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"Roma" pode confirmar fama de "queridinhos" de diretores mexicanos no Oscar

Alfonso Cuarón com o Oscar de melhor direção por "Gravidade" - Joe KLAMAR / AFP
Alfonso Cuarón com o Oscar de melhor direção por "Gravidade" Imagem: Joe KLAMAR / AFP

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

24/02/2019 04h00

Nos últimos cinco anos, o Oscar de melhor direção ficou com um mexicano em quatro oportunidades. E a série tem tudo para seguir em 2019, já que Alfonso Cuarón é o favorito a levar amanhã a estatueta para casa por seu trabalho em "Roma".

O próprio Cuarón foi o primeiro desta série, com o Oscar em 2014 com "Gravidade". Nos dois anos seguintes, veio o bicampeonato de Alejandro G. Iñárritu, com "Birdman" e "O Regresso". O Oscar de 2017 marcou uma quebra na série, com Damien Chazelle sendo premiado por "La La Land". E Guillermo Del Toro foi eleito melhor diretor na cerimônia do ano passado, por "A Forma da Água". 

Mas por que os latinos viraram os queridinhos da Academia? A resposta, curiosamente, vem com Cuarón voltando ao páreo, indicado por "Roma", feito pela Netflix. O filme conquistou público e crítica com seu relato inspirado na infância do cineasta, mostrando de forma emotiva a realidade da vida de uma empregada doméstica no México, nos anos 1970. O longa, em preto e branco, acaba sendo um testemunho das desigualdades sociais e raciais na América Latina.

Veja o trailer de Roma

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A trilha do sucesso

Cuarón, Del Toro e Iñárritu já tinham uma jornada de sucesso ou de flerte com o Oscar, sendo indicados por filmes anteriores aos de suas vitórias.

Cuaron  - Lucy Nicholson/Reuters - Lucy Nicholson/Reuters
Cuarón venceu com "Gravidade"
Imagem: Lucy Nicholson/Reuters

Cuarón

O mexicano de 57 anos apareceu pela primeira vez para o grande público com "A Princesinha", de 1995. Mas ele ganhou fama mesmo por trabalhar em "E Sua Mãe Também" (que rendeu sua primeira indicação ao Oscar, por roteiro) e no blockbuster "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban".

"Filhos da Esperança", de 2006, chegou a concorrer a três prêmios no Oscar, de melhor fotografia, roteiro adaptado e edição, mostrando o talento de Cuarón. Mas o diretor só seria premiado com "Gravidade", de 2013. Além do Oscar de direção, ele também levou para casa a estatueta de edição.

Cuarón ganhou respeito e a liberdade de fazer um filme como "Roma", que passa longe do comum com sua escolha pelo preto e branco e por ter um toque tão pessoal de seu diretor.

Iñárritu - REUTERS - REUTERS
Iñárritu com Leonardo Di Caprio
Imagem: REUTERS

Iñárritu

O mexicano de 55 anos foi beliscando indicações ao Oscar desde 2000, quando "Amores Brutos" concorreu ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Ele conseguiu uma indicação de melhor diretor por "Babel", na cerimônia de 2007. 

Foi com as premiações de 2015 e 2016 que ele chegou ao ápice, com as vitórias de "Birdman" e "O Regresso", sendo a primeira pessoa desde Joseph L. Mankiewicz, em 1950, a ganhar dois Oscars de melhor direção consecutivamente. Seu sucesso foi à base de filmes com riqueza visual ímpar, combinado a roteiros arrojados e uma habilidade de tirar o máximo do elenco - algumas vezes com custo físico aos atores e atrizes.

Del Toro - Noel West/The New York Times - Noel West/The New York Times
Del Toro com suas estatuetas
Imagem: Noel West/The New York Times

Del Toro

O também mexicano Guillermo Del Toro, hoje com 54 anos, é o mais recente vencedor do Oscar de melhor direção, com "A Forma Da Água" --um reconhecimento que demorou a chegar, já que ele já havia se destacado com "O Labirinto do Fauno", de 2006.

A trajetória de Del Toro, entre a direção de filmes fantasiosos, incluindo seu trabalho com "Hellboy", e a função de produtor em projetos como a série de filmes de "O Hobbit", fizeram com que ele só voltasse a ver seu nome com grandes chances de brilhar junto à Academia com "A Forma da Água", filme de monstro que se mostra único por suas alegorias, seus elementos de diversidade e pela cenografia.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado anteriormente, o Oscar de Alfonso Cuarón por "Gravidade" foi em 2014, e não em 2013. O erro foi corrigido.
Ao contrário do informado anteriormente, Damien Chazelle ganhou o Oscar em 2017 e não em 2016. A informação foi corrigida no texto.