Sol, Dilma e mistura de ritmos: Como o Rock in Rio retomou os shows no 4º dia
O Rock in Rio está de volta! E em grande. Depois do primeiro fim de semana do festival ser marcado pela presença constante da chuva, o sol voltou a raiar na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. Com os veteranos do Red Hot Chili Peppers como headliners, o quarto dia de shows da edição 2019 foi marco por uma variedade de ritmos e manifestações políticas.
Amazônia e Dilma
Francisco, el Hombre e Monsieur Periné, que levaram ao palco discursos em defesa do meio ambiente, das mulheres e contra o presidente Jair Bolsonaro. O telão mostrou imagens da ex-presidente Dilma Rousseff, da vereadora Marielle Franco (assassinada em 2018) e de Ághata Félix, garota morta em setembro no Rio de Janeiro. Os músicos também exibiram a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O telão exibiu ainda a frase "mentira acima de tudo, censura acima de todos". Os músicos fizeram o público pular aos gritos de "Pulando, pulando, quem não pula é miliciano", e teve gritos do público e da banda contra o presidente Jair Bolsonaro.
Red Hot faz show padrão, empolga (mas também irrita)
Tocando pela quarta vez no Rock in Rio --nona no país--, o Red Hot Chili Peppers é o que se pode chamar de banda amiga dos brasileiros. Aquela amiga divertida e companheira dos tempos de adolescência, que, mesmo não tendo muito a ver com você atualmente, é garantia de sorrisos de orelha a orelha e de momentos de pura descontração a cada reencontro.
Foi mais ou menos esse sentimento que o grupo do vocalista Anthony Kiedis trouxe ao publico do festival, em um show que lotou o Parque Olímpico e rendeu explosões de alegria e também algumas reclamações de quem esperava um mero "best of" ao vivo. Nenhuma amizade é o tempo todo perfeita, afinal.
União com cara de Pará
O show Pará Pop reuniu diversos nomes importantes da música paraense, como as cantoras Dona Onete e Fafá de Belém, o guitarrista Lucas Estrela, o cantor Jaloo, além de Gaby Amarantos, que protestou contra os padrões de beleza ao anunciar seu primeiro show sem vestir meia-calça. "Pra todas as mulheres serem livres. Hoje aqui no Rock in Rio, é a primeira vez que subo no palco sem meia-calça. Porque eu amo meu corpo do jeito que ele é e eu queria passar essa mensagem para todas as mulheres que ainda são presas nessa porra desse padrão que querem colocar na gente. Vamos tirar salto, meia-calça, vamos tirar tudo, todas as amarras", declarou a cantora, antes de apresentar Rapariga Cascavel, sua versão para Psycho Killer, do The Talking Heads.
Também teve casamento!
Fãs de Panic! At The Disco, o casal de São Paulo escolheu o dia em que os americanos se apresentam no Rock in Rio para oficializar a união. A noiva, de vestido preto e tênis cor-de-rosa, e o noivo de cartola e fraque pareciam ter saído diretamente de um clipe da banda. "Ela perguntou o que eu achava [do vestido preto], e eu disse 'só vai'. Eu que devia casar de branco", contou o noivo, momentos antes de se casar.
E Nile Rodgers comandou um bailão
Guitarrista e produtor que trabalhou com nomes como David Bowie, Lady Gaga e Madonna, Nile Rodgers fez na noite de hoje um show dançante no palco Mundo do Rock in Rio, com diversos hits em conjunto com a banda Chic. Conseguiu, assim, levantar a plateia com R&B, Disco e Soul Music, numa apresentação digna de bailes de formatura, que terminou com fãs dançando no palco.
Um recorde: Nelson Sargento
Uma entidade do samba bateu hoje o recorde de artista mais velho a se apresentar no Rock in Rio. Convidado do show Roda de Samba A Festa da Raça, Nelson Sargento, 95 anos, subiu ao palco e, sentado, cantou quatro clássicos: Agoniza mas Não Morre, Disfarça e Chora, Falso Amor Sincero e O Sol Nascerá. Grande tributo ao gênero, com homenagens a vários compositores, o show contou com um Nelson animado, chamando a plateia ao lado do violonista Paulão Sete Cordas, vestido a caráter de verde e rosa e um discreto cachecol. No último número, de Cartola, o público que de início não percebeu de quem se tratava correu em direção ao palco lotando o local.
Panic! E um clássico do Queen
O Panic! at the Disco emocionou e levantou a plateia do Rock in Rio com uma performance do clássico Bohemian Rhapsody, da banda Queen. O vocalista Brendon Urie cantou a música ao piano, como Freddie Mercury na primeira edição do festival, em 1985. Brendon, único integrante da formação original, entrou no palco vestindo um terno dourado e agitando a plateia com seus tradicionais agudos. A apresentação começou com músicas mais recentes, como "(Fuck A) Silver Lining" , "Hey Look Ma, I Made It", mas o setlist ainda incluiu sucessos da banda como "I Write Sins Not Tragedies", "Nine in the Afternoon", "This Is Gospel" e "High Hopes".
E lembra do Chicão?
Após 18 anos de sua "estreia" no Rock in Rio, Chico Chico, filho de Cássia Eller, voltou ao festival. O músico tinha 8 anos quando subiu ao palco em 2001 e tocou com a mãe e a percussionista LAN LAN o hit do Nirvana Smells Like Teen Spirit. Hoje, quarta noite do festival, ele tocou com a banda Meu Nome Não é Cláudio, no espaço Ford.
Discurso contra armas
O último show de hoje no palco Sunset do Rock in Rio misturou a cultura de rua e a música erudita em apresentação do Hip Hop Hurricane que reuniu nomes importantes do hip hop como Baco Exu do Blues, Rael, Rincon Sapiência e o português Agir, com direito a discurso contra as armas e novos protestos do público contra o presidente Jair Bolsonaro.
A apresentação levantou o público já no início, com as músicas Meu Bloco e Nada, e foi um misto de vertentes no estilo hip hop, com músicas como Te Amo Desgraça, de Baco Exu do Blues, e Mundo Manicongo, de Rincon Sapiência, como pontos altos.
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