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"Não vai ter censura": manifestantes fazem ato contra Crivella na Bienal do Rio

Lola Ferreira

Colaboração para UOL

07/09/2019 20h59

"Onde houver ódio que eu leve amor", foi com esta frase que centenas de participantes andaram pelos três pavilhões da Bienal do Livro do Rio na noite deste sábado (7) por volta das 20h30. Crianças, adolescentes e também casais LGBT+ saíram da mesa "Literatura arco-íris" em direção à sala administrativa onde a Secretaria Municipal de Ordem Pública estava reunida com a direção do evento.

Durante o ato, houve um jogral afirmando que "a Constituição assegura todo o direito à liberdade de pensamento e de expressão". Aos gritos de "Fora, Crivella", alguns manifestantes choraram.

Pedro, estudante de um colégio municipal da Cidade de Deus, favela mais próxima à Bienal do Rio - Marcelo de Jesus/UOL - Marcelo de Jesus/UOL
Imagem: Marcelo de Jesus/UOL

O estudante Pedro, de uma escola municipal da Cidade de Deus, favela mais próxima à Bienal do Rio desfilou no protesto com um cartaz pedindo gás de cozinha na sua escola. De acordo com a mãe do menino, a unidade escolar não consegue servir merenda aos estudantes que estão "passando fome": "Isso sim é competência do município", disse a mãe de Pedro.

Na noite deste sábado (7) nova fiscalização na Bienal do Livro em busca de obras LGBT+ que não estejam "protegidas" para crianças e adolescentes. Diferentemente da fiscalização de sexta (6), hoje os agentes estão à paisana. A recomendação foi feita pela organização da Bienal, para evitar que houvesse alguma reação do público à ação ostensiva.

Sob argumento do artigo 78 do ECA, que pretende barrar pornografia, a decisão de fiscalizar as obras expostas na Bienal vem na esteira de eventos que teve início na quinta-feira (7), quando o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que o história em quadrinhos "Vingadores: a cruzada das crianças" era um atentado contra as crianças por conter um beijo gay. O livro não tem nenhuma cena pornográfica.

Ainda assim, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro permitiu que a Prefeitura do Rio fiscalizasse todas as obras expostas na feira de livros em busca de obras LGBT+.

Neste sábado, a Bienal bateu recorde de público em um único dia: foram cerca de 70 mil pessoas.