"After Life": Série de Ricky Gervais fala de depressão e luto com bom (e mau) humor
"After Life", que ganhou o questionável complemento em português "Vocês Vão Ter de Me Engolir" na Netflix, é escrita, dirigida e protagonizada por Ricky Gervais, um dos comediantes de maior sucesso do Reino Unido. O humorista, que ficou famoso por criar a série "The Office" (e mais tarde ganharia uma versão americana com Steve Carell), abraça profundamente o mau humor rabugento que lhe é característico, mas coloca em debate temas densos e profundos, como luto, dependência química, depressão e suicídio.
Na série, Ricky vive Tony, um jornalista que lida com a morte de sua mulher, Lisa, vítima de câncer. Depressivo, ele se deixa invadir por um sentimento persistente e niilista. Fechado e cético com qualquer possibilidade de melhora em sua vida, ele se torna um personagem impulsivo que despeja sua raiva na sociedade através de comentários maldosos, sarcásticos e com muito mau humor, traços fundamentais do tipo de humor rabugento e debochado que Ricky construiu ao longo de seus anos como comediante de stand-up ou como polêmico anfitrião do Globo de Ouro.
Mas as pílulas de humor formam uma fina camada ao longo dos seis episódios de "After Life". A ironia dos comentários do ranzinza Tony satisfaz quem procurou na série um alívio cômico. Mas rapidamente somos envolvidos pelas questões que colocam Tony na iminência de tirar sua própria vida. A perda da mulher, a inércia do trabalho, a doença do pai, a dependência do amigo são questões que surgem diversas vezes na primeira temporada.
Os capítulos de "After Life" são curtos e certeiros (o maior tem 31 minutos) e deixam sempre aquela sensação agridoce, algo recorrente de humoristas que gostam de misturar comédia com drama. Fãs de "Curb Your Enthusiasm" e "Louie" encontrarão na série de Ricky Gervais um lugar engraçado e incômodo ao mesmo tempo.
Ricky convence como personagem dramático, principalmente porque os traços de seu personagem são similares ao seu típico humor ácido. Mas para esta jornada, o humorista se escorou em um elenco de personagens ricos em características marcantes que ajudam a construir sua narrativa, como o usuário de drogas Julian, a amiga Anne e a própria Lisa, sua mulher que aparece frequentemente em vídeos, ou as aparições cômicas e rápidas do carteiro.
"É o mais longe, mais dramático, sombrio e intransigente que já fui", disse Ricky ao site da NME. "Algumas pessoas vão amar, outras odiar, mas a maioria nem saberá que existe".
Em entrevista ao DigitalSpy, o humorista afirmou ter a intenção de fazer uma segunda temporada porque "se apaixonou pelos personagens". "Eu tenho uma ideia de onde poderia ir. A segunda é sempre melhor porque você já conhece os atores na hora de escrever".
Em casos onde não há continuação, os títulos geralmente ficam sob a categoria de "minisséries", e esse não é o caso. Dito isso, há boas possibilidades da história seguir na Netflix em uma nova temporada e a jornada de Tony sem Lisa ganhar novos capítulos.
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