Felipe Neto processa Silas Malafaia por vídeo sobre polêmica da Bienal
O youtuber Felipe Neto ingressou com ação contra o pastor Silas Malafaia por injúria e difamação. No processo, que tramita no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Neto cita um vídeo feito por Malafaia em que o pastor se refere como "bandido e canalha" quem distribuiu revistas de temática LGBTQ+ na entrada da Bienal Internacional do Livro, em setembro.
Malafaia não cita o nome de Felipe Neto no vídeo publicado em 7 de setembro.
A disputa judicial entre Malafaia e Neto envolve a ordem de apreensão de quadrinhos da Bienal feita pela prefeitura do Rio de Janeiro que ocorreu durante a Bienal.
Contrário à ordem do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), de barrar a comercialização das HQs, Felipe Neto comprou 14 mil exemplares de revistas consideradas "impróprias" pela prefeitura e distribuiu gratuitamente ao público na entrada do evento.
No vídeo apresentado pelo jurídico de Felipe Neto à Justiça, Malafaia reprovou a comercialização de revistas de quadrinhos com temática LGBT+ na Bienal do Livro. O pastor declara que a comercialização dessas publicações na Bienal é "uma afronta à família e às crianças" e faz críticas indiretas a Felipe Neto.
O vídeo exibido nas redes de Malafaia é intitulado: "Canalhas! Bienal RJ comete crime contra crianças e adolescentes"
"Ainda tem um bandido, um canalha que quer distribuir revistas na porta com cenas libidinosas. Bota esse canalha na cadeia", diz o pastor.
Em 21 de setembro, pouco antes de entrar com ação no Tribunal de Justiça do Rio, Felipe Neto adiantou nas redes sociais que iria processar o pastor.
"Estamos dando entrada com processo criminal contra Silas Malafaia, após este ter dito que sou 'bandido' e dito: 'Bota este canalha na cadeia', além de vários outros absurdos", escreveu Neto.
De acordo com a assessoria de imprensa de Felipe Neto, o processo irá tramitar normalmente na Justiça e os advogados irão tomar as medidas cabíveis em relação ao mesmo.
O pastor Silas Malafaia ainda não foi notificado judicialmente. Informada pela reportagem sobre o processo, a assessoria de Malafaia entrará em contato com o departamento jurídico.
Entenda a polêmica
Em 5 de setembro, o prefeito do Rio de Janeiro ordenou a retirada da obra "Vingadores, a Cruzada das Crianças", que era comercializada na Bienal Internacional do Livro do Rio. Os quadrinhos apresentavam ilustrações de dois homens se beijando.
O prefeito justificou que o livro da coleção Graphic Novels da Marvel trazia "conteúdo sexual para menores" e que a iniciativa da prefeitura visava "proteger as crianças".
No dia seguinte à ordem de Crivella, a Seop (Secretaria de Ordem Pública) do Rio de Janeiro fez operação na Bienal para recolher "material impróprio para crianças e adolescentes".
A prefeitura diz que entendeu como inadequado, de acordo com o ECA, que uma obra de super-heróis apresenta e ilustre homossexuais "a adolescentes e crianças, inclusive menores de dez anos, sem que se avise antes qual seja o seu conteúdo".
Apesar de os exemplares expostos na feira estarem lacrados, a prefeitura diz que houve reclamações de frequentadores pela falta de advertência na embalagem.
A organização da Bienal acionou a Justiça, que concedeu liminar impedindo o recolhimento dos livros alvos da operação da prefeitura. A liminar favorável à Bienal foi cassada em 7 de setembro, e a ordem de apreensão voltou a valer.
No dia 8 de setembro, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, derrubou a decisão de impedir a venda de livros de temática LGBTQ+ na Bienal. Toffoli atendeu a um pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.
Em meio à polêmica, Felipe Neto decidiu comprar milhares de exemplares das revistas para distribuir gratuitamente ao público. O material entregue às pessoas vinha dentro de um saco plástico preto, com um adesivo em que se lia: "Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas".
"O dia em que mandamos um recado claro para a censura e os opressores: vocês nunca irão calar o amor! O bem sempre vence e sempre vencerá. Foram 14 mil livros de temática LGBTQ+ distribuídos gratuitamente", escreveu Felipe nas redes sociais.
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