Autor diz que livro não comprova que Raul Seixas delatou Paulo Coelho
O escritor Jotabê Medeiros disse que seu livro não comprova que o cantor Raul Seixas denunciou o seu amigo, o autor Paulo Coelho, para a ditadura militar em 1974. O caso ganhou as manchetes ontem, após Coelho tuitar que "ficou quieto por 45 anos" sobre suas suspeitas.
Em comunicado oficial, Medeiros incentivou o público a ler o livro, intitulado Não Diga Que a Canção Está Perdida, para tirar suas próprias conclusões. "O meu livro em nenhum momento diz que Raul Seixas delatou Paulo Coelho. Não há como sustentar uma afirmação dessas", escreveu.
"A obra apenas examina o clima de suspeita despertado em Paulo após o episódio de sua prisão em 1974. Descobri que essa desconfiança existia, que angustiava o escritor (que a escondia). Então, busquei abordá-la, trazê-la à luz (como convém ao biógrafo que pretenda contar uma história inteira)", continuou.
"Há um documento no qual um policial diz que, por intermédio de Raul, poderia localizar e prender Paulo Coelho e Adalgisa Rios (então mulher de Paulo). Vi que o documento, inconclusivo, pedia um exame à luz das datas e dos fatos encadeados, um encaixe histórico", explicou ainda.
"Isso tudo está esclarecido no livro. Não é a voz de Raul que fala ali, é um policial. Mas o simples fato de alguém abordar esse clima de suspeição tem sido tratado com muito desequilíbrio. Recomendo a leitura do livro para formar opinião com alguma racionalidade", completou.
As prisões
O livro conta, segundo adiantou a Folha de S. Paulo, que Raul foi convocado ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) em 1974 para prestar depoimento dobre o disco Krig-ha, Bandolo!, lançado por ele e Coelho no ano anterior e que, àquela altura, já havia vendido 100 mil cópias.
De acordo com documentos expostos no livro, a polícia foi ao apartamento de Paulo Coelho no dia seguinte ao depoimento do cantor, e prendeu sua namorada, Adalgisa Rios.
Na mesma semana, Coelho teria entrado em um táxi com Raul Seixas mas, durante o percurso, foi capturado por militares e levado para sessões de tortura que teriam durado duas semanas.
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