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"Bohemian Rhapsody" chegará à China sem cenas gays e de consumo de drogas

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

27/02/2019 14h32

Após a TV local censurar a palavra "gay" no discurso do ator Rami Malek no Oscar, a China lançará o filme "Bohemian Rhapsody" sem as cenas homossexuais de Freddie Mercury nem as que fazem referência ao uso de drogas, publicou a revista "The Hollywood Reporter".

Segundo o site da publicação, cerca de um minuto do longa será removido na versão que chegará aos cinemas do país, provavelmente em meados de março.

Sucesso global de bilheteria e longa mais premiado no Oscar, o filme será lançado de forma limitada na China, via National Alliance of Arthouse Cinemas (NAAC), uma iniciativa público-privada dirigida pela China Film Archive e apoiada pelo Estado e por um consórcio de exibidores. No entanto, se a bilheteria for alta, o longa pode ser lançado em mais salas.

Governada pelo Partido Comunista, a China não tem uma política clara sobre cenas gays e de consumo de drogas nos meios de comunicação, mas costuma removê-las sem sobreaviso. Dirigido pelo chinês Ang Lee, o sucesso "Brokeback Mountain" (2005), por exemplo, não foi lançado comercialmente no país.

Bohemian Rhapsody - Divulgação - Divulgação
Rami Malek em cena de "Bohemian Rhapsody"
Imagem: Divulgação

De acordo com a "The Hollywood Reporter", conteúdos homossexuais não são expressamente proibidos nos cinemas, mas não podem ser exibidos na TV chinesa e, desde 2017, nem em serviços de streaming.

Nesta semana, autoridades chinesas foram acusadas de censura pela comunidade internacional por não fazer referência à palavra "gay" durante o discurso de Rami Malek no Oscar, após após ele receber a estatueta de melhor ator pelo papel de Freddie Mercury.

Nas legendas da transmissão, o termo "homem gay" foi substituído por "grupo especial". "Fizemos um filme sobre um homem gay, um imigrante, que viveu sua vida apenas sem pedir desculpas", disse o ator na cerimônia.