Debochado, "Sai de Baixo - O Filme" dribla o politicamente correto e segue atual
"Sai de Baixo - O Filme" é tudo aquilo que os fãs poderiam esperar. A comédia em nada fica devendo a uma das séries de TV mais queridas do brasileiro, que chegou ao fim há 17 anos e continua sendo reprisada pela Globo.
A aura do programa e a química dos personagens falam mais alto nessa adaptação para o cinema, dirigida por Cris D'Amato e produzida por Daniel Filho. Se você não acompanhou "Sai de Baixo", no entanto, é preciso certa paciência para o humor pastelão.
Na trama, a família continua com os mesmíssimos --e gravíssimos-- problemas financeiros do passado. Ajudado por um figurão, Caco Antibes (Miguel Falabella) sai da cadeia, e, após perder o apartamento do Largo do Arouche, em São Paulo, a família tem de recorrer a uma nova trambicagem: transportar para fora do país US$ 100 milhões em pedras preciosas, dinheiro sujo desviado por um político em uma obra pública. Desse total, 5% ficará com eles.
O que se vê na sequência é um delicioso road movie baseado em "gags" ao estilo "Débi e Loide". Ou seja, esqueça o politicamente correto. Bígamo, Ribamar (Tom Cavalcante) chama uma mulher na rua de "gostosa", enquanto Caco vai destilando ódio contra idosos e todo tipo de pobre. Sobra para a manicure negra Cibalena (Cacau Protásio), rotulada de "aborígene" pelo "príncipe dinamarquês".
É ofensivo? Muito. Mas estamos de falando de "Sai de Baixo", onde reina o escracho e o improviso. Falabella beija Aracy Balabanian (a Cassandra) na boca e brinca com a exigência real da atriz de filmar por apenas três dias. As condições precárias do cinema nacional viram chiste, e em várias ocasiões os atores estão segurando o riso. A sensação é a de que assistimos a um episódio clássico estendido e editado em formato de especial.
O que há de diferente, então?
Além dos novos personagens, incluindo a tia de Ribamar, Jaula, também interpretada por Tom Cavalcante, e os irmãos vilões Angelina e Banqueta (ambos vividos por Lúcio Mauro Filho), sutilezas indicam que o tempo passou. Magda (Marisa Orth), por exemplo, é a burra que se assume "empoleirada". Mas é ela, contra todas as possibilidades, quem acaba tendo a sacada mais importante da aventura.
O tempero dos novos tempos vai pouco além disso. Todos continuam querendo passar a perna em todos, não importa o grau de parentesco envolvido. Uma das melhores piadas do filme acontece quando o filho de Caco, o Caquinho (Rafael Canedo), é preso em flagrante e, por causa disso, enche o pai de orgulho.
"Sai de Baixo - O Filme" funciona como um grito de realidade sobre a índole do brasileiro. E é um exemplo de como a cultura de um povo não se muda de uma hora para outra. Todos os personagens permanecem extremamente atuais.
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