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"É uma lição de moral", diz Ben Affleck sobre "Operação Fronteira", da Netflix

Ben Affleck e Oscar Isaac falam sobre "Operação Fronteira"

UOL Entretenimento

Fernanda Ezabella

Colaboração para o UOL, em Nova York

13/03/2019 04h00

Em "Operação Fronteira", filme que chega à Netflix hoje, americanos veteranos de guerra decidem entrar ilegalmente num país da América do Sul para derrubar um poderoso traficante de drogas e, de quebra, roubar todo seu dinheiro. O bando de cinco mercenários é liderado pelo personagem de Oscar Isaac, Santiago 'Pope' Garcia, que ficou anos tentando capturar o bandido pelos meios oficiais e agora quer fazê-lo por conta própria, já que a polícia local é corrupta demais. 

Até que o plano desanda e eles vão parar na Cordilheira dos Andes com algumas dezenas de malas de dinheiro. Ben Affleck vive Tom 'Redfly' Davis, um ex-militar relutante com a ideia, mas acaba transformado pela ganância. Completam o grupo Charlie Hunnam, Garrett Hedlund e Pedro Pascal.

"Você precisa ficar ajustando o que acha de cada personagem de acordo com as escolhas que eles fazem", disse Affleck ao UOL. "Você torce para que eles façam a coisa certa, mas depois percebe que a missão não é tão ética assim. São personagens complicados."

Ben Affleck em cena de "Operação Fronteira" - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Qualquer similaridade com invasões americanas em outros países não é mera coincidência, e o momento é ainda mais especial por conta da Venezuela. Os EUA estão acompanhando de perto o imbróglio entre o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó e o ditador Nicolás Maduro. 

"O filme é uma lição moral sobre as consequências não intencionais, mesmo que pelas razões mais nobres", disse Affleck sobre a situação atual na região. "É impossível entender todas ramificações do que acontece quando você interfere militarmente em outro país. Potencialmente é algo catastrófico, certamente pessoas morrem e sofrem. A agenda de um país é imposta a outro."

Assista ao trailer de "Operação Fronteira"

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Para Isaac, que nasceu na Guatemala, há muitas vozes no governo americano com objetivos distintos. "Vejo muitos políticos usando [a Venezuela] como uma forma de manipulação, em vez de realmente se importar com o que está acontecendo lá de fato", disse. 

Em inglês, o nome original do longa significa "tríplice fronteira", região conhecida por reunir as fronteiras do Brasil, Paraguai e Argentina, embora existam várias outras fronteiras tríplices na América do Sul, menos famosas.

O filme só mostra uma placa do Brasil, quando os americanos cruzam uma floresta para chegar à mansão isolada e ultra-protegida do traficante, e o espectador fica sem saber ao certo em que país entraram ou por qual tentam sair. 

O diretor J.C. Chandor ("O Ano Mais Violento", 2014) explica que queria que a história fosse mais universal, por isso deixa tudo no ar. "Sei que é um pouco complicado para o público na América Latina e espero que eles entendam", disse. "A situação socioeconômica e política muda tanto na região que senti que não seria justo ou que não teria necessidade de ser específico."

Adria Arjona e Oscar Isaac em "Operação Fronteira" - Divulgação - Divulgação
Adria Arjona e Oscar Isaac em "Operação Fronteira"
Imagem: Divulgação

As filmagens de "Operação Fronteira" aconteceram nas florestas úmidas da ilha Oahu, no Havaí, e nas altas montanhas geladas de Mammoth, na Califórnia. As cenas de ação que abrem o filme foram rodadas numa comunidade da capital colombiana Bogotá. 

Os atores contaram que havia tantos cães vira-latas na região que a equipe do filme montou uma clínica veterinária para vacinar e alimentar cerca de 75 animais. 

"Foi interessante ver a equipe americana se adaptando à Colômbia, vendo que Bogotá é uma cidade segura e que Pablo Escobar não tem mais nenhuma influência", disse a atriz Adria Arjona, que faz a mocinha local que ajuda e é salva pelos gringos. "Foi muito legal o que fizeram com os cachorros. Acho que o diretor até adotou um."