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Popload Social: conheça as iniciativas beneficentes do festival

A cantora Cat Power fez show beneficente no metrô - Fabrício Vianna/Divulgação
A cantora Cat Power fez show beneficente no metrô Imagem: Fabrício Vianna/Divulgação

Liv Brandão

Colaboração para o UOL

11/11/2019 04h00

Música e solidariedade costumam andar de mãos dadas. Muitas casas de show, artistas e produtoras emprestam sua notoriedade para estimular o público a fazer doações. Como esquecer do USA for Africa e a gravação de We Are the World, que reuniu nomes como Bob Dylan, Michael Jackson e Tina Turner, entre (muitos) outros para arrecadar quase US$ 100 milhões em prol das vítimas da fome em países da África? E do Live Aid, que em 1985 colocou no estádio de Wembley, em Londres, 82 mil pessoas para ver shows de grandes nomes da música britânica — "apenas" Queen, Elton John, David Bowie, U2, The Who? — também em benefício de países africanos? Aqui no Brasil, eventos grandiosos como o Rock in Rio e seu slogan "por um mundo melhor" desenvolvem uma série de iniciativas sociais, e produtoras menores, como o Circo Voador e o Popload, também trazem seu público à consciência. O Popload Festival, que acontece em São Paulo no próximo dia 15 troca ingressos para seus shows por voluntariado. Até bandas e atrações como Wilco, PJ Harvey e Patti Smith, headliner desta edição, toparam fazer apresentações extras com em troca de recrutar força de trabalho para ONGs como APAE, Cruz Vermelha e Greenpeace.

O UOL conversou com a produção do festival, que fez um balanço do projeto, que, desde 2013, já recrutou 3 mil pessoas para doar sua força de trabalho ou mesmo seu sangue em troca de música. "Queríamos ajudar os outros, mas como não tínhamos dinheiro e nem tempo para abrir a nossa própria fundação ou ONG, decidimos bolar algo para trabalhar com as que já existiam. Sabíamos que havia muitas ONGs sérias que precisavam de ajuda e normalmente o que eles mais precisam é de voluntários e de recursos financeiros. E temos ativos valiosos para oferecer: engajamento dos fãs e ingressos. Assim, conseguimos aproximar a música da cultura da troca. Este modelo permite tanto contribuir com as ONGs quanto viabilizar a presença de fãs que estão sem dinheiro para ir a shows e festivais que são realizados por nós", conta Paola Wescher, sócia do Popload.

E a iniciativa não fica restrita apenas ao festival, realizado anualmente em São Paulo. Em todos os shows que a Popload promove, são abertas de 40 a mil vagas, fora apresentações exclusivas realizadas em espaços públicos da cidade, furando a bolha hipster e atraindo novos públicos. Em 2015, o rapper Emicida e a cantora americana Natalie Prass se apresentaram gratuitamente na Praça das Artes, no centro de São Paulo. Em 2014, Cat Power, Marcelo Jeneci e Rodrigo Amarante tocaram gratuitamente para milhares de pessoas na estação de metrô Paraíso. Este ano, Patti Smith fará um show extra em que parte dos ingressos está sendo distribuída por meio de voluntariado e parte da bilheteria será revertida para a ONG Beaba, que lida com crianças com câncer.

"Acreditamos que pode ser transformador para uma pessoa que hoje não tem dinheiro para ir num show ou num festival ter a possibilidade de ser impactada pela música ao vivo. Esse público tende consumir cultura mais facilmente e passa a escolher a pagar pelo tipo de música e show que deseja consumir", explica Paola.

E essa missão já rendeu belíssimas histórias. Paola conta que muitos dos voluntários que começaram a trabalhar com ONGs a partir do Popload acabaram se tornando colaboradores frequentes. "Além de contribuir com os projetos, a gente acaba impactando positivamente na vida do fã, tanto pela experiência com o voluntariado quanto pela oportunidade de oferecer seu tempo. Várias pessoas que tiveram o primeiro contato com o voluntariado através da nossa plataforma se engajaram de verdade, continuaram contribuindo e se envolveram com a causa. Acreditamos no poder da transformação de uma ação como esta", elogia Paola, que relembra uma das histórias. "O fã número 1 da PJ Harvey no Brasil, o Robson, fez um bate-volta de Pernambuco a São Paulo só para doar sangue para o Popload Social. Avião, ônibus, metrô, hospital, doação e voltou direto para casa. Ele ainda veio para o show do Nick Cave que produzimos no ano passado e neste ano conseguiu vaga para o Social da Patti Smith!", comemora.

POPLOAD FESTIVAL 2019

Com shows de Patti Smith, The Raconteurs, Hot Chip, Tove Lo, Cansei de Ser Sexy, Little Simz, Khruangbin, Boy Pablo, Luedji Luna e o bloco Ilê Aiyê
Quando: 15 de novembro
Onde: Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda, São Paulo)
Horários: Abertura dos portões às 10h; início dos shows às 10h45
Ingressos: pista R$ 580 (inteira), pista premium R$ 800 (inteira)
Onde comprar: www.ticketload.com e bilheteria do Unimed Hall