse foi o público da cantora em São Paulo. Grande parte dos novinhos foi embora mais cedo.
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