Como La Casa de Papel mudou a vida de atores após "premonição" de diretor
Estávamos gravando em Colmenar Viejo e, enquanto almoçávamos, Jesús se aproximou e disse: 'essa série vai mudar a vida de vocês'. Rimos. Era a primeira vez que ouvíamos aquilo.
A lembrança compartilhada pela atriz Esther Acebo, a Mónica de La Casa de Papel, é dos bastidores de um dos primeiros dias da série que se tornou o produto em língua espanhola mais visto da Netflix.
O Jesús ao qual a atriz se refere é Jesús Colmenar, um dos diretores, que - depois da "premonição" - volta a conduzir o elenco na terceira parte da série. Naquela época, enquanto gravavam na cidadezinha espanhola, a nova temporada não era nem cogitada, já que La Casa De Papel havia sido pensada para duas partes que seriam exibidas no canal de TV Antena 3. O que aconteceu depois do lançamento pegou até os mais otimistas de surpresa.
"No dia do lançamento, eu estava em um local sem sinal de celular. Quando o sinal voltou, comecei a receber tantas mensagens que ele simplesmente não aguentou e desligou sozinho", continua Esther, que teve naquele momento a noção do que o diretor havia dito aquele dia no almoço. Para ela, até então mais conhecida na Espanha como jornalista e apresentadora de programas de entretenimento, a carreira de atriz tomou outra proporção.
Na terceira parte de La Casa de Papel, Mónica está do lado dos bandidos e já usa seu apelido, Estocolmo. Seu parceiro, Denver, vivido por Jaime Lorente, também viu a vida mudar bastante depois do fenômeno mundial que a série se transformou.
"Tudo mudou! Minha vida e acredito que a dos meus colegas também teve um giro de 180º. Profissionalmente, a série me deu muito mais visibilidade e mais acesso a tudo por causa da fama que ganhei", conta o ator de 27 anos, que engatou um papel em outro fenômeno da Netflix, Elite, após o sucesso de La Casa de Papel.
A conta no Instagram é um bom termômetro de popularidade. Jaime passou de 200 e poucos seguidores para 5,5 milhões. "Sair nas ruas já não é mais a mesma coisa, pois sou reconhecido. E ainda sinto que isso aconteceu da noite para o dia. Mas tudo isso tem sido um presente. Mesmo com as dificuldades de lidar com a fama, sempre tento ver o lado bom", afirma o ator, mais tímido perto dos jornalistas comparado aos colegas. O namoro com a atriz María Pedraza, a Alison Parker na série, é assunto proibido.
Orçamento triplicado
A presença do UOL e de representantes de mídia de pelo menos dez países em um estúdio de 1.200 m² em Madri, apenas um dos espaços onde a terceira parte foi gravada, dão mais um tom para a grandiosidade da série. A Netflix, que comprou os direitos de exibição das primeiras partes e as distribuiu pelo mundo, convidou os criadores para uma terceira e assumiu o título. O número três volta a se repetir no orçamento, triplicado para os oito novos episódios.
As histórias também se repetem, independentemente do país. Na Turquia, Pedro Alonso, o Berlim, não conseguia andar pelas ruas sem ser reconhecido e parado por fãs de La Casa de Papel. Detalhe: ele estava no país para divulgar outro trabalho.
Miguel Herrán, que interpreta o Rio, diz que ao mesmo tempo em que tem curiosidade, teme vir ao Brasil depois do que passou em Bogotá, na Colômbia, com fãs tão apaixonados que praticamente o atacaram. Junto com Jaime, ele também garantiu um papel em Elite e se dividiu entre as gravações da terceira parte de La Casa de Papel e a segunda temporada da série adolescente.
Em um vídeo compartilhado por Álvaro Morte, o Professor, o ator surge cercado de fãs italianos ao lado de Pedro Alonso e de toda a equipe da série depois de gravações em Florença para a nova temporada. Na Arábia Saudita, o burburinho fez com que as pessoas encontrassem formas alternativas de baixar a série espanhola antes mesmo de a Netflix disponibilizar La Casa de Papel no catálogo do país.
Made in Espanha
Jesús Colmenar, o diretor que previu o sucesso sem precedentes, hoje se orgulha de levar a cultura espanhola para tantos cantos do mundo. "Sem nenhuma pretensão acabamos globalizando a cultura espanhola. Estamos exportando, sendo que sempre importamos culturas. E a exportamos da forma como ela é", reflete.
"Os personagens contribuem com sua riqueza cultural, com seus próprios sotaques, é tudo muito genuíno, verdadeiro, e é por isso que fizemos sucesso", acredita, lembrando que o elenco traz gente de todas as partes da Espanha e até mesmo de fora, como o sérvio Darko Peric, que também volta na parte 3 como Helsinki.
Outra adição da nova temporada é o argentino Rodrigo de La Serna, o Palermo. O ator diz entender a nova vida dos colegas por ser bastante conhecido em seu país natal, mas comemora o anonimato que ainda goza na Espanha. "Ainda posso pegar o metrô tranquilamente e isso é ótimo. Mas tenho noção do tamanho dessa série e o que pode acontecer. Vou esperar para ver."
*A jornalista viajou a convite da Netflix
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