Reinventado, Bon Jovi mostra que não virou 'tiozão' do rock em show em SP
Resumo da notícia
- Grupo liderado por Jon Bon Jovi fez show em São Paulo
- Bon Jovi também será atração no Rio in Rio
- Longe do "rock geriátrico", banda mostrou boa forma e muitos hits
Quem assistiu no palco do Allianz Parque, em São Paulo, o vocalista Jon Bon Jovi, 56, cantando as notas altas e entoando junto às 45 mil pessoas o hino Livin' On a Prayer --após mais de duas horas de apresentação-- pode não imaginar o que ele passou nos últimos anos pra manter seu posto de ídolo do rock.
Jon, líder da banda desde 1983, poderia ter se transformado no típico roqueiro decadente: cabelo com mega hair acaju, roupas bufantes e piadas de "tiozão" do naipe "pavê ou pá comê?". Mas não. Jon cortou os cabelos, aceitou os fios brancos, ficou ainda mais discreto e optou por um guarda-roupa básico, priorizando sempre a cor preta.
Há seis anos, o vocalista peitou os fãs e escorraçou da banda alguém que emulava parte da decadência que a banda poderia enfrentar: o guitarrista e parceiro Richie Sambora. O Bon Jovi lançou um disco considerado honesto por crítica e público (This House is Not For Sale, de 2016). E antes, passou por um dos piores momentos, aqui mesmo, no Brasil.
No Rock in Rio de 2013, Jon havia perdido Richie. Pra piorar, o baterista Tico Torres foi vítima de uma apendicite, que o impossibilitou de vir ao país. A banda era uma colcha de retalho. A energia não existia. O show foi tão ruim, que quando voltou ao país, em 2017, Jon se desculpou pela apresentação lamentável.
Um sorriso que vale ouro
Um "fast foward" do tempo nos leva à apresentação de ontem, que precede o festival Rock in Rio. A banda, que tem da sua formação original, além de Jon, o tecladista David Bryan e o baterista Tico Torres, está ainda mais entrosada com Phil X, ótimo e carismático guitarrista que teve a árdua tarefa de substituir o insubstituível Richie Sambora —os fãs chegaram a brincar, pedindo uma intervenção da ONU para o ex-parceiro da banda voltar.
A apresentação que começou com This House is Not for Sale, trouxe um repertório com canções pinçadas desde o primeiro álbum homônimo, de 1984. Runaway exigiu de Jon técnica e fôlego. O vocalista abaixou o tom das músicas há alguns anos para que pudesse enfrentar os palcos com um registro vocal adequado.
Foi assim durante as mais de duas horas de apresentação. Jon parecia fazer muita força para se manter afinado. Mas a cada sorriso, o estádio vinha abaixo. O telão de 4K ajudava a criar um ambiente ainda mais quente.
O público, na faixa dos 40 anos, tirava muitas selfies. O melhor momento vocal do show foi sem Jon como protagonista. David Bryan, pianista clássico e tecladista respeitado no meio, cantou com perfeição In These Arms, do álbum Keep the Faith (1992).
Sem grandes surpresas, Blood On Blood, do clássico New Jersey (1988) substituiu Always, queridinha dos fãs que se decepcionaram pela ausência da balada. Jon ainda mostrou seu lado político e engajado com a canção We Don't Run.
O cantor mantém um restaurante para pessoas carentes e está sempre do lado dos democratas nas eleições americanas. Assim, provou que envelhecer também exige escolhas apropriadas.
O Bon Jovi provou que ainda permanece fora do chamado "rock geriátrico". Tratando o Bon Jovi sempre como uma empresa, Jon consegue ainda se reinventar neste meio de tantos clichês e armadilhas.
Goo Goo Dolls
Antes do Bon Jovi, o Goo Goo Dolls tentou provar que vai além do sucesso Iris, do filme Cidade dos Anjos, de 1998. Um dos nomes de destaque do pós-grunge, os americanos voltaram ao anonimato nesta década e devem ter visto nos shows do Brasil uma chance de garantir uma melhor aposentadoria.
As músicas do grupo ficaram datadas. Mesmos as do ótimo álbum Dizzy Up the Girl, de 1998, não conseguiram levantar o público, que esperou por uma hora Iris, que fechou o show. Animado, apenas o baixista Robby Takac. A banda agradeceu o Bon Jovi pela oportunidade e saiu do palco sem deixar saudades. Que venha o Rock in Rio.
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