Kings of Leon faz seu conhecido show "arroz com feijão" no Lollapalooza Brasil
Depois de muita chuva, evacuação e ameaças de cancelamento do Lollapalooza Brasil 2019, o Kings of Leon encerrou os shows de hoje do palco principal do festival mandando seu conhecido "rock arroz com feijão".
Em vez de focar o repertório no último disco, "Walls" (2016), que dividiu a opinião de crítica e fãs, a banda preferiu jogar a bola de segurança: hits de seu álbum mais vendido e famoso, "Only by the Night", e sucessos da década passada.
Resultado: o Lolla não pegou fogo enquanto esperava a garoa parar de cair, como muitos previam, mas os fãs não tiveram do que reclamar. Foi um show técnico, visualmente belo e sem erros, como de costume.
Cênica
O palco da atual turnê do Kings of Leon é um show à parte. Imagens e intervenções nos três telões exploram e complementam o conceito das músicas. Destaque para as múltiplas televisões em "Crawl", as cores animadas de "Molly's Chambers" e os espelhos de "Supersoaker" e a bruma florida de "Closer". Foi um dos visuais mais bonitos mostrados no festival.
Líder blasé
Caleb Followill, líder da banda, não é um frontman dos mais dinâmicos ou falantes. Ele mantém o ar blasé e se mexe pouco no palco. Está longe da imagem de guitar hero. O vocalista não reagiu aos gritos de "lindo" e limitou a poucas palavras sua interação com o público. Até no visual o músico é discreto. Apresentou-se num dos festivais mais importantes do mundo de regata cor goiaba, como se estivesse num fim semana de curtição com amigos na América do Sul. Bingo!
Antídoto contra o mormaço
Se em alguns momentos a apresentação seguiu morna, sem despertar acenos e gritos --muitos preferiam conferir o celular durante as faixas menos conhecidas--, o Kings teve um às na manga para cativar a plateia, o sucesso "Sex on Fire". Bastaram os primeiros acordes para a emoção tomar conta de milhares de pessoas, que entoaram o refrão lascivo com palmas e gritos, como se não houvesse amanhã. Provavelmente, a faixa nunca sairá do repertório da banda, assim como "Use Somebody", que ajudou a encerrar os trabalhos com energia lá em cima.
O público
Quem assistiu ao show foi, basicamente, "jovens maduros" que curtiram o indie rock dos anos 2000 e preferem sempre uma boa melodia, emoldurada por um bom riff, aos batidões do pop e hip-hop atuais. Quem tinha menos idade, tinha outro programa, bem mais urgente: assistir ao show do DJ e produtor Steve Aoki no palco de música eletrônica do Lolla, que acontecia no mesmo horário.
Voltam ou não voltam?
Um show em um grande festival nem sempre é capaz de capturar a aura de uma banda, o que sempre levanta a dúvida: quando será o próximo show do Kings of Leon no país, para um público menor, mais específico e habituado às suas músicas? Followill não sabe, mas deu a dica. "Temos esperança de voltar. Vejo vocês em breve."
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