Cavaleiros do Zodíaco: Shun mulher é o que queremos levar para a nova geração, diz produtor
O remake de Os Cavaleiros do Zodíaco, sucesso no Brasil nos anos 90 que a Netflix estreia hoje, gera polêmica e debates acalorados desde o anúncio da produção. A principal reclamação de parte dos fãs é pela mudança de gênero de Shun, cavaleiro de Andrômeda, que na nova versão é uma mulher: Shaun.
Ter uma protagonista mulher gerou discussões dentro e fora da Toei Animation, produtora do anime. A empresa responsável por Cavaleiros (Saint Seiya é o título original) recebeu o UOL e outros jornalistas em seu escritório, em Tóquio (Japão) e contou como a decisão da mudança de gênero de Shun foi tomada.

"Quando lançamos o teaser tivemos uma grande reação [negativa] de muitos fãs. E o que posso dizer é que [antes de tomar a decisão] fizemos múltiplas discussões aqui dentro. Essa questão [da busca de maior representatividade feminina] vem acontecendo há décadas. Consideramos todos os cenários, inclusive como os fãs de Shun reagiriam. Ouvimos os dubladores, os distribuidores no mundo todo. E depois de todas essas conversas, não terminamos com uma só resposta. Trouxemos então a questão aos artistas, roteiristas e licenciadores e a Toei teve que tomar a decisão de fazer a mudança", afirmou o produtor Yoshi Ikezawa.
"Não se trata de quantos votos foram a favor e quantos votaram contra [a mudança de gênero do personagem]. Mas se trata de o que queremos levar para essa nova geração. Não queremos ofender o público [do desenho original], mas esse é um passo que nós decidimos dar. Claro que a resposta não foi das melhores", complementou o executivo da Toei.
Mesmo transformando Shun em Shaun, a personagem continuará sendo irmã caçula de Ikki, cavaleiro de Fênix e vilão no início do anime. "A dinâmica entre Shaun e Ikki não muda. Continua a ser uma relação de irmãos que se amam. Cavaleiros sempre foi sobre laços de amizade e de família. Só estamos olhando isso sob ângulos diferentes", disse o diretor Yoshiharu Ashino.

Desenho vs. computação gráfica
Outra queixa frequente do público, a computação gráfica com efeitos em 3D voltará ao universo de Os Cavaleiros do Zodíaco. Para os fãs das antigas, que no Brasil conheceram o desenho animado exibido pela Manchete, o traço dos personagens é imutável, assinado pela equipe de Shingo Araki, morto em 2011.
A nova roupagem de Saint Seiya, embora desagrade a geração mais velha, atingirá mais pessoas, na avaliação da equipe da Toei Animation.
"Acho que o estilo japonês da animação original limita o alcance do público. O CGI é uma nova forma de expressão e está aos poucos substituindo o desenho --e a Toei sempre foi avançada nisso, nessa busca pelo fotorrealismo", contou o produtor Yoshi Ikezawa.
"O 3D traz uma ambientação diferente. Em animação tradicional, você tem poucos frames por segundo, fica limitado. Com o 3D, você pode fazer até 24 frames por segundo. Você tem um acabamento melhor para as armaduras e também para o 'lip syncing', com mais frames para articular a boca quando o personagem fala", comparou Yoshiharu Ashino.
Remake para agradar o Ocidente

"Não se trata de um remake qualquer. O original foi feito pensando muito no público japonês. Esta nova versão é para o mundo. Por isso demos prioridade ao inglês como primeira língua. E por isso optamos pelo CGI, que permite que a gente consiga se expressar ainda mais graças à tecnologia", falou Yoshiharu Ashino.

"Brasileiros são os primeiros"
Questionado sobre a relevância dos fãs do Brasil para os novos projetos de Cavaleiros, como o anime da Netflix, o executivo da Toei destacou que os primeiros comentários na internet sobre o anime são em português.
"Sabemos bem deles! Sempre que anunciamos qualquer novidade, mesmo que esteja escrito em japonês nas nossas redes oficiais, os fãs brasileiros são sempre os primeiros a se manifestar! Levamos em conta tudo o que vocês dizem e tentamos estar abertos às suas opiniões. Pode não entrar na história, mas prestamos atenção e tentamos levar o recado aos diretores", pontuou.
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